O aumento das internações por Covid-19, após um período de aparente arrefecimento da doença, voltou a preocupar os governos estaduais e municipais neste fim de ano. Porém, com a proximidade do Natal e das férias de verão, a tendência é que haja menos fechamentos de atividade e mais restrições pontuais, como a adotada no estado de São Paulo e no Distrito Federal nesta semana, que limitam o horário de funcionamento do comércio.
Desde a semana passada, alguns prefeitos e governadores têm aumentado a fiscalização dos setores autorizados a funcionar e adotado uma posição de maior cautela. A primeira capital a adotar uma medida restritiva nesse segundo pico da pandemia, foi Campo Grande (MS). Na semana passada, o prefeito da capital sul-mato-grossense decretou o toque de recolher no município. A medida foi adotada na cidade ao longo do primeiro semestre e parece ter surtido efeito naquele momento, já que Campo Grande também foi uma das primeiras capitais a reabrir as atividades econômicas.
O toque de recolher também começou a valer no estado do Paraná. A medida, que vale por 15 dias, proíbe a circulação de pessoas em todo o estado, entre 23h e 5h, desde quarta-feira (2/12). Os paranaenses também estão proibidos, por 15 dias, de fazer confraternizações e eventos presenciais com grupos de mais de 10 pessoas.
O estado também suspendeu temporariamente a realização dos procedimentos cirúrgicos eletivos hospitalares. Antes, Curitiba já havia anunciado a suspensão de cirurgias eletivas na rede pública de saúde. Também essa medida foi anunciada pelo governo de São Paulo, mas oficialmente, ainda não foi publicada.
A medida também foi discutida nesta semana pelo Comitê Científico da Prefeitura do Rio de Janeiro. O grupo se manifestou de forma contrária à suspensão das cirurgias eletivas e pela restrição de outras atividades e serviços para conter o avanço do coronavírus e evitar novas internações pela Covid-19. Na tarde desta sexta-feira (4), o governador e o prefeito da capital anunciaram, em coletiva de imprensa, que as escolas municipais serão fechadas e os shoppings centers terão um horário maior de funcionamento, para evitar aglomeração nas compras de Natal. Enquanto isso, a vizinha Niterói se adiantou e já prorrogou as medidas restritivas até 31 de dezembro.
Em Minas Gerais, que estava com a maior parte do território na fase verde, mais sete regiões regrediram nas fases do plano de retomada, sendo que três delas (Jequitinhonha, Leste Sul e Nordeste) foram para a onda vermelha, mais restritiva que a fase anterior. Em Belo Horizonte, padarias e lanchonetes entraram na restrição de horário e de consumo de bebidas alcoólicas.
Situação alarmante também foi registrada no Espírito Santo, que da última semana para cá aumentou de 5 para 35 o número de regiões que saíram da zona de risco baixo para moderado, depois de terem superado a taxa de 50% de ocupação dos leitos de UTI. Nenhuma região capixaba, no entanto, avançou para a faixa de risco mais grave esta semana.
Mesmo na região Nordeste, onde as medidas estão mais liberais, foram anunciadas algumas restrições. Em Alagoas, por exemplo, o governo estadual reiterou, baseado em decreto do mês de setembro, a proibição das festas de Réveillon que tradicionalmente ocorrem na capital Maceió e no interior.
Educação
Entre setembro e meados de novembro, o que se viu foi flexibilização quase que total das atividades econômicas. O maior impasse tem sido em relação às aulas presenciais. Na maior parte do país, instituições públicas e escolas privadas continuam a oferecer apenas atividades remotas e ainda não há definições sobre como será o modelo a ser adotado em 2021.
Na última quarta-feira (2/12), o MEC divulgou uma portaria em que estabelece o retorno das atividades presenciais para o ensino superior no ano que vem. Mas a mesma normativa estabelece que, se as autoridades locais não permitiram a volta às aulas, os estabelecimentos podem continuar adotando o sistema de ensino remoto.
Nos estados e respectivas capitais, as decisões continuam de forma heterogênea, de acordo com a realidade local. Mas, a tendência é de manutenção das aulas virtuais até o próximo ano.
Na Bahia, o governo estadual suspendeu as atividades letivas do ensino superior e a permissão para eventos sonoros. A capital Salvador também recuou e suspendeu as aulas das redes pública e privada, pelo menos até meados de dezembro.
Em meio à onda de restrição, a suspensão das aulas da rede pública também foi prorrogada até 31 de dezembro no Rio Grande do Norte.
E no estado de Sergipe, as aulas da rede privada poderão retornar somente a partir de 18 de janeiro. Para a rede pública de ensino, as datas de retorno ainda serão definidas.
Na contramão
Enquanto as medidas restritivas voltam a ganhar espaço no noticiário, alguns estados prosseguiram com as ações de reabertura, principalmente nas regiões Nordeste e Norte. Caso do Amazonas, que autorizou a retomada das atividades escolares, além do funcionamento de bares e casas de show até uma hora da manhã.
Manaus também permitiu a reabertura de restaurantes. Já na capital Sergipana, Aracaju, foi liberado o acesso ao Parque da Sementeira e permitida a volta do horário normal dos mercados municipais. No mesmo ritmo, Teresina liberou o uso das áreas de lazer e recreação infantil.
Mais cauteloso, o estado do Acre permitiu, mesmo em regiões que estão na bandeira laranja, a abertura de algumas atividades, mas academias, igrejas, bares e restaurantes, porém, seguem com restrições maiores do que previsto anterior no plano de retomada.