Mais uma semana muito, mais muito movimentada na cena política. Teve mudança na presidência da Petrobras, aborto voltando ao centro do debate eleitoral, Lula (PT) formalizando a aliança com Geraldo Alckmin (PSB), Jair Bolsonaro (PL) melhorando bastante nas pesquisas, partidos da terceira via tentando uma última manobra para lançamento de candidato único e mais uma CPI em gestação no Senado. Por fim, uma notícia muito negativa para o governo: a inflação de março veio com números que assustaram o mercado e a classe política –a maior para o mês em 28 anos.
E aí é importante colocarmos a bola no chão: os assuntos econômicos, que dizem respeito ao bolso do eleitor, vão dominar a campanha eleitoral? Normalmente, sim, o peso da economia é decisivo em qualquer disputa presidencial.
O governo tem feito um discurso otimista, sustentando que as condições gerais serão melhores no segundo semestre, sobretudo pela conjuntura global e o câmbio, o que tende a gerar inclusive uma revisão para cima da estimativa de PIB. Mas quando os preços dos alimentos e combustíveis, principalmente, vão começar a se estabilizar?
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Há indicativos de melhora nos próximos meses, mas num ritmo bastante lento. A incerteza deve permanecer até a eleição. Ainda que exista uma percepção positiva quanto à geração de empregos e um resultado inegável de medidas microeconômicas que injetam mais recursos na economia, não é um terreno seguro e confortável para Bolsonaro a pauta econômica.
E o presidente, com esse diagnóstico, tende a estimular cada vez mais a chamada “guerra ideológica” contra o PT. Exatamente por isso, Lula precisa tomar cuidado se não quiser entregar para o adversário munição nesse campo. Afinal, o líder nas pesquisas dependerá de mais apoio na classe média e do eleitor mais moderado para formar maioria contra Bolsonaro. E o esvaziamento precoce da terceira via exigirá dos dois candidatos que lideram as pesquisas algum esforço em direção a esse contingente do eleitorado – que é incapaz de viabilizar uma candidatura competitiva, mas pode decidir o jogo.
As análises completas de Fabio Zambelli, analista-chefe do JOTA, sobre a semana para o governo estão disponíveis também no perfil do JOTA no Instagram (@jotaflash) às sexta-feiras.