Nas eleições de 2022

DataSenado: Um terço dos brasileiros sofreu ofensa de estranhos por causa de política

Levantamento divulgado este mês apontou que 15% dos entrevistados disseram ter deixado de falar com familiares nas eleições

Assédio eleitoral, eleições
Urna Eletrônica Brasília-DF, 19/07/2016 / Crédito: Roberto Jayme / Ascom / TSE

Um terço dos brasileiros afirmou ter sofrido ofensa de estranhos por causa de política em 2022, segundo apontou a última edição da pesquisa “Panorama Político”, do DataSenado, divulgada este mês. De acordo com o levantamento, 33% dos entrevistados informaram terem sido ofendidos, contra 66% que responderam que não passaram por isso. (Leia a íntegra da pesquisa)

A pesquisa questionou os brasileiros sobre outros efeitos da maior polarização política no último ciclo eleitoral, também no que diz respeito à vida social e familiar. Ao todo, 17% afirmam ter deixado de falar com algum amigo ou colega por causa de política contra 83% que não tiveram esse tipo de desavença. O levantamento apontou ainda que 15% disseram ter deixado de falar com algum familiar pelo mesmo motivo, enquanto 85% responderam que não enfrentaram essa questão.

A população segue dividida quanto à superação das desavenças políticas após as eleições que apontaram Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como vencedor na disputa pela Presidência da República contra Jair Bolsonaro (PL). Segundo a pesquisa, quase metade da população (48%) pensa que as desavenças políticas serão superadas após as eleições, exatamente o mesmo percentual do que diz o contrário. No texto, os pesquisadores do DataSenado escrevem que isso indica “que as desavenças, talvez, se mostrem mais profundas e permanentes, algo a ser melhor investigado em futuras realizações da pesquisa”.

A pesquisa do DataSenado foi realizada de 8 a 26 de novembro de 2022, portanto, antes da invasão de golpistas aos prédios dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro deste ano. Foram entrevistados, por telefone, 2.007 cidadãos, de 16 anos ou mais, em amostra representativa da opinião da população brasileira.

Sobre o posicionamento político dos brasileiros, houve uma queda de 17 pontos percentuais, no número de pessoas que não se consideram de direita, esquerda ou centro, se comparado com dezembro de 2021. Por outro lado, o grupo que se posiciona à direita aumentou em 10 pontos percentuais e o que se posiciona à esquerda subiu seis pontos percentuais.

Opinião sobre armas

O DataSenado quis saber ainda a opinião dos eleitores em relação a alguns temas debatidos durante o último ciclo eleitoral. Na temática da segurança pública, 85% dos entrevistados disseram ser a favor do monitoramento de ações policiais com câmeras em seus uniformes e 13% são contra. Ainda na questão da segurança pública, 72% afirmou ser favorável à redução da maioridade penal e 24% se mostra contrária.

Outro ponto da pesquisa foi sobre a facilidade de acesso a armamentos, uma das políticas do governo de Bolsonaro – e revogadas em parte por Lula já no início do mandato. Apesar de ter havido uma queda de nove pontos percentuais no último ano, 60% dos brasileiros discordam que “facilitar a posse de armas vai aumentar a segurança no Brasil”.

“Uma possível explicação para esta mudança da série no último período pode estar relacionada ao contexto pós-eleitoral, já que 66%, dos que se posicionam politicamente à direita, concordam com a afirmação. Por outro lado, 85% dos que se posicionam à esquerda são contrários, assim como 70% dos posicionados ao centro e 71% dos que não se enquadram nessas posições políticas. Este contraste reforça o caráter controverso e a polarização política em torno deste tema”, diz a pesquisa.

Apesar disso, 60% dos eleitores concordaram que “facilitar a posse de armas aumenta a violência doméstica”, enquanto 38% discordaram.

Fake news

A propagação de fake news foi tema de grande preocupação para a Justiça Eleitoral. Um ano antes da eleição do ano passado e antes de ser empossado como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, chegou a afirmar que quem fizesse disparos em massa em 2022 seria preso.

O motivo para a preocupação pode ser explicado pelo levantamento do Senado. A maioria dos entrevistados afirmou ter tido acesso a notícias possivelmente falsas sobre política. A pergunta era se, nos últimos 6 meses, ele tiveram acesso a notícias sobre política que desconfiavam que fossem falsas. Ao todo, 76% afirmaram que sim contra 26% que disseram que não, número equivalente ao aferido em dezembro de 2021.

A democracia foi apontada como melhor forma de governo por 73% dos entrevistados e, com isso, recuperou o maior patamar alcançado em meados de 2016 (quando o percentual era de 74%). Em relação ao nível de satisfação com a democracia do Brasil, 18% dos brasileiros se declaram muito satisfeitos.