Lei das Estatais

Lewandowski concede liminar e estatais poderão ter indicados políticos sem quarentena

Julgamento havia sido interrompido por André Mendonça, que pediu vista. Há pressa por conta do calendário de indicação para estatais

Ministro Ricardo Lewandowski
Ministro Ricardo Lewandowski | Crédito: Rosinei Coutinho/SCO/STF

O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu liminar na noite desta quinta-feira (16/3) retirando a quarentena de três anos para que dirigentes partidários, ministros e secretários assumam cargos de direção e nos conselhos administrativos de empresas públicas, sociedade de economia mista e subsidiárias. O ministro atende a um pedido do PCdoB, autor da ação, que argumentou que a interrupção do julgamento do mérito por André Mendonça no sábado (11/3) prejudica o calendário de indicação dos membros das estatais este ano. A ADI 7331 estava em plenário virtual para análise do colegiado até 17/3.

De acordo com o partido, o dia 30 de abril de 2023 é a data limite exigida por lei para a realização das assembleias nas empresas estatais e os administradores deverão encaminhar os documentos relacionados à pauta até dia 30 de março de 2023. Como Mendonça tem 90 dias para devolver a vista, o partido argumentou que o prazo de indicação dos nomes para a diretoria e conselho de administração seria perdido. A legenda, portanto, requereu a liminar.

A liminar de Lewandowski mantém o conteúdo de seu voto proferido em plenário virtual no dia 10 de março. Portanto, o ministro entende que as alterações na Lei das Estatais feitas em 2016, durante a gestão de Michel Temer, são inconstitucionais. A liminar será colocada em plenário virtual para referendo no dia 31 de março.

“Dessa forma, a boa governança das empresas estatais e sociedades de economia mista, fundada em regras de integridade, transparência, prestação de contas e efetividade, por óbvio, é imperativa, desde que ancorada na Carta Magna e na legislação ordinária que a complementa, cujos preceitos – como não poderia deixar de ser – devem ser escrupulosamente observados”, escreveu o ministro.

A ação foi proposta pelo PCdoB, partido da base aliada de Lula. Há interesse do novo governo em derrubar os dispositivos da Lei das Estatais para que o partido ganhe mais poder de barganha, o que pode ser importante para a composição de maioria no Congresso e aprovação de pautas essenciais ao governo, como a reforma tributária e demandas sociais.

Além disso, se o STF considerar as alterações inconstitucionais, há outro aspecto de vitória política a Lula: simboliza o desmonte de normas que surgiram como consequência da Operação Lava Jato, em que o PT e o próprio presidente foram os alvos centrais. A alteração da Lei das Estatais, feita no governo de Michel Temer, foi uma resposta à época dos escândalos de corrupção envolvendo, principalmente, a Petrobras e suas subsidiárias.