
Imagens inéditas do circuito interno do Supremo Tribunal Federal (STF) mostram os momentos exatos da invasão do prédio no dia 8 de janeiro e os vândalos atacando o plenário, roubando as togas e as vestindo em seguida. Os vídeos também mostram a destruição do acervo como obras de arte, entre elas, o quadro “Os Bandeirantes de Ontem e de Hoje”, do artista Masanori Uragami. A obra, feita em 1971, é um mural de 8,75m².
É possível ver o momento em que um golpista pega a réplica da Constituição e a levanta. Os terroristas ainda tentam colocar fogo no plenário, mas o fogo não se alastra.
Pelas imagens, observa-se que, por volta de 15h25, o grupo golpista começa a avançar sobre o prédio do Supremo vindo do Congresso Nacional e não encontra resistência da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). Inclusive, o cordão humano feito pela PMDF para impedir o avanço dos manifestantes é insuficiente e menor do que o feito pela polícia judicial. Em certo momento, imagens feitas de drone mostram que quatro viaturas da PM que faziam a segurança do prédio são retiradas do local. Os PMs estavam sem capacetes e os cassetetes usados pela Polícia Militar foram emprestados pela polícia judicial do Supremo.
Dois caminhões tentam impedir o avanço dos manifestantes, mas a posição vertical em que estão estacionados impede pouco a investida dos vândalos. Os primeiros golpistas tomam sem esforço as dependências do prédio do STF e vão abaixando as grades para o avanço dos demais. A estimativa é que 6 mil pessoas participaram dos ataques na Praça dos Três Poderes.
A polícia judicial usa bombas de gás lacrimogêneo, mas o vento acaba favorecendo os golpistas. Além disso, uma bandeira do Brasil gigante age como um escudo protegendo os golpistas do gás e dos tiros de borracha. As imagens também mostram os vândalos usando máscaras contra gás e tampando o rosto com máscaras cirúrgicas e lenços, outros usam luvas para facilitar o ataque com granadas. As grades de contenção foram as ferramentas utilizadas para quebrar os vidros do prédio principal do Supremo.
Desde que foram detectadas ameaças ao prédio do Supremo, ainda na gestão do ministro Luiz Fux, a equipe de segurança intensificou a compra de equipamentos de proteção, mas eles foram insuficientes diante da força do ataque. O plano do Centro Integrado de Operações de Brasília – em que todos os órgãos participam de reuniões e são delimitadas as funções e atribuições de cada ente na segurança da Esplanada – previa barreiras de contenção na Esplanada e próximo da Alameda dos Estados, o que não ocorreu. Assim como não ocorreu nenhum tipo de revista.
O efetivo de polícia judicial do STF não foi informado, mas fontes calculam que foi o mesmo número do 7 de setembro. Após a entrada efetiva dos vândalos, os vídeos mostram a equipe de segurança tentando resguardar o acesso ao subsolo do prédio principal que dá acesso aos anexos I e II onde estão os gabinetes do ministro. No total, foram presas oito pessoas pela polícia judicial.
Pelos vídeos, também é possível perceber que os golpistas conheciam a planta do prédio. Inclusive, entre os presos, há uma pessoa que trabalhava no STF. A invasão só começa a ser amenizada com a presença da Polícia Federal, polícia judicial e o Bope da PMDF.
Após os atos de terrorismo, o STF deve intensificar a segurança e, entre as modificações, está a alteração de vidros antivandalismo para blindados.