O Ministério da Saúde deve implantar auditoria interna em contratos assinados no Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Yanomami, incluindo licitações. As informações foram dadas pelo secretário de Saúde Indígena, Ricardo Weibe Tapeba, em entrevista à imprensa na sede do local, em Boa Vista (RR), nesta terça-feira (24/1).
Segundo Tapeba, a pasta trabalha para dar celeridade às nomeações para a DSEI. Um novo coordenador deve ser definido nos próximos dias. O ministério decretou emergência sanitária na TI Yanomami no último sábado (22/1) em razão de uma crise humanitária desencadeada sobretudo pelo garimpo ilegal, que levou fome, desnutrição e doenças para a região.
“Conseguimos identificar algumas fragilidades, indícios de irregularidades em alguns contratos. Queremos implantar uma auditoria interna para acompanhar essas questões”, afirmou Tapeba.
A estimativa é de que mais de mil indígenas tenham sido resgatados para receber atendimento nos últimos dias. Segundo o Ministério dos Povos Indígenas, pelo menos 570 crianças yanomami morreram de fome de 2019 a 2022. O titular da Sesai, porém, avalia que há grande subnotificação nos indicadores de morte.
Um hospital de campanha começa a ser erguido nesta terça-feira (24/1) e a ideia, de acordo com Tapeba, é levar ao menos uma unidade dessas para a terra yanomami. Profissionais da Força Nacional do SUS devem trabalhar no atendimento.
“A nossa intenção é levar um dos hospitais de campanha para dentro do território indígena yanomami, levando estrutura mínima com profissionais e insumos”.
Um relatório sobre a situação dos yanomami será apresentado à ministra da Saúde, Nísia Trindade. Aumentar a cobertura vacinal e as compras de insumos e de materiais devem estar entre as prioridades.
“Nós pudemos presenciar o estado de calamidade que o território vive, é um cenário de guerra. A nossa unidade de saúde indígena, nosso pólo-base, assim como a nossa casa aqui em Boa Vista, são praticamente campos de concentração”, descreveu.