O cenário de receitas segue forte e está compensando as principais desonerações tributárias anunciadas nesse início de ano, como a do IPI e do diesel, segundo fontes do governo. Com isso, o primeiro relatório bimestral de receitas e despesas desse ano, que será divulgado nesta terça-feira (22/3), às 15h, pode indicar um déficit primário até melhor do que os R$ 79 bilhões previstos no orçamento aprovado pelo Congresso. Os números apontavam para um saldo negativo mais perto de R$ 70 bilhões, mas as contas estavam sendo refeitas, principalmente pela Receita Federal, e o número final ainda não estava fechado.
Nas discussões para o fechamento do relatório, a tendência era de se fazer um bloqueio da ordem de R$ 3 bilhões, número também sujeito a alterações, dado que inicialmente a necessidade apontada foi de R$ 5 bilhões. A tendência de bloqueio decorre do teto de gastos, uma vez que há substancial folga em relação à meta de resultado primário.
Essa necessidade de ajuste, segundo apurou o JOTA, decorre do fato de que o cenário para despesa de pessoal subiu um pouco acima do que o governo esperava e ainda há subestimativa de outras despesas não obrigatórias, cortadas para recompor os cortes de gastos obrigatórios impostos pelo relator do orçamento. Outra questão é que a despesa de subsídios também subiu muito por conta da piora no cenário de juros e de inflação, afetando o cenário para o ano e, consequentemente, demandando a necessidade de bloqueio.
A área técnica do governo continua fazendo contas, que precisam ser finalizadas até o fim de terça-feira (22/3). Vale lembrar ainda que, depois do relatório, o governo edita e publica um decreto de programação orçamentária e financeira. E ao longo do ano vai ajustando bimestralmente seus cenários, conforme a evolução das receitas e despesas.