O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) criou uma comissão de caráter consultivo para acompanhar os casos de varíola do macaco e os estudos científicos sobre o vírus monkeypox, causador da doença. A Câmara Técnica Temporária de pesquisa é denominada CâmaraPox MCTI.
A medida de vigilância científica foi implementada devido à necessidade de o país estar atento à evolução dos casos de infecção registrados no mundo desde o início do mês de maio. Segundo a pasta, até o momento, não há registros de casos da varíola do macaco no Brasil.
Fazem parte do grupo de monitoramento sete especialistas brasileiros da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade Feevale. Os pesquisadores produziram dois informes técnicos sobre a doença, envolvendo as principais formas de contágio e as informações disponíveis sobre os casos registrados em outros países.
O que é a varíola do macaco?
A varíola do macaco, ou ortopoxvirosis simia, é uma doença rara e que pode ser transmitida de animais para humanos, ou seja, é considerada uma zoonose. A infecção é causada pelo vírus monkeypox que pertence a família dos ortopoxvírus, a mesma do vírus causador da varíola humana, porém é mais leve e menos letal.
As contaminações humanas ocorrem com mais frequência em partes florestais da África Central e Ocidental. Roedores silvestres e primatas estão entre os animais transmissores do vírus.
A primeira identificação da doença em macacos ocorreu em um laboratório, em 1958. Já em humanos, foi identificada pela primeira vez na República Democrática do Congo em 1970, em um menino de 9 anos.
Segundo especialistas, existem duas versões da varíola dos macacos: uma da África Ocidental e outra da África Central. A primeira é mais leve e pode ser a responsável pelo surto na Europa.
O maior surto da varíola do macaco que se tem registro ocorreu na Nigéria em 2017, com 172 casos suspeitos. Em 2003, os Estados Unidos tiveram o primeiro surto fora do continente africano, com 81 casos registrados. A origem dessas infecções foi atribuída à importação de roedores da África, infectados com o monkeypox vírus.
Como a varíola do macaco é transmitida ?
A varíola do macaco pode ser transmitida pelo contato com fluidos corporais, secreções respiratórias, lesões na pele ou mucosas de pessoas infectadas. Há também o risco de contaminação pela utilização de materiais contaminados, como toalhas, roupas de cama e utensílios domésticos.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o contato com animais vivos e mortos por meio da caça e do consumo de carne de caça também são fatores de risco.
Quais os sintomas da doença?
Os sintomas apresentados por pessoas infectadas são febre, dor de cabeça, dores nas costas ou musculares, inflamações nos nódulos linfáticos, erupções cutâneas e lesões, que começam no rosto e se espalham pelo corpo, atingindo principalmente as mãos e os pés. O período de incubação do vírus pode variar de cinco a 13 dias e, segundo a OMS, os sintomas duram de 14 a 21 dias.
Tratamento
Não há tratamento específico ou vacina para a varíola do macaco, mas a OMS afirma que a vacina para a varíola humana mostrou ser 85% eficaz para prevenir casos da doença. Recentemente, Estados Unidos, Alemanha e França anunciaram que irão implementar planos de vacinação como precaução.
Varíola do macaco mata?
Segundo informe técnico da comissão do governo brasileiro, a taxa de letalidade da doença varia entre 0 e 11% na população em geral, mas pode ser maior entre crianças pequenas e recém-nascidos.
O que se sabe até agora sobre a varíola do macaco
Segundo dados divulgados pela OMS na última terça-feira (24/5), desde o início de maio, foram confirmados 131 casos de infecções pela varíola do macaco e 106 casos suspeitos em pelo menos 18 países fora da África.
Entre os países que já confirmaram casos estão: Reino Unido, Austrália, Bélgica, Espanha, Itália, Alemanha, Portugal, Estados Unidos, França, Canadá, Holanda, Áustria, Suíça, Suécia, Israel, Dinamarca, Eslovênia, República Tcheca e Emirados Árabes Unidos.
A primeira confirmação que disparou o alerta sobre a presença da doença fora das regiões onde ela é endêmica foi no Reino Unido, e veio de uma pessoa que havia viajado à Nigéria.
Ainda não está claro o motivo do avanço da varíola do macaco na Europa, América do Norte e Austrália. Em comunicado, a OMS afirmou que o quadro atual é “atípico”, mas apesar de incomum, o surto “pode ser contido”.