
Levantamento feito pela consultoria Quaest, encomendado pela plataforma de investimentos Genial, aponta que, na avaliação de 98% dos executivos do mercado financeiro entrevistados, a política econômica do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) caminha na direção errada. Para 90% dos executivos, a política fiscal do governo não deve gerar sustentabilidade da dívida pública. Foram ouvidos 82 executivos das maiores casas de investimento de São Paulo e Rio de Janeiro.
Em relação às expectativas para os próximos 12 meses, 73% afirmam que haverá recessão e 78% acreditam que a economia vai piorar. Comparando a visão dos executivos com a da população do país, essa relação praticamente se inverte: 62% dos brasileiros avaliam que a economia vai melhor, contra 20% que acham o oposto (a pesquisa nacional foi feita em fevereiro). Os executivos também estão pessimistas em relação aos investimentos externos: 42% dizem que vão diminuir e 38% que ficarão no mesmo patamar, contra apenas 20% que consideram que vão aumentar.
A pesquisa também quis saber o que os entrevistados estão projetando em relação ao dólar: 46% acham que vai superar R$ 5,30, contra 33% que acreditam que ficará abaixo desse patamar. Entretanto, 91% dos executivos avaliam que a taxa de câmbio deve diminuir se o governo apresentar um arcabouço fiscal crível, ou se a Reforma Tributária for aprovada (61%).
Por outro lado, 92% dos executivos avaliam que a taxa de câmbio deve subir se houver mudança no Banco Central, ou se os juros americanos chegarem a 6% ao ano (segundo 89% dos entrevistados). Porém, como o campo da pesquisa ocorreu antes de o presidente americano, Joe Biden, ter confirmado o resgate do SVB, não dá pra confiar em cenários com taxas de juros maiores. A rigor, os sinais até o momento indicam uma direção oposta.
Controle da inflação
Na avaliação de 68% dos executivos ouvidos, o governo não está preocupado com o controle da inflação, enquanto 32% pensam o oposto. De qualquer modo, 36% esperam uma inflação acima de 6% e 33%, abaixo desse patamar. Para 22%, a inflação ficará em 6%
Em relação à expectativa de o governo alterar a meta de inflação nos próximos seis meses, 57% consideram que a chance disso ocorrer é alta, contra 11% que avaliam que a chance é baixa; outros 31% classificam a chance de alteração como média ou regular.
Governo x BC
Nove em cada dez executivos do mercado definem como negativa a relação do governo Lula com o Banco Central e apenas 7% têm expectativa de que o relacionamento possa melhorar nos próximos meses; 43% acreditam que ficará igual e 49%, que vai piorar. De qualquer forma, 89% dos ouvidos no levantamento acreditam que a chance de exoneração do presidente do Banco Central é baixa.
Do total dos executivos ouvidos, 45% consideram que a chance de o Banco Central antecipar o corte de juros nos próximos seis meses é baixa; 39% avaliam como média/regular, e 16% com chance alta.
Nova âncora fiscal
Ao responder sobre o que é mais importante no arcabouço do novo desenho fiscal, os executivos citaram, prioritariamente, controle de gastos/despesas (32%) e gatilho/punição em não cumprimento e estabilização/dívida pública, ambos com 12%. O controle da inflação aparece na nona posição, mencionado por apenas 3% dos executivos do mercado.
Para 61% dos executivos, a chance do governo aprovar uma nova âncora fiscal nos próximos seis meses é alta; para 31%, a chance é considerada regular ou média, e 8% avaliam que a chance é baixa.
Avaliação do trabalho
A sondagem traz ainda a avaliação do trabalho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Para 90% dos executivos ouvidos, o trabalho de Lula é negativo e outros 10%, regular. Em relação à atuação de Haddad, 10% acham positiva; 52%, regular; e 38%, negativa.
Sobre a pesquisa
A pesquisa Genial/Quaest “O que pensa o mercado financeiro” é uma sondagem realizada pela consultoria Quaest que busca medir o humor do mercado sobre a política econômica no governo Lula e sobre as expectativas para os próximos meses. A pesquisa consultou 82 gestores e economistas das maiores casas de investimento de São Paulo e Rio de Janeiro de forma online, entre os dias 10 e 10 de março. Não há margem de erro calculada para esse levantamento.