Fabio Graner
A maior parte das instituições financeiras têm interesse em promover a inclusão bancária, mas as regras atuais relativas ao processo de “Conheça seu Cliente” acabam afastando muitos clientes potenciais do sistema financeiro. Essa é uma das conclusões de um estudo apresentado pela LexisNexis Risk Solutions, empresa de informações para a avaliação, prevenção e gestão de riscos. O trabalho foi feito a partir de entrevistas com instituições de 13 países, incluindo o Brasil.
De acordo com o relatório, muitas instituições financeiras rejeitam um número significativo de clientes em potencial exatamente pelas dificuldades de coletar e verificar dados dessas pessoas. Segundo o documento, 64% delas apontam a checagem de informações dos potenciais clientes como o principal obstáculo para integrar essas pessoas. Mais da metade também apontam que o tempo de coleta e a qualidade das informações são outros elementos que dificultam a captação do cliente individual.
O texto lembra que, de acordo com o Banco Mundial, existem 1,4 bilhão de indivíduos não bancarizados em todo o mundo e há muitos fatores que afetam a inclusão financeira: pobreza, um histórico de crédito escasso, viver em uma sociedade baseada em dinheiro, histórico de inadimplência e/ou falta de educação financeira podem impedir o acesso a serviços financeiros.
O estudo destaca que as empresas demonstram crescente interesse em acordos de compartilhamento de dados para apoiar os processos de conhecimento dos clientes exigidos para essas instituições. Cerca de 80% delas expressam interesse em um mecanismo global para isso, em comparação com pouco mais de 70% em 2019.
Outro aspecto destacado pelo material é que a pandemia representou um desafio sobre como lidar com a criminalidade e cumprimento de regras (compliance) no setor financeiro. Mais da metade das instituições financeiras citaram problemas como fraudes e ataques cibernéticos como principal desafio nesse período. Por outro lado, 90% das instituições relataram que a pandemia acelerou a adoção de Inteligência Artificial (IA) e outras tecnologias em seus processos.
“O propósito do relatório é mostrar que cada vez mais tecnologia e dados entram como fatores imprescindíveis para que exista inclusão financeira, transparência, e quanto mais instituições estiverem aptas e usarem isso a seu favor elas poderão fazer com que a inclusão aconteça de maneira mais eficiente”, explicou ao JOTA a diretora de planejamento de mercado da LexisNexis no Brasil, Eloise Faria.
