Opinião e Análise

Flávia Maia

Durante as<a href="https://www.jota.info/stf/do-supremo/o-que-disseram-as-defesas-no-2o-dia-de-julgamento-de-bolsonaro-e-aliados-no-stf"> sustentações orais na ação penal sobre a tentativa de golpe</a> de Estado no Brasil, no Supremo Tribunal Federal (STF), os advogados dos réus recorreram a referências diversas para embasar seus argumentos — de poetas como Gonçalves Dias e Fernando Pessoa ao jurista Piero Calamandrei. Nem mesmo a sogra escapou.
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O advogado de Jair Bolsonaro, Paulo Bueno Cunha, citou o caso do capitão Alfred Dreyfus para dizer que o ex-presidente passa por um julgamento político. Dreyfus foi condenado de forma injusta em 1894, sob a acusação de vender informações secretas aos alemães. Anos depois, descobriu-se que o verdadeiro responsável era outro militar, e Dreyfus foi inocentado e reintegrado ao Exército.
Já o advogado Matheus Milanez citou uma frase do jurista Piero Calamandrei sobre injustiças:
“Como poderá dormir tranquilamente o juiz que sabe possuir, num alambique secreto, aquele tóxico subtil que se chama injustiça e do qual uma ligeira fuga pode bastar, não só para tirar a vida, mas, o que é mais horrível, para dar a uma vida inteira indelével sabor amargo, que doçura alguma jamais poderá consolar?”
O campeão de citações foi o advogado de Paulo Sérgio Nogueira, Andrew Fernandes Farias — que recorreu tanto a versos de Gonçalves Dias quanto a uma frase da própria sogra. De Dias, ele recitou trechos do poema I-Juca-Pirama: 
“Sou bravo, sou forte, / Sou filho do Norte; / Meu canto de morte, / Guerreiros, ouvi.” O trecho foi usado para reforçar a origem nordestina do militar.
Sobre a sogra, Farias disse: “Às vezes as palavras são como punhal, como uma arma. Machucam, doem. E me lembrei da minha querida sogra.”
Ele também citou a história do moleiro de Sans-Souci, em que o rei da Prússia Frederico II, conhecido como “o Grande”, queria construir um palácio em um local onde já havia um moinho, nas proximidades de Berlim. Diante da negativa do dono em vender, ameaçou tomar o bem sem indenização, mas o moleiro teria respondido que ainda existiam juízes em Berlim. Frederico II, então, recuou.
Por fim, Farias evocou Fernando Pessoa para dizer que o militar é como o personagem do poema Linha Reta, que admite suas falhas diante da falsidade e da hipocrisia das relações.

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Referências diversas foram usadas para embasar os argumentos – de poetas ao jurista Piero Calamandrei; nem mesmo a sogra escapou

Jurista italiano, Gonçalves Dias, caso Dreyfus: as referências usadas por advogados

Referências diversas foram usadas para embasar os argumentos – de poetas ao jurista Piero Calamandrei; nem mesmo a sogra escapou