Contagem regressiva
A 39 dias de uma das eleições mais disputadas da história do país, 36% dos brasileiros ainda não decidiram em quem votar para presidente do país. Ou pelo menos, não conseguem verbalizar um nome de preferência sem o estímulo de uma lista com os nomes dos presidenciáveis. Uma análise dos resultados da última rodada da pesquisa Genial/Quaest, divulgada em 17 de agosto, e que destinou um bloco de perguntas para os eleitores que se declararam indecisos na pergunta de voto espontâneo, nos ajuda a entender o perfil desses eleitores.
Desde setembro de 2021, a taxa de eleitores indecisos nessa modalidade de sondagem passou de 58% para 36% – uma queda de pouco mais de 20 pontos percentuais em um ano. Consultores e operadores políticos acreditam que esse indicador consegue melhor traduzir o real nível de engajamento do eleitor em relação aos candidatos durante a campanha, porque os entrevistados são instados a se pronunciar de forma espontânea, sem que o entrevistador faça uso de nenhum estímulo verbal ou não verbal que lembre a figura ou nome de algum candidato.
Eu digo que a manifestação espontânea do eleitor sobre um determinado candidato é também um indicador do grau de consolidação do voto na campanha em curso: quanto maior a taxa e mais próxima ela estiver da versão estimulada de intenção de voto, maior é o nível de consolidação e maior a certeza do resultado que veremos nas urnas.
Mulheres x Sudeste x religião
No recorte por sexo e região, as mulheres aparecem como a maioria dos eleitores que se declararam indecisos: 64%, contra 36% entre os eleitores do sexo masculino. A região Sudeste aparece com um contingente de 47% de indecisos, índice que recua para 24% no Nordeste, 15% no Sul e 7% nas regiões Norte e Centro-Oeste. As campanhas tanto de Bolsonaro quanto de Lula apontam as mulheres como grupo decisivo nas eleições deste ano. A região Sudeste também é tida como chave para garantir a vitória, uma vez que concentra 66,7 milhões de eleitores, ou 42,6% do total do país.
No recorte por religião, a indecisão é maior entre católicos (50%) do que entre evangélicos (29%), assim como entre os que votaram em Jair Bolsonaro em 2018 (34%) do que no candidato do PT naquele ano, Fernando Haddad (26%); 16% não compareceram às urnas ou não eram eleitores, e 14% votaram em branco ou anularam seu voto.
Idade x educação x renda
No recorte por faixa etária, a indecisão no voto para presidente predomina entre os que têm entre 35 e 49 anos: 48% dos eleitores. Jovens de 16 a 24 anos são 15%, enquanto os que têm entre 25 e 34 anos somam 19%, mesmo percentual dos eleitores com 60 anos ou mais.
As faixas menos escolarizadas e com renda mais baixa destacam-se neste grupo. Entre os que concluíram até o ensino fundamental, 40% estão indecisos, assim como 41% dos que têm o ensino médio completo ou incompleto. Apenas 19% dos eleitores com superior incompleto ou mais ainda não escolheram seu candidato.
A distribuição é semelhante na análise por renda. Entre os que ganham até 2 salários mínimos, 45% estão indecisos; de 2 a 5 salários mínimos são 38%, contra 18% dos que ganham mais de 5 salários mínimos.
Sobre a pesquisa
A pesquisa Genial/Quaest ouviu 2.000 pessoas com mais de 16 anos entre os dias 11 e 14 de agosto, em entrevistas nas casas dos eleitores em 27 estados. Desde julho de 2021, a Genial/Quaest realiza pesquisas de intenção de voto para as eleições presidenciais.