Dono da maior bancada no Senado e a quinta maior na Câmara, o PSD viu frustradas as tentativas de lançamento de candidatura própria à Presidência da República. Diante disso, avança com celeridade em articulações pró-Lula que têm potencial para desequilibrar a eleição presidencial de outubro.
O partido do ex-prefeito Gilberto Kassab se insinua para a campanha do PT nos três maiores colégios eleitorais do país. O maior avanço é em Minas Gerais, tido como “termômetro” histórico das eleições majoritárias brasileiras desde a redemocratização.
No Rio de Janeiro e em São Paulo, mesmo com candidatos próprios a governador, a intenção é estabelecer uma espécie de pacto de não-agressão com Marcelo Freixo (PSB) e Fernando Haddad (PT), candidatos do bloco lulista.
Além da formalização de uma aliança do ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil com Lula para o governo mineiro, a legenda busca se distanciar do governo de Jair Bolsonaro. A ideia é explicar que cargos ocupados por filiados da sigla na administração federal foram uma opção pessoal do presidente.
Na avaliação do QG da campanha petista, o respaldo do PSD nesses colégios eleitorais, ainda que informal, poderia até aproximar Lula de uma vitória no primeiro turno, cenário que vinha perdendo força nas últimas semanas. Para completar, o alinhamento entre os dois partidos também pressiona Ciro Gomes (PDT), que vinha cortejando o PSD depois que as candidaturas de Rodrigo Pacheco e Eduardo Leite naufragaram.
Pelo lado do PSD, o namoro com os petistas representa também um aceno à governabilidade em eventual terceiro mandato de Lula e um contraponto ao centrão.
Lula, que tem direcionado sua artilharia para o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), estaria em busca de parceiros políticos para substituir os centristas do PP e do PL por uma base mais ampla com siglas de centro e de esquerda, sem entregar totalmente as chaves dos cofres públicos ao Congresso.
Apesar da aproximação entre PT e PSD, aliados de Bolsonaro não desistiram da possibilidade de retomar diálogo com o partido do Kassab. Até mesmo em São Paulo existe a expectativa de que a legenda colabore com a candidatura do ex-ministro Tarcísio Freitas.
O PSD tem alinhamento ao governo em estados importantes, como Paraná, e adota uma cartilha antipetista em outras regiões do Centro-Sul do país. A Casa Civil mapeia, inclusive, cargos que eventualmente estejam atribuídos à cota partidária, embora os dirigentes do PSD assegurem que eles são estritamente pessoais de Bolsonaro e não contam com a anuência da cúpula.