A Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia realizou estudo mostrando que, em 2022, o Programa de Parceria de Investimentos (PPI) vai mobilizar R$ 78,17 em gastos de capital no país. O montante pode elevar a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, o nome técnico para a taxa de investimento dentro do PIB) em 2,3% ante 2021, quando, de acordo com as estimativas da SPE, os gastos no âmbito do PPI (que envolve uma série de concessões ao setor privado) ficaram na casa dos R$ 40 bilhões.
O volume de aportes no âmbito do PPI é um dos fatores apontados pela SPE para trabalhar com um cenário mais otimista em termos de crescimento econômico para este ano do que o projetado pelo mercado. Embora deva ser revisado (provavelmente para baixo), a secretaria liderada por Adolfo Sachsida projeta oficialmente em 2,1% a alta do PIB para 2022, enquanto o mercado está com 0,3%.
A carteira do PPI tem contratado cerca de R$ 1,3 trilhão ao longo da década. “ [Estima-se que] Cerca de R$ 360 bilhões sejam realizados até 2025. Mais especificamente para 2022, estima-se que serão investidos R$ 78 bilhões”, explica nota informativa que acaba de ser finalizada pela pasta. Do valor esperado para ser efetivado neste ano, R$ 31,8 bilhões são no setor de óleo e gás, R$ 15,2 bilhões em energia (a privatização da Eletrobras não está nessa conta), R$ 13,7 bilhões em transportes e R$ 10 bilhões em infraestrutura de comunicação, para ficar apenas nos maiores grupos de recursos mobilizados.
Em relação à distribuição dos principais investimentos contratados por setor, constata-se que Óleo e Gás respondem pela metade do montante programado (CAPEX) e quase a totalidade do investimento do setor está destinada aos contratos no âmbito da exploração dos campos, seja sob regime de partilha ou sob o regime de concessão, segundo a nota. “Já nos Transportes, pouco mais da metade dos investimentos está programada para o modal rodoviário (53%), seguido de ferroviário (33%), aquaviário – hidrovias e terminais portuários (7%) e aeroportuário (7%). No caso de Energia, destaque para os investimentos em distribuição (58%), seguido de geração (30%) e transmissão (12%)”, diz o documento.
Com os aportes no âmbito do PPI quase dobrando em relação a 2021, a alta da FBCF deve ser de 2,3% só por esse fator. E, dessa forma, o impacto no PIB pode ficar entre 0,45 e 0,5 ponto porcentual.
Segundo Sachsida, a alta dos investimentos reflete uma orientação de política econômica voltada para “consolidação fiscal” e “reformas pró-mercado para aumento da produtividade”, baseada em novos marcos regulatórios para vários setores, além de um desenho de concessões que olham mais o aporte de investimentos privados e menos a outorga.
“Isso dinamiza o crescimento de longo prazo. Melhorando a legislação vigente, aumenta-se a segurança jurídica e a previsibilidade, e, com isso, aumenta o investimento privado e, por sua vez, a produção, o emprego, a renda e o bem estar de toda a sociedade”, salientou o secretário. “Além dos R$ 78 bilhões serem um valor robusto, estamos dando orientação de longo prazo para todos os investidores: Brasil valoriza o investimento privado”.
Além da nota informativa sobre o PPI, a SPE também concluiu uma análise sobre a evolução das taxas de poupança e investimento dentro do PIB nos últimos anos.
“Nota-se que o Brasil foi um dos países que mais melhoraram sua posição relativa de taxa de poupança e de investimento. Utilizando os dados e projeções do World Economic Outlook de outubro de 2021, observa-se que o Brasil foi o segundo país que mais elevou sua taxa de poupança no período de 2018-21 no grupo dos 20 países com maior PIB em dólares. De forma semelhante, o Brasil foi o quinto e o sétimo país com maior incremento da taxa de poupança para o grupo dos 50 e 100 países com maior PIB, respectivamente”, diz o texto.
“Assim, essas variações no período de 2018 a 2021 mostram que o Brasil situa-se no primeiro decil de países que mais aumentaram sua taxa de poupança entre as 100 maiores economias do mundo. Da mesma forma, o Brasil está entre os países que mais aumentaram sua taxa de investimento, na comparação entre as 100 maiores economias do mundo”, completa a nota da SPE, que salienta o discurso sobre consolidação fiscal e reformas.