Infraestrutura

Por um novo olhar nas concessionárias de serviços públicos

No âmbito da infraestrutura, urge a necessidade de transformações radicais com políticas de diversidade e inclusão

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Crédito: Unsplash

“O importante não é ser o primeiro ou primeira, o importante é abrir caminhos.” A frase da escritora afro-brasileira Conceição Evaristo diz muito sobre a necessidade de mais políticas de inclusão em todas as esferas do nosso país. No âmbito da infraestrutura, essa necessidade é ainda maior e urge por transformações radicais, pois estamos falando de um universo historicamente masculino e branco.

Há uma urgência por diversidade nas concessionárias de serviços públicos. Essa constatação não é nova, nem original, mas é necessária para que possamos iniciar uma mudança. Abrir caminhos, como diz Conceição Evaristo, que tem dedicado sua obra literária a dar voz e visibilidade às experiências e vivências da população negra, especialmente das mulheres. Suas narrativas retratam as complexidades da condição negra no Brasil, evidenciando as múltiplas formas de discriminação e exclusão presentes na sociedade.

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Um outro grande artista brasileiro também nos inspira a implementar mudanças. O olhar sensível e profundo de Sebastião Salgado sobre essa condição de desigualdade transcende as fronteiras da fotografia para ser uma poderosa ferramenta de conscientização e denúncia. Seu trabalho desafia os estereótipos e preconceitos, convidando-nos a refletir sobre as complexidades e nuances da questão racial e a buscar caminhos para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.

Ao lançarmos esse olhar para o contexto da infraestrutura brasileira e o mercado de trabalho gerado pelo setor, nos deparamos com um quadro de desigualdade de oportunidades que precisa ser corrigido. As concessionárias de serviços públicos, responsáveis por áreas como energia, água, transporte e comunicação, representam importantes espaços de atuação profissional e prestação de serviços à população. No entanto, a presença de pessoas negras nesses ambientes ainda é limitada, refletindo as barreiras estruturais e culturais que persistem na sociedade brasileira.

A obra de Conceição Evaristo oferece insights valiosos para entender e enfrentar essas questões. Por meio de personagens e histórias que retratam as lutas e resistências do povo negro, a autora nos convida a refletir sobre a necessidade de ampliar as oportunidades e garantir a representatividade em todos os espaços sociais.

Além disso, Evaristo denuncia as estruturas de poder e as práticas discriminatórias que perpetuam a exclusão dos negros, instigando-nos a questionar e transformar tais realidades. Suas obras são um convite à ação, inspirando mobilizações e iniciativas em prol da igualdade e da justiça social.

Diante desse panorama, é fundamental que as concessionárias de serviços públicos adotem medidas efetivas para promover a inclusão e a diversidade em seus quadros. Isso inclui políticas de recrutamento e seleção que valorizem a pluralidade racial do nosso país, programas de capacitação e desenvolvimento profissional voltados para a população negra e a criação de um ambiente organizacional mais inclusivo e equânime.

Ao reconhecer e valorizar a diversidade racial, essas instituições não apenas irão promover a equidade de oportunidades, mas também enriquecer suas equipes com olhares diferenciados. Fortalecendo, assim, não só sua capacidade de atender às necessidades de uma sociedade plural e democrática, mas também se tornarão empresas mais competitivas, inovadoras e lucrativas.

Há muito a ser feito. Um primeiro passo precisa ser dado nessa longa trilha que se abre à nossa frente.