
Pressionado pelos sinais de recuperação do presidente Jair Bolsonaro (PL) nas pesquisas eleitorais, o ex-presidente Lula (PT) desembarca em Brasília nesta quarta-feira (27) na tentativa de estreitar pontes em direção ao PSD.
O entorno petista ainda acredita que pode forçar ao menos uma eventual neutralidade da sigla de centro no primeiro turno da eleição presidencial. Mas, para isso, sabe que terá de romper com a tradição hegemonista, cedendo espaços importantes em palanques regionais. Há dois movimentos principais em construção.
O primeiro, com desfecho mais bem encaminhado, relacionado a Pernambuco, estado emblemático para o PSB de Geraldo Alckmin. Depois de abrir mão da candidatura do senador Humberto Costa (PT) ao governo, o partido também deve ceder a prerrogativa de indicar o nome ao Senado na chapa, dando o posto ao deputado federal André de Paula, presidente do PSD pernambucano. O esforço é para que o anúncio saia até o fim de semana, a tempo de a definição ser anunciada antes do fim do encontro organizado pelos socialistas em Brasília, a partir desta quinta-feira (28), para aprovar as bases da autorreforma da legenda, repaginada com inclinações mais ao centro.
“Quem apoia também serve para ser apoiado. Se o estado onde Lula nasceu o PT não conseguir fazer prevalecer a tese de que a prioridade do partido é o palanque nacional, o que restaria?”, resume um petista entusiasta da articulação.
O outro arranjo em andamento envolve Minas Gerais. Para garantir o apoio do ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil, pré-candidato ao governo, o PSD fez chegar aos ouvidos do PT que não abre mão da candidatura ao Senado de Alexandre Silveira, presidente da legenda no estado e braço direito do presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Isso afastaria os planos de uma ala petista para viabilizar o nome do líder da bancada na Câmara, Reginaldo Lopes, diante da necessidade de obter palanque no segundo maior colégio eleitoral do país. O ultimato dado pela bancada do PSD ao PT é o dia 10 de maio.
A ofensiva de Lula para alargar a aliança em torno da própria candidatura ocorre em um momento em que o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) tem estreitado conversas com o presidente do PSD, Gilberto Kassab, depois do fracasso da legenda em viabilizar uma candidatura própria.
Para neutralizar a aproximação, uma ala do PT tem demonstrado disposição em acenar ao partido de centro com mais espaço no Ceará, reduto eleitoral da família Gomes. Esbarra, no entanto, nas pretensões do partido no estado em apoiar a candidatura ao governo da pedetista Izolda Cela, seguido da já definida indicação do ex-governador Camilo Santana (PT) a uma vaga ao Senado.