Flávia Maia
Analista de Judiciário do JOTA em Brasília. Antes foi repórter dos jornais Correio Braziliense e Valor Econômico e assessora de comunicação da Confederação Nacional da Indústria (CNI). É graduada em Direito no IDP
O delegado da Polícia Federal Fábio Shor não compareceu nesta quarta-feira (16/7) às oitivas das testemunhas da ação penal que trata sobre a tentativa de golpe de estado no Brasil em 2022. Shor foi chamado ao Supremo Tribunal Federal (STF) na condição de testemunha dos réus Filipe Martins e Marcelo Câmara. Os dois estão no núcleo 2 da denúncia, o primeiro, assessor do ex-presidente, é acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de ter apresentado a minuta golpista e o segundo, por monitorar a agenda e os deslocamentos do ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Diante da ausência, Moraes perguntou às defesas sobre a pertinência de ouvir um delegado que apenas participou das investigações e não dos fatos. O advogado de Martins, Jeffrey Chiquini respondeu que a testemunha era de extrema importância.
Dessa forma, Moraes determinou à defesa que apresente uma nova data e horário para o delegado depor até o dia 21 de julho, quando terminam as oitivas das testemunhas. O advogado de Câmara, Eduardo Kuntz, informou que o Shor está de férias e, por isso, não deve ter comparecido. A Polícia Federal informou que não divulga informações pessoais de servidores.
Os advogados pretendem perguntar a Shor sobre a condução das investigações e questionar trechos dos depoimentos. De 14 a 23 de julho, o STF ouve as testemunhas dos núcleos 2, 3 e 4 da ação sobre a tentativa de golpe de estado no Brasil.
No dia 22 de abril de 2025, os ministros da 1ª Turma do Supremo tornaram réus seis acusados por tentativa de golpe em 2022 – trata-se do núcleo apontado pela PGR como os responsáveis pelo gerenciamento das ações para o golpe, como membros da cúpula da Segurança Pública do Distrito Federal, da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e com cargos estratégicos na presidência da República na gestão de Jair Bolsonaro.
A denúncia foi aceita por unanimidade de votos na 1ª Turma, que é composta pelos ministros Cristiano Zanin, Cármen Lúcia, Luiz Fux, Alexandre de Moraes e Flávio Dino.
Na ocasião, se tornaram réus:
De acordo com a denúncia de Gonet e com o relatório da Polícia Federal, esse grupo se aproveitou dos cargos públicos que ocupavam em ações e omissões coordenadas para desestabilizar o regime democrático no Brasil – seja por blitzes em rodovias federais no dia das eleições de 2022 para impedir que eleitores chegassem às zonas eleitorais, seja com omissão no uso das forças de segurança em relação aos ataques aos Três Poderes no dia 8 de janeiro.
Os seis viraram réus pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima e deterioração de patrimônio tombado.