Opinião e Análise

Felipe Recondo

Quando assumiu a presidência do Supremo em 2004, o ministro Nelson Jobim planejou com seus dois sucessores no cargo – Ellen Gracie e Gilmar Mendes – uma linha administrativa que seria seguida em seus mandatos. Portanto, uma gestão de seis anos. O que, de fato, ocorreu.
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Quando Gilmar Mendes assumiu, combinou com o sucessor, Cezar Peluso, um gabinete de transição, também com o mesmo intuito: não atrapalhar a continuidade na gestão da Corte. Uma crise se instalou neste gabinete de transição, pois um dos encarregados quis colocar em dúvida decisões de Gilmar Mendes. Acabou ouvindo alguns xingamentos ao telefone.
Mas essa preocupação com a continuidade é recente. Até porque o tribunal era muito menor – em termos de administração e orçamento - do que é hoje. Mas há exemplos prosaicos dessa falta de continuidade de uma gestão para outra. E uma das mais claras, visíveis, enfeita a antessala do gabinete do presidente do Supremo.
Aliomar Baleeiro, presidente do Supremo, encomendou e pagou ao pintor Armando Romanelli pelos quadros com os retratos dos presidentes do Supremo. Dezesseis quadros foram entregues. Baleeiro deixou a Presidência, sendo sucedido pelo Eloy da Rocha, que suspendeu o contrato com Romanelli.
[caption id="attachment_255201" align="aligncenter" width="483"]<img class="wp-image-255201 size-full" src="https://www.jota.info/wp-content/uploads/2020/06/captura-de-tela-2020-06-13-as-18-52-45.png" alt="Aliomar Baleeiro, pintado por Armando Romanelli" width="483" height="599" /> Aliomar Baleeiro, pintado por Armando Romanelli[/caption]
Os dois, por sinal, protagonizaram alguns embates no tribunal – fora do plenário. O retrato de Baleeiro foi o primeiro a ser pintado na lista dos trabalhos. Romanelli passou a pintar os presidentes anteriores, mas não teve sequer tempo de concluir a lista.
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* A coluna ExCelso é um espaço para lembrarmos e discutirmos a história do Supremo Tribunal Federal por meio de imagens, documentos, entrevistas, livros. A coluna será publicada semanalmente e traz em seu nome uma referência ao atual decano, Celso de Mello, que, pela função e temperamento, funciona como a memória do tribunal. Quem assiste às sessões já se acostumou às suas referências que, não raro, vão até o Império e às Ordenações Filipinas, do século XVI.

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JOTA

Um dos mais visíveis exemplos de descontinuidade de gestão enfeita a antessala do gabinete do presidente do STF

ExCelso: Os retratos dos ministros do STF e a descontinuidade administrativa

Um dos mais visíveis exemplos de descontinuidade de gestão enfeita a antessala do gabinete do presidente do STF