
Após a retomada registrada ao longo de 2021, o setor de incorporação imobiliária deve manter um ritmo de produção próximo ao observado no ano passado, espera Luiz Antonio França, presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc). Os aumentos das taxas de juros e o descontrole inflacionário, apesar disso, permanecem no horizonte como downsides para a manutenção do crescimento da indústria em 2022.
No acumulado de 2021 até setembro, o setor de incorporação imobiliária apurou uma alta de 35,3% nos lançamentos e de 10,9% nas vendas, em comparação com igual período do ano anterior. O resultado foi abastecido pela conservação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) como principal fonte do financiamento e pela elevação do teto de financiamento do programa Casa Verde e Amarela.
A preservação do Casa Verde Amarela, o qual garante juros baixos para a população de baixa renda, e a desaceleração no ciclo de altas da taxa básica de juros são as apostas da associação para fechar este ano com números positivos. O quadro ainda está alicerceado na existência do déficit habitacional de 7,8 milhões de famílias e da possibilidade de avanço com a reforma administrativa.
“É muito importante que não haja um crescimento expressivo da Selic. Para isso, devemos considerar a urgência da reforma administrativa, que é uma forma que diminuir os gastos públicos e assim conseguir reduzir os juros futuros,” disse França em entrevista por email ao JOTA.
O último Boletim Focus projetou um Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 5,03% neste ano, acima da meta de inflação do Banco Central (BC), de 5%. A expectativa do mercado para a Selic em 2022 é de 11,50% ao ano. Hoje, a taxa está em 9,25%.
Além do alívio monetário, o executivo argumentou em favor da desburocratização do processo de venda do imóvel para reduzir os custos ao consumidor final. “A regulação do Distrato, por exemplo, aprovado em 2018, foi um item fundamental para a recuperação do setor nos últimos anos e a força desse marco legal precisa ser preservada para garantirmos a continuidade de um bom ambiente de negócio,” disse.
Porto seguro
As reformas tributária e administrativa são as principais pautas da Abrainc em Brasília. Ao lado, estão a defesa da manutenção do FGTS para financiamento imobiliário e a clareza na legislação ambiental.
“Os investidores precisam ter segurança jurídica para tomar suas decisões e alavancar seus negócios, o que traz mais oferta de emprego e geração de renda para a população,” salientou França. “Precisamos criar no Brasil um ambiente em que consumidores e investidores possam enxergar o mesmo horizonte no momento de comprar ou investir seu dinheiro”.