WEBINAR DO JOTA

Enfrentamento da crise exige gasto público em larga escala e liderança nas ações

‘Não tem como fugir de uma política expansionista’, diz o economista José Roberto Mendonça de Barros

Reprodução: YouTube

O intervencionismo econômico e a coordenação de ações pelo governo federal são fundamentais para o enfrentamento da crise do coronavírus. Para Paulo Hartung, ex-governador do Espírito Santo, “precisamos de um exercício de liderança, de um norte, uma coordenação”. Já o economista José Roberto Mendonça de Barros, da MB Associados, destaca que “a situação exige uma intervenção pública em largo espectro”. Ambos participaram do webinar promovido pelo JOTA, realizado de segunda a sexta-feira, para discutir o impacto da crise do coronavírus na política e na economia.

“Como a crise vem de um problema sanitário, além da parada súbita na economia, há o medo, que eleva a incerteza ainda mais”, avalia Mendonça de Barros. “A essa altura, todos somos keynesianos, não tem como escapar de uma política expansionista do gasto público, ousada e rápida, para que se possa dar o suporte mínimo para que não haja o colapso de empregos e empresas”.


O economista elencou cinco pontos fundamentais para serem atacados durante a crise: reforço do sistema de saúde, manutenção de logística e abastecimento, gastar para proteger os mais pobres, suporte a pequenas e médias empresas, e programas de garantia de liquidez.

No entanto, ele avalia que “a trajetória do atual executivo não tem como característica muita eficiência na entrega de medidas”. “É só lembrar quantas privatizações não foram feitas proporcionalmente àquelas que foram prometidas”.

No campo monetário, Mendonça defende uma ação rápida dos bancos centrais para prover liquidez. “Além da liquidez, é preciso garantir, inclusive com mecanismos de regulação, que as condições financeiras não se deteriorem muito”.

Na política, o governo federal precisa liderar a coordenação das ações para uniformizar as medidas em âmbito nacional, estadual e municipal. “O maior vazio que temos no país hoje é o de liderança”, diz Paulo Hartung. “Precisamos de uma liderança, por exemplo, pedindo aos industriais que têm condições para que produzam itens de urgência no momento, como respiradores e máscaras”.

O momento também exige diálogo constante com deputados e senadores. “O governo precisa negociar com o Congresso para que se faça o que é preciso e para que não se vote matérias que possam complicar um quadro já explosivo como esse com o qual estamos lidando”, destaca o ex-governador do Espírito Santo. “Não adianta, por exemplo, aprovar leis interferindo em contratos, isso destruiria relações e aumentaria a desconfiança de investidores”. “Emergencial no momento são medidas como pegar a fila do Bolsa Família e colocar para dentro e ampliar dinheiro do SUS para ter mais respiradores”, completa.

Sobre a liderança dos governadores, Hartung considera uma iniciativa válida, mas que tem efeito limitado: “A coordenação dos governadores é positiva, mas não substitui a ação do poder central do governo federal”.

Ao tratar das projeções pós-crise, Mendonça de Barros disse que “as pequenas comunidades vão ganhar importância, e isso vale para funcionários das empresas, organizações e para a sociedade”. Além disso, “a governança ganha importância, as empresas vão precisar olhar para o entorno, paras questões de meio-ambiente”.

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