
Cerca de 94 milhões de vacinas contra a Covid-19 devem “sobrar” para 2023, segundo estimativa do secretário-executivo do Ministério da Saúde, Bruno Dalcomo. Desse montante, 56 milhões são de imunizantes monovalentes de AstraZeneca, de Coronavac e de Pfizer. Os outros 34 milhões, também da Pfizer, serão da versão bivalente, com previsão de chegar ao Brasil até as primeiras semanas de janeiro.
A pasta negocia, ainda, a compra de mais 50 milhões de doses bivalentes da Pfizer. “Se pudermos e tivermos a disponibilidade orçamentária, concluiremos a compra”, afirmou Dalcolmo, em entrevista à imprensa na última quarta-feira (21/12).
De acordo com a Saúde, os montantes em estoque se referem a contratos assinados ainda em 2021. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que apresentará os dados à equipe de transição do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“As doses que adquirimos em 2021 foram suficientes para 2021, para 2022, e há doses suficientes para 2023″, disse Queiroga.
A projeção, contudo, está aquém do necessário. Como mostrou o JOTA, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) calculou, com base no LocalizaSUS, que o país de 370 milhões de doses, 276 milhões a mais que o disponível. A estimativa da entidade considera pessoas que precisam completar o esquema vacinal em todas as faixas etárias mais uma dose de reforço anual.
Grupos prioritários
O secretário de Vigilância em Saúde do ministério, Arnaldo Medeiros, disse que a campanha de vacinação contra a Covid-19 deverá ser anual a partir de 2023 e focar em grupos prioritários. Entre eles, estão idosos, pessoas com comorbidades, ribeirinhos, quilombolas e indígenas.
Ainda não se sabe se deverão ser aplicadas uma ou duas doses por ano. Segundo Queiroga, a equipe irá apresentar as informações à próxima gestão nos próximos dias, quando um cronograma poderá ser divulgado.
O cenário, contudo, poderá mudar quando a próxima gestão — da atual presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Nísia Trindade — assumir o comando da pasta. “Até o fim do ano, vamos passar a impressão do que deve ser feito em 2023”, afirmou o ministro.
Se confirmada, a decisão seguirá os moldes da vacinação contra a gripe, disponível para o restante da população em clínicas particulares. A pasta justifica a decisão pelo fato de que essas populações se beneficiam mais dos imunizantes diante dos riscos de internação e de óbito.
Quinta dose
A vacina bivalente da Pfizer deverá ser aplicada como a quinta dose, também chamada de terceira dose de reforço. Esse é o plano do Ministério da Saúde, que pretende começar a distribuir os imunizantes contra a Covid-19 nos próximos dias.
Até o momento, a pasta já recebeu 4,5 milhões dessa versão do imunizante.”Para a terceira dose de reforço (quinta dose), teremos a vacina bivalente”, afirmou o ministro da Saúde.
Como antecipou o JOTA a seus assinantes, a pasta planeja liberar a nova fase de vacinação para pessoas a partir de 50 anos, mais suscetíveis à hospitalização e morte por Covid-19. A faixa etária, no entanto, poderá variar de acordo com o maior risco, isto é, contemplando inicialmente o público a partir de 70 ou de 80 anos.
O intervalo previsto é de pelo menos quatro meses após a dose anterior. Ainda é necessário esperar que a pasta publique uma nota técnica — documento aguardado há semanas e que orienta estados e municípios na aplicação —, para validar a medida.
O movimento do ministério vem na retaguarda de estados e municípios que já liberaram a aplicação do terceiro reforço. Sem uma orientação central da pasta, as faixas etárias variam de acordo com a localidade.