
O Ministério da Saúde atrasou o início da vacinação contra a Covid-19 nas escolas, inicialmente previsto para março. A ação foi adiada para maio e será feita de forma conjunta com a campanha de multivacinação. A mudança foi atribuída à dificuldade de operacionalizar a ação nos municípios e com o Ministério da Educação.
A nova data, porém, não foi definida. De acordo com o Ministério da Saúde, profissionais das secretarias de saúde municipais estão focados em aplicar a vacina bivalente em grupos prioritários. A pasta também ampliou o público-alvo para pessoas com comorbidade no último sábado (1º/4).
A vacinação nas escolas busca diminuir as barreiras de acesso de crianças e adolescentes. A ideia é ofertar imunizantes que protejam contra a Covid-19 e também contra outras doenças. A cobertura vacinal de Covid-19 entre crianças e adolescentes está estagnada há meses. Com relação a outras doenças, as taxas de proteção estão em queda desde 2016.
A campanha nas escolas é a última etapa do Movimento Nacional de Vacinação, iniciado em 27 de fevereiro. Como antecipou o JOTA, a pasta mantém a meta de começar a vacinar contra a Covid-19 em shoppings e em rodoviárias em abril.
Balanço da campanha: 15% tomaram dose bivalente
O Brasil aplicou 7.136.439 vacinas bivalentes contra a Covid-19 até domingo (2/4), mostram dados do LocalizaSUS. Com público-alvo estimado em 47.492.342 — fora profissionais de saúde e população privada de liberdade, para os quais a pasta deve liberar as doses em 17 de abril —, só 15,02% dos contemplados tomaram a dose de reforço
O ministério já distribuiu 26,8 milhões de doses bivalentes aos estados. Em números, isso significa que pouco mais de uma a cada quatro doses chegou à população 37 dias após o início do Movimento Nacional de Vacinação.
Na média, é como se 198.234,4 doses de Pfizer bivalente fossem aplicadas por dia, incluindo domingos. A capacidade está muito aquém das 2,3 milhões de vacinas que o Sistema Único de Saúde (SUS) pode administrar diariamente em todo o país.
Para o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Renato Kfouri, a campanha tem espaço para avançar:
“O movimento foi lançado pelo presidente (Luiz Inácio Lula da Silva) tomando vacina, mas não foi articulado com organizações civis e sociedades científicas de maneira mais eficiente. Falta engajamento maior dos atores que fazem as campanhas realmente acontecerem. Melhoramos bastante, mas há espaço para avançar”, disse o pediatra.
Entre os principais motivos, estão falta de acesso e de doses, baixa percepção de risco de doenças, desinformação e medo de reações adversas, além de fatores regionais. “Cada local tem sua especificidade. O que faz alguém não se vacinar em Brasília não é o mesmo motivo no interior do Amazonas”, completou Kfouri.
O Movimento Nacional de Vacinação, que está na 3ª de cinco etapas, foca em grupos prioritários para doses bivalentes, como idosos, profissionais de saúde e imunossuprimidos, e em aumentar a cobertura em pessoas com doses em atraso. A próxima fase é a campanha contra a gripe em abril. Por último, vem a multivacinação.
“Ampliar as coberturas vacinais no país é prioridade do Ministério da Saúde, que trabalha com um cronograma em etapas para fortalecer a vacinação em todo país. A pasta, em conjunto com o Ministério da Educação e junto aos estados e municípios, trabalha nas ações de vacinação que serão adotadas na comunidade escolar ao longo do ano letivo. O Ministério da Saúde está empenhado em resgatar na população brasileira a confiança nas vacinas para que o Brasil volte a ser referência mundial no tema”, informou, em nota.