Opinião e Análise

Carolina Barboza

Em razão dos avanços tecnológicos e da dinamicidade da atualidade, novas operações econômicas ainda pouco conhecidas estão sendo implementadas e, como de praxe, o mercado demanda e propõe suas respectivas denominações. É diante desse cenário e da notória modificação nos hábitos de lazer da sociedade, em especial pela gradual expansão do acesso às mídias sociais, à internet e aos programas de streaming, que cada vez mais empresários buscam por soluções inovadoras para destravar e alavancar os mais diversos modelos de negócios.
É exatamente o que ocorre com o modelo atualmente conhecido como “media for equity”, que nada mais é do que uma alternativa de investimento originada na Europa. Sua principal motivação é a busca pela diminuição da taxa de insucesso de startups, sendo possível, com a sua implementação, negociar modelos de marketing e publicidade em troca de participação societária. Como consequência do momento atual de pandemia, no qual a circulação de pessoas se dá de forma limitada, percebeu-se que a influência das mídias foi amplificada de forma considerável, trazendo o "media for equity" para o foco como uma solução inovadora capaz de alavancar modelos de negócio.
<a href="https://www.jota.info/produtos/tributos?utm_source=Banner%20site&amp;utm_medium=Artigos&amp;utm_campaign=CTA_Tributos_materias"><img class="aligncenter cta-tributos size-full" src="https://www.jota.info/wp-content/uploads/2021/09/cta-jota-pro-tributos.png" width="688" height="688" /></a>Um dos casos da atualidade que bem exemplifica o referido modelo de investimento é a eleição da cantora Anitta como membro do conselho de administração da fintech Nubank. O CEO e fundador da empresa, David Vélez, afirmou que “Anitta tem profundo conhecimento do comportamento dos consumidores nesses mercados que tem explorado e muita experiência em estratégias de marketing vencedoras. Essas competências foram chave para convidá-la para o conselho”.
A afirmação do CEO deixa clara a intenção de utilizar-se de pessoa influente no mercado como forma de marketing, não somente através da imagem da cantora, mas também através da adoção das estratégias de marketing por ela já utilizadas e, consequentemente, exitosas, diante do evidente sucesso da sua carreira. Mas, afinal, qual é o modelo jurídico que está por trás disso?
Trata-se de um modelo alternativo de corporate venture capital que busca trazer conhecimento de marketing para o fluxo de inovação de uma startup. Cumpre destacar que venture capital pressupõe o conceito de um modelo de investimento focado em empresas em fase inicial de desenvolvimento, mas que já não se encontram mais em fase embrionária, além de apresentarem perfil inovador e com alto potencial de crescimento. Em suma, trata-se de um modelo de investimento no qual um sócio está disposto a injetar capital mediante aquisição de participação acionária, na expectativa de receber retorno financeiro no momento da sua saída da empresa, diante da valorização das ações adquiridas.
Em cenário similar se encaixa o "media for equity", pois o impulsionamento da startup por meio de mecanismos de marketing influenciará a valorização da empresa e, consequentemente, proporcionará ganhos em participação societária ao influenciador midiático. O objetivo desse modelo é justamente ampliar o engajamento público da startup em troca de participação acionária, na expectativa de valorização da empresa em razão da exposição proporcionada pelo "media for equity" implementado.
Via de regra, a estrutura jurídica e contratual adotada para implementação do "media for equity" ocorre mediante o ingresso da pessoa ou marca chave como sócio da startup ou, ainda, mediante a celebração de instrumento de opção de compra de ações ou quotas, o que possibilitará um ingresso futuro no quadro de sócios. Em ambos os casos, serão bem definidas as funções e atribuições deste novo ou futuro sócio, uma vez que o seu papel terá como função primordial a promoção da empresa nas mídias, podendo estar ou não atrelada a metas e métricas de crescimento. O principal atrativo desse modelo de investimento, especialmente para as startups, é que se trata de um recurso não financeiro que implica em uma redução de custos de marketing e proporciona aumento do acesso ao mercado, além de incorporar à empresa credibilidade e legitimidade, consolidando o seu branding. O "media for equity" possibilita maior visibilidade à empresa por meio de recursos de mídia, dispensando-se a necessidade de input financeiro direto, caracterizando o modelo como um investimento com retorno inicial bastante eficiente.
Ainda, o "media for equity" é considerado um formato de investimento mais adequado a empresas que fornecem serviços business-to-consumer (B2C), uma vez que utiliza uma estratégia de marketing clara para determinar os melhores canais para atração de novos clientes e utiliza a internet como impulsionador. Entretanto, também poderá ser utilizado por empresas business-to-business (B2B) com objetivo e finalidade diferentes, tais como a consolidação da sua reputação ou da sua marca no mercado.
O "media for equity" proporciona às empresas em expansão, sem necessariamente investir capital, a possibilidade de aumentar a base de clientes, visibilidade no mercado e, consequentemente, o seu valor. A empresa alavanca não somente seu conhecimento técnico em marketing, mas também recebe atributos de confiança, legitimidade, reputação e negociação vantajosa de valores da mídia, que possibilitam crescimento de receita sem desembolso de caixa.
Considerando que o personagem objeto do "media for equity", seja ele uma pessoa ou uma marca chave, contribuirá com sua capacidade técnica e atuará de forma específica na alavancagem da startup, é possível que a ele caiba optar por inserir-se em uma estrutura mais complexa de governança, podendo até mesmo exigir um assento no conselho de administração ou outro órgão da administração que proporcione a participação nos rumos e decisões da empresa.
Portanto, a melhor estrutura societária será aquela formatada com equilíbrio entre os interesses do influenciador midiático e da empresa investida acerca do compartilhamento de riscos, remuneração das partes e poderes de gerência, dentre outras definições estratégicas essenciais a tais negociações.

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JOTA

Modelo negocia marketing e publicidade em troca de participação societária e tenta diminuir taxa de insucesso

O &#8216;media for equity&#8217; como meio de investimento em startups

O 'media for equity' como meio de investimento em startups

Modelo de 'media for equity' negocia marketing e publicidade em troca de participação societária e tenta diminuir taxa de insucesso