O Brasil sofreu a quarta queda consecutiva e está em 111º lugar no Ranking Mundial de Liberdade de Imprensa dos Repórteres Sem Fronteiras, divulgado nesta terça-feira (20/4). Pela primeira vez em duas décadas, o país entrou na “zona vermelha”, integrando a parcela de lugares classificados com uma situação difícil para o exercício do jornalismo. Estão nessa zona também a Índia, o México e a Rússia, além de países como Paquistão, Filipinas, Sudão e Venezuela.
O relatório é publicado anualmente e avalia a situação da liberdade de imprensa em 180 países e territórios, relacionando-os em cinco categorias: situação boa, situação satisfatória, situação problemática, situação difícil e situação muito séria.
Os países mais totalitários e que ocupam as últimas posições são: o Turcomenistão (178º), a Coreia do Norte (179º) e a Eritreia (180º), que mantêm o controle absoluto sobre as informações divulgadas na imprensa. A Noruega aparece em primeiro lugar, seguida pela Finlândia e Suécia, em segundo e terceiro lugar, respectivamente.
No ranking de 2020, o Brasil ocupava a “zona laranja”, na qual a situação da imprensa é considerada sensível. A queda da posição brasileira, que anteriormente estava em 107º lugar, foi motivada por um “um clima de ódio e desconfiança alimentado pelo presidente Bolsonaro”, avalia o relatório dos Repórteres Sem Fronteiras.
De acordo com a ONG, “insultos, estigmatização e orquestração de humilhações públicas de jornalistas se tornaram a marca registrada do presidente Bolsonaro, de sua família e de pessoas próximas a ele”.
“Qualquer revelação da mídia que ameace os seus interesses ou de seu governo desencadeia uma nova rodada de ataques verbais violentos, que fomentam um clima de ódio e desconfiança em relação aos jornalistas no Brasil”, afirma o documento.
Por fim, o estudo avalia que a pandemia do coronavírus expôs sérias dificuldades de acesso à informação no país e deu origem a novos ataques do presidente contra a imprensa, “que ele rotula como responsável pela crise e que tenta transformar em verdadeiro bode expiatório”.