Os dados mais recentes reforçam a visão da área econômica do governo de que o terceiro trimestre será o pior do ano em termos de nível de atividade. As surpresas negativas de agosto, como o dado dos serviços, contudo, ainda não empurraram as projeções para o PIB de julho a setembro para o terreno negativo, embora a estimativa esteja no limite (0,1% de alta).
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Para a equipe econômica, o quarto trimestre terá uma reaceleração no nível de atividade, refletindo principalmente políticas públicas, como a entrada mais intensa de projetos do PAC e do Minha Casa Minha Vida, além da retomada de operações de crédito pelos beneficiários das renegociações do Desenrola.
Essa retomada no quarto trimestre deve continuar em 2024, quando o governo espera um crescimento de 2,3%, acima do que o mercado projeta, mas apontando uma desaceleração na comparação com os 3,2% para 2023.
A situação externa, porém, acendeu um alerta para a equipe econômica. Além do acirramento de conflitos geopolíticos, a questão monetária, especialmente a trajetória dos juros nos Estados Unidos, estão colocando dúvidas sobre a materialização desse cenário de PIB do governo. Ainda não há redução na estimativa do governo, mas o principal temor é que a política monetária americana reduza o espaço para queda dos juros no Brasil (coloque um piso mais elevado na Selic), limitando o crescimento local.
Um fator que contrabalança esses sinais negativos do exterior é a nova rodada de estímulos na China, que já afeta positivamente preços de commodities e a demanda por produtos brasileiros.
Ainda assim, é notório que há maior inquietação com os riscos do cenário externo, sobretudo advindos dos EUA, e o potencial de frustração do crescimento brasileiro, em um ambiente no qual a estratégia fiscal depende muito da geração de receitas que uma atividade econômica mais alta normalmente enseja.