O ex-ministro e ex-juiz Sergio Moro (Podemos) provocou nesta quarta-feira (26/1) o ex-presidente Lula no Twitter. Na postagem, Moro compartilhou uma reportagem do site “O Antagonista” com a informação de que Lula disse para o PT esquecer a CPI contra Moro. O ex-juiz escreveu que “Lula arregou”, expressão que foi parar nos Trending Topics da rede social.
“Com medo das verdades incômodas que iriam surgir, Lula manda o partido desistir da CPI contra mim. Lula arregou”, escreveu o ex-juiz.
Horas antes, ele já havia publicado o link de outra notícia em que Gleisi Hofmann, presidente do PT, diz não ver necessidade da CPI: “O PT recuou da ideia de criar uma CPI contra mim. Percebeu que além de não haver justificativa legal, seria um tiro no pé, pois a CPI seria uma oportunidade de relembrar aqueles que realmente receberam suborno das empresas investigadas na Lava Jato”, disse o ex-juiz.
O PT, por sua vez, segue a linha de apontar que Moro era parcial nos julgamentos. Em março do ano passado, a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), por 3 votos a 2, declarou o ex-juiz parcial e, portanto, suspeito no processo de Lula. Independentemente deste resultado, Lula já estava elegível, pela decisão do ministro Edson Fachin que anulou as condenações do petista na Lava Jato por reconhecer a incompetência da 13ª Vara Federal de Curitiba.
O analista do JOTA em São Paulo, Fábio Zambeli, mostrou que líderes da base do presidente Jair Bolsonaro (PL) se uniram a expoentes do MDB e do PT para articular uma CPI contra o ex-juiz, tendo como base um relatório do TCU acerca da falta de transparência nos repasses recebidos por ele da consultoria Alvarez & Marsal.
O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, conversou com Arthur Lira (PP-AL) sobre o assunto, alinhando uma estratégia para desgastar Moro. A única dúvida no governo era se a instalação da CPI poderia acabar criando um palanque para o ex-juiz no enfrentamento ao ex-presidente Lula.
Os aliados de Bolsonaro acreditam que só faria sentido levar adiante a iniciativa se houvesse convicção de um relatório final explosivo e capaz de subsidiar uma eventual inelegibilidade do “herói da Lava Jato”.
Entenda o relatório do TCU
O ministro Bruno Dantas, do Tribunal de Contas da União (TCU), derrubou sigilo sobre o processo que investiga a administradora Alvarez & Marsal e o ex-juiz Sergio Moro por suspeitas de práticas ilegítimas de revolving door — quando agentes de alto escalão do Estado migram para o setor privado —, e lawfare, que seria a perseguição direcionada a investigados na Operação Lava Jato.
Com a decisão, foi exposto quanto a empresa, especializada em recuperação judicial, recebeu pelos serviços prestados como administradora judicial de todos os clientes desde 2013. No entanto, a Alvarez & Marsal (A&M) não informou quanto pagara a Moro depois que ele deixou o governo Bolsonaro e passou a prestar serviços para a empresa. Ele passou dez meses no grupo empresarial após deixar o Ministério da Justiça, em abril de 2020.
Nas contas de honorários apresentadas pela consultoria, são listadas 23 empresas em diferentes fases do processo de recuperação judicial ou falência.
No despacho em que ordenou o fim do sigilo, o ministro pediu a colaboração dos administradores e questionou a falta de apresentação dos honorários pagos ao ex-magistrado da Lava Jato: “Foram indicados apenas excerto de cláusula contratual sem qualquer fundamentação a sustentar tratamento sigiloso, assim como o termo de distrato do ex-juiz com uma das empresas que compõem o grupo Alvarez & Marsal no Brasil”.