Opinião e Análise

Maria Alicia Lima Peralta

Paulo Samico

No dia 23 de junho de 2021, a coluna Legal &amp; Business publicava seu <a href="https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/legal-business/departamento-juridico-4-0-e-as-novas-tecnologias-23062021">primeiro texto</a> neste JOTA. Nesta data, ainda vivíamos em uma pandemia, um momento inimaginável da nossa história, digno dos filmes de ficção mais distópicos.   
Embora não estivéssemos mais no auge da doença, <a href="https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noticia/2021/06/23/brasil-registra-2343-mortes-por-covid-em-24-horas-total-passa-de-507-mil.ghtml">contabilizávamos a trágica partida de meio milhão de pessoas</a> apenas no Brasil. Ainda vivíamos sob os efeitos das mudanças radicais que impactaram nosso estilo de vida: na forma de trabalhar, de (não) interagir com as pessoas mais próximas, de fazer exercício, de fazer compras, de aprender, de assistir a shows, de fazer a advocacia.  
O ano de 2021, que começara sem Réveillon, nem Carnaval, viu <a href="https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2021/06/21/dia-olimpico-sera-celebrado-em-23-de-junho-entre-expectativa-e-preocupacao">chegar uma Olimpíada</a> sem público e com um ano de atraso. Os cartazes com os dizeres “Tóquio 2020” simbolizavam o ano que não existiu para os milhares de atletas olímpicos e, de certa forma, para todos nós, que adiamos planos, projetos, viagens, casamentos, aniversários.  
Apesar de tantas interrupções, o mundo não parou, muito menos o mundo jurídico. Dentro dele, em 2021 vimos inúmeras decisões judiciais mudarem o curso da política brasileira. O código penal passou a contar com o artigo 147-A, tipificando o crime de stalking (perseguição). Foi sancionada a lei que prevenia superindividamento de consumidores (Lei 14.181/21). As sanções da LGPD começam a valer.   
O ano de 2022 começou com a OMS reconhecendo o burnout (CID 11) como doença ocupacional. O STF reconheceu ao genitor monoparental o direito à licença-maternidade de 180 dias. O CNJ definiu retorno obrigatório e audiência virtual como exceção. Saiu a sentença do caso paradigmático que define o marco em iniciativas pró-inclusão: a 15ª Vara do Trabalho de Brasília/DF entende que processo de trainees só para negros não é discriminação.  
Nestes últimos dois anos, vimos o metaverso nascer, não crescer e morrer (será?). Ou pelo menos ficar um tempo na geladeira. Acompanhamos a evolução cultural do mundo corporativo, em uma era onde empresas começam a apostar no regime híbrido como a solução para potencializar a entrega dos colaboradores. Se o presencial deveria ter dias obrigatórios ou não, deixaremos para outra oportunidade. Nós vimos o debate sobre a agilidade crescer (qual metodologia sua equipe usa?), o desejo por dashboards aumentar (com KPIs e indicadores) e enfim, o ChatGPT roubar a cena.  
Aliás, em matéria de inteligência artificial, vimos o <a href="https://www.tecmundo.com.br/software/262572-inteligencia-artificial-generativa.htm">debate começar</a> com a IA estreita ou limitada (realizam uma única tarefa autônoma), passando pela IA geral (programadas para refletir sobre as informações aprendidas previamente), para atualmente discutirmos o impacto e o poder da IA generativa (capaz de gerar criações a partir de modelos pré-concebidos). Seja em apoio à automação, à geração de textos ou imagens, o debate ainda está quente, sobretudo pelo fato do viés preconceituoso que um algoritmo pode possuir (uma vez que uma pessoa preconceituosa pode ter escrito o seu código).  
Olhar em perspectiva para o que aconteceu no mundo e no cenário jurídico nos últimos dois anos traz uma melhor compreensão sobre as contribuições que esta singela coluna se propôs a fazer pela advocacia corporativa.   
Aproximadamente 48 autores e autoras depositaram sua confiança e conhecimento na Legal &amp; Business. Os assuntos foram os mais variados, mas fortemente impactados pelos “trending topics” daquele mundo pandêmico: inovação, avanços tecnológicos no direito, visual law, ferramentas jurídicas no mundo virtual, os avanços da agenda ESG, a necessidade inadiável de falar sobre Diversidade &amp; Inclusão, resolução de conflitos, governança corporativa, a função do Legal Business Partner, segurança cibernética, maternidade, liderança, comunicação, advocacia corporativa, contratos e gestão jurídica.   
Como os artigos da coluna demonstraram, muita coisa está mudando. Em pouco mais de dois anos, observamos uma evolução considerável na tecnologia e como times criativos têm utilizado a inovação a seu favor para obter resultados ainda mais expressivos. Seja com o apoio da jurimetria, da automação, da gestão orientada por dados ou utilizando técnicas de legal design, a questão é que estamos caminhando para um destino sem volta. O mundo jurídico está totalmente imerso em um oceano de possibilidades e recursos que outras profissões (cientistas de dados e engenheiros, por exemplo) podem nos oferecer. Não voltará mais a se isolar no Olimpo, nem que assim desejasse.   
Um dos sinais mais claros dessa evolução é certamente o crescente interesse na nova área que está fazendo barulho em escritórios e departamentos jurídicos: a área de Legal Operations. Para atender ao interesse e curiosidade sobre o tema, promovemos uma parceria com a Comunidade Legal Operations Brasil, a CLOB, trazendo ainda mais conteúdo por aqueles que vivenciam Legal Ops na prática. O espaço CLOB Insights também inova ao trazer imagens em inteligência artificial para ilustrar os artigos.  
Mas, como diz o título deste artigo, é preciso olhar o futuro com os pés no presente. Nesse sentido, é necessário concluir que, mesmo com toda a tecnologia e os recursos mais avançados, as pessoas continuam fazendo a diferença.   
O impacto de uma liderança exercida com foco nos colaboradores, observando delegações eficientes, tomada de decisões assertivas e uma gestão que busca sempre a melhoria contínua estará sempre na moda. Seja nos próximos dois anos ou nas próximas duas décadas.   
No nosso artigo introdutório, lembramos da música “Man in the mirror”, de Michael Jackson, que dizia que a mudança começa com a pessoa que vemos no espelho. Naquele momento, fizemos três questionamentos que permanecem válidos:   
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<li data-leveltext="%1." data-font="Calibri" data-listid="6" data-list-defn-props="{&quot;335552541&quot;:0,&quot;335559684&quot;:-1,&quot;335559685&quot;:1069,&quot;335559991&quot;:360,&quot;469769242&quot;:[65533,0],&quot;469777803&quot;:&quot;left&quot;,&quot;469777804&quot;:&quot;%1.&quot;,&quot;469777815&quot;:&quot;hybridMultilevel&quot;}" aria-setsize="-1" data-aria-posinset="1" data-aria-level="1">Quanto do seu tempo você tem dedicado a aprender sobre novas tecnologias e seu impacto nas funções de seu departamento? </li>
<li data-leveltext="%1." data-font="Calibri" data-listid="6" data-list-defn-props="{&quot;335552541&quot;:0,&quot;335559684&quot;:-1,&quot;335559685&quot;:1069,&quot;335559991&quot;:360,&quot;469769242&quot;:[65533,0],&quot;469777803&quot;:&quot;left&quot;,&quot;469777804&quot;:&quot;%1.&quot;,&quot;469777815&quot;:&quot;hybridMultilevel&quot;}" aria-setsize="-1" data-aria-posinset="1" data-aria-level="1">Quanto você tem se dedicado a proporcionar ao seu time as ferramentas e treinamentos necessários para melhor prepará-los para essa nova realidade? </li>
<li data-leveltext="%1." data-font="Calibri" data-listid="6" data-list-defn-props="{&quot;335552541&quot;:0,&quot;335559684&quot;:-1,&quot;335559685&quot;:1069,&quot;335559991&quot;:360,&quot;469769242&quot;:[65533,0],&quot;469777803&quot;:&quot;left&quot;,&quot;469777804&quot;:&quot;%1.&quot;,&quot;469777815&quot;:&quot;hybridMultilevel&quot;}" aria-setsize="-1" data-aria-posinset="1" data-aria-level="1">De que maneira você pode como atuar como um catalisador dessa transformação, construindo o seu legado para a próxima década?   </li>
</ol>
Essas perguntas permanecem válidas. A mudança está acontecendo – e acontecendo rápida demais. Como vimos nesse artigo de comemoração, muita coisa aconteceu no último biênio. Poderíamos ter enumerado quais foram as evoluções dos times mais premiados, os cases de maior impacto e as iniciativas mais comentadas. Mas seria mais do mesmo. Se essas palavras atingirem uma única pessoa que venha a provocar a mudança em sua equipe, atingimos nosso propósito. 
 As mudanças que queremos em nossas equipes devem começar por nós, hoje. Aposente os PPTs em todas as reuniões. Se é operacional e repetitivo, automatize. Não espere a perfeição para começar e invista em provas de conceito com startups. Com iniciativas de fácil implementação e alto impacto, rapidamente a mudança começa a acontecer.  
Enfim, queremos acreditar que cumprimos o que prometemos. Ao criar a coluna, o objetivo era trazer um canal confiável, com especialistas que pudessem disseminar conteúdo para aqueles que, de alguma forma, lidam com Departamentos Jurídicos em seu dia a dia profissional. Proporcionar o mais genuíno conhecimento aliado à sabedoria. Como disse o jornalista britânico Miles Kington: “Conhecimento é saber que um tomate é fruta. Sabedoria é saber que não se deve usar um tomate em uma salada de frutas”.   
Continuaremos a contar com as melhores autoras e autores para contar suas histórias aqui no JOTA. Para consumir esse conteúdo de qualidade, somos privilegiados em ter a audiência de um público fiel e qualificado. São leitores que possuem o olhar no futuro, mas definitivamente não se esquecem que seus pés estão fincados no momento presente, sustentando as ações farão desse novo horizonte um lugar cheio de oportunidades, fazendo do Jurídico um grande aliado na construção de um ambiente de negócios ágil, seguro e inovador. Que venham os próximos 20 anos!

legal e busi

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Legal & Business faz 2 anos e relembra acontecimentos do último biênio

O olhar no futuro com os pés no presente

A coluna Legal & Business faz 2 anos no JOTA e relembra acontecimentos do último biênio