ESG: É Sobre Gente!

A revolução que vem das bases e pressiona por mais práticas e menos discurso

Como entender ESG nas empresas, hoje?

ESG
Crédito: Unsplash

A moda se intitula sustentável, os prédios e casas também, a comida nem se fala. Nas equipes, prega-se a diversidade, a consciência social deve ser total e o apoio às comunidades e às medidas que propagam ética e transparência, muito mais. E, no meio disso tudo, dá-lhe lives, posts, palestras, propagandas. O discurso é vasto. Mas e a prática, como anda nas empresas, sejam elas públicas ou privadas?

Do que estamos falando? Dessas três letrinhas aí em cima, título do nosso espaço aqui: ESG. Uma sigla relativamente nova para causas bem antigas que vão se avolumando com as novas tendências ao longo de décadas. Só aí já há um sinal de que a velocidade da fala está desconectada da prática. Os anos passam e só acrescentamos novas letras ampliando um conceito de “sustentabilidade” que começou lá atrás, antes da década de 1970.

Como entender ESG nas empresas, hoje? Acredito que, talvez, a forma mais fácil seja encarar o termo como um modo de pensar e, sobretudo, de agir para fazer negócios que valoriza a ética, a transparência, o respeito às pessoas, à diversidade em seus vários aspectos e que tem uma visão responsável com o meio ambiente e a sociedade. É algo que vem de dentro para ser oferecido para quem nos olha de fora. Para muitos, um termo ainda genérico, difícil de mensurar, de atrelar resultados. Você concorda?

Pense no seguinte: você quer impressionar e conquistar alguém. Você acredita que a sua essência importa? Os valores que pautam suas atitudes são relevantes para manter o relacionamento que você quer com esse alguém, ou você acha que a aparência é suficiente? É preciso falar, mostrar e viver de acordo com esses valores?

Então ESG é muito de como você impacta o outro pelo que você é. E aí está o problema: quem é você? Marcas, não interessa o segmento, são feitas por pessoas e para pessoas. É gente trabalhando para conquistar gente. Colaborador se relacionando com cliente. OK. Sei que posso parecer óbvia, mas nos últimos sete anos me aprofundando no mundo corporativo vejo que ainda há muito ruído nessa conversa.

Por exemplo, não dá mais para reduzir a discussão nas empresas a questões ambientais como se fez durante décadas. E, para isso, surge ESG. Sim, até concordo que ela é um filhote da sustentabilidade e do debate sobre meio ambiente. A luz acendeu por questões econômicas. Porém, as necessidades se ampliaram e o olhar foi além de um tópico apenas. E a revolução tecnológica acrescentou o ingrediente “velocidade” de adaptação a essas novas demandas, que está cobrando um preço alto das empresas.

Se o problema está mapeado é só encaminhar a solução, correto? Não é bem assim. Há um ponto aí que, acredito, precisa de muita atenção: gente. Gente que faz (os colaboradores das empresas) e gente que compra produtos e serviços (o famoso cliente). E o molho que rega essa relação é a cultura corporativa, o jeito com que você faz o que faz.

Na esteira de uma cultura empresarial de comando e controle em que foi criada, a liderança oriunda da Geração X (aqueles nascidos nas décadas de 1960 e 1970) que, hoje, ainda é parte significativa da cúpula do meio corporativo, se juntou aos Millennials – a chamada Geração Y, formada por pessoas que nasceram a partir da década de 1980 até pouco antes do fim dos anos 1990 e que foram as primeiras a conviver desde bem cedo com internet, smartphones e uma conexão resultado da transformação digital. Hoje, elas têm entre 27 e 40 e poucos anos de idade.

Em campo, estão pessoas com diferenças importantes ligadas ao modelo econômico em que nasceram, cresceram e se desenvolveram profissionalmente. A facilidade com que se descartam coisas e a comodidade das atualizações (update) constantes são características dos Millennials e pautam comportamentos que contrastam com o apego dos nascidos na Geração X. Enquanto os “Y” precisam sentir que são parte, que são ouvidos e influenciam o ambiente, os “X” foram acostumados a meios mais regulados, menos colaborativos. Atualmente, estima-se que os Millennials representam quase metade da força de trabalho e, em sua grande maioria, são liderados pelos “X”. E esse “choque cultural” aumenta a pressão por mudanças.

E, para completar, entra no mercado a geração seguinte, a GenZ, que nasceu na virada dos anos 2000 e acha tudo “cringe”, mas se une aos Millennials no conceito ESG num mundo com um sentimento de interconexão que nunca se viu. Mas como os “X”, os “Y” e os “Z” podem construir uma relação rentável para as empresas e sustentada por políticas de governança e responsabilidade social e ambiental, os temas da cartilha ESG?

“Essa é a pergunta de US$ 1 milhão”, retrucou meu marido aqui na cadeira ao lado enquanto escrevia. Mas meu ponto é: o que você aí na sua empresa está fazendo para ativar sua liderança (seja ela X, Y ou Z) a partir desse conceito? Como acredita que os valores ESG estão, de fato, incorporados por ela e o quanto ela está atenta para atender às demandas em vez de sufocá-las? Em especial, as do seu primeiro cliente: seu colaborador?

Vamos conversar um pouco mais sobre isso aqui neste espaço a partir de agora? Me comprometo a trazer as provocações e alguns subsídios para o debate. Você pode ficar com a reflexão e a ação aí desse lado? Então, nosso encontro está combinado. Estarei aqui a cada 15 dias e você pode mandar sugestões para debatermos. Conto com você neste papo.