As novas pesquisas eleitorais mostraram uma diminuição da vantagem de Lula para Bolsonaro e uma ligeira melhora na aprovação popular do presidente. Isso é resultado de alguns fatores econômicos (emprego, queda no dólar e o auxílio brasil mais robusto), mas também da expectativa de fim da pandemia.
O aspecto sanitário, apesar dos números ainda altos de infecções por Covid-19, parece estar entrando no retrovisor do brasileiro médio, o que ajuda Bolsonaro, principalmente porque o afasta da polêmica das vacinas – um tema sempre ruim para sua imagem.
O presidente deu algumas pistas do discurso de campanha, em especial numa fala longa que ele fez ao mercado financeiro, na quarta-feira (23/2). Bolsonaro listou uma série de supostas medidas que Lula implantaria, caso eleito. A relação incluía temas econômicos, como a revisão das reformas, anulação da autonomia do Banco Central, o fim do teto de gastos, e também aquele pacote de itens da pauta de costumes como a liberação do aborto e até das drogas.
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Bastante exaltado, Bolsonaro se mostrou incomodado com as notícias de que uma parte dos banqueiros e do empresariado já estaria trabalhando com a vitória de Lula sem muitos sobressaltos. Ele quis resgatar o chamado Risco PT, que no passado já foi muito explorado, mas que anda meio fora de moda.
Por fim, a guerra no Leste Europeu e o seu impacto político no Brasil: mais uma vez, Bolsonaro produziu munição contra ele mesmo. Além da viagem extemporânea a Moscou, o presidente prestou solidariedade à Rússia uma semana antes de o presidente Vladimir Putin invadir a Ucrânia.
Prato cheio, claro, para os adversários. Agora, o importante mesmo é a consequência desse conflito para a nossa economia, especialmente nas projeções de inflação e de crescimento. Isso no ano da eleição tem um preço para o presidente, que vinha otimista quanto à retomada pós-pandemia.
Em contraponto, Bolsonaro terá mais uma razão “externa” para justificar a crise econômica. E vamos ficar no pior cenário: guerra de narrativas políticas na campanha. E a gente já sabe que em toda guerra, a primeira vítima é a verdade. Não será muito diferente nessa eleição.
As análises completas de Fabio Zambelli, analista-chefe do JOTA, sobre a semana para o governo estão disponíveis também no perfil do JOTA no Instagram (@jotaflash) às sexta-feiras.