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'Caça às bruxas'

Bolsonaro nega influência na tarifa de Trump: 'Não existe nenhum lobby meu'

Em entrevista, ex-presidente, que está inelegível, reafirmou que será candidato em 2026 e disse que jabuticaba de Lula é ‘infantilidade’

Carolina Unzelte
15/07/2025|18:30|São Paulo
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Ex-presidente Jair Bolsonaro durante declaração a imprensa após virar Réu no STF. Foto: Lula Marques/Agência Brasil

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou que ele ou sua família tenham influenciado a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de taxar o Brasil em 50%. “Essa decisão é do Trump. Não tem participação minha. Não existe nenhum lobby meu. Qualquer um tá vendo o que acontece comigo”, disse em entrevista ao Poder360, concedida na tarde desta terça-feira (15/7).

Bolsonaro também disse que seu filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que pediu licença do mandato como deputado federal para se instalar nos Estados Unidos, é contra o tarifaço. O filho do ex-presidente também sugeriu condicionar o fim da tarifa à anistia de Bolsonaro e outros acusados, o que Bolsonaro negou.

“Não tô vinculando nada, isso aí. Lá atrás, quando apresentou o primeiro projeto de anistia, queriam botar uma anistia pra mim sobre inelegibilidade. Eu falei, não! É só o 8 de janeiro. Eu não tenho nada a ver com o 8 de janeiro.”

Ao ser lembrado de que Trump citou seu nome diretamente, associando a tarifa à sua situação judicial, Bolsonaro afirmou que: “ele botou naquela carta, no primeiro parágrafo, na primeira linha, o meu nome. Tá sendo caça-bruxa ou não?”, disse. Em outro momento, se disse “apaixonado” por Trump, que seria um “irmão” para ele.

O ex-presidente também citou um vídeo postado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em que afirma que vai levar jabuticaba para Trump, e lembrou do caso em que a primeira-dama Janja Lula da Silva disse “fuck you” para Elon Musk, bilionário da Tesla e do X e então aliado de Trump. “Vou levar jabuticaba pra ele comer. Chega a essa infantilidade. Vira-lata, é 'fuck you'. Pô, é o tempo todo assim.”

Processo

Bolsonaro rebateu a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) que o acusa de tentativa de golpe de Estado. Na noite de segunda-feira (14), a PGR pediu pela condenação do ex-presidente. Tornado réu em março pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro é acusado de cinco crimes relacionados aos eventos que culminaram no 8 de janeiro de 2023. 

“Foi uma acusação completamente estapafúrdia. Nada disso aconteceu. Sempre joguei dentro das quatro linhas”, afirmou. O ex-presidente argumentou que sequer estava no Brasil no momento dos atos: “Dois crimes são relacionados à depredação de patrimônio. Eu estava nos Estados Unidos”.

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Bolsonaro também negou ter liderado organização criminosa armada e questionou a ausência de apreensões. “Se você pegar as polícias legislativas da Câmara e do Senado, nenhuma arma foi apreendida. Quer dizer, é uma denúncia que é difícil você se defender. É quase você se defender, por exemplo, de uma acusação de ter matado um marciano. E nem o corpo do marciano estava ali”, ironizou. “Querem me tirar do jogo político, porque as minhas inelegibilidades são tênues. Abuso de poder político e reunião com embaixadores."

“Não cogito prisão. Eu não fiz nada para perder a minha liberdade, algo mais sagrado que nós temos. É um estupro, uma condenação presa em cima de mim”, completou.

Eleições e nomes para 2026

Apesar de estar inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro indicou que pretende registrar sua candidatura à Presidência em 2026. “É entrar com pedido de candidatura. O TSE, no momento, vai decidir”, afirmou. Ele declarou não considerar a hipótese de substituição por outro nome da direita no momento: “No momento, eu vou até as últimas consequências”.

Ao ser questionado sobre possíveis herdeiros políticos, Bolsonaro não descartou apoiar nomes como Tarcísio de Freitas, Romeu Zema ou Ronaldo Caiado, mas também mencionou que ainda é cedo para decisões. “O Tarcísio continua sendo meu irmão mais novo. E vamos em frente. Nós não podemos dividir.”

Ele também mencionou a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. “A Michelle é a mais habilitada a ganhar a eleição, por exemplo.[...] Ela sempre dá uma boa mensagem de esperança, aponta algumas soluções.”

Ao comentar a articulação para as eleições legislativas de 2026, Bolsonaro disse buscar maioria no Senado. “Eu com metade do Senado, eu vou mandar mais que o presidente da República”. Ele acrescentou: “Não queremos perseguir ninguém. [...] Eu quero um Senado forte para equilibrar os Poderes”.

Eduardo Bolsonaro

"Está tudo pacificado entre Eduardo e Tarcísio", disse Bolsonaro. Nas redes sociais, o filho do ex-presidente criticou o governador de São Paulo.

"Prezado governador @tarcisiogdf, se você estivesse olhando para qualquer parte da nossa indústria ou comércio, estaria defendendo o fim do regime de exceção que irá destruir a economia brasileira e nossas liberdades. Mas como, para você, a subserviência servil as elites é sinônimo de defender os interesses nacionais, não espero que entenda", postou. O governador se reuniu nesta terça com empresários do estado para discutir o tarifaço.

O deputado também afirmou, ao Estadão, que, por "ora", não deve voltar ao Brasil, e deve "sacrificar" o seu mandato, já que sua licença expira no próximo dia 20 de julho. "O trabalho que estou fazendo aqui é mais importante do que o trabalho que eu poderia fazer no Brasil", disse.logo-jota