Opinião e Análise

José David

<p>No próximo dia 2 de outubro, cada brasileiro apto ao voto apontará cinco candidatos que poderão vir a ocupar cargos eletivos de grande importância para a condução dos estados, do Distrito Federal e do Brasil. Serão eleitos deputados estaduais ou distritais, deputados federais, senadores da República, governadores e o(a) presidente da República. Vale destacar que, caso necessário, poderá ocorrer o segundo turno em 30 de outubro para definição dos eleitos aos cargos do Poder Executivo, quais sejam, governador e presidente.</p>
<p>Por certo, as propostas apresentadas por todos os candidatos são de crucial importância para a democracia, apontando as ideias e projetos de cada um, dentro de suas competências e atribuições constitucionais. Em breve síntese, deputados estaduais ou distritais indicarão as propostas voltadas às questões estaduais e do Distrito Federal; deputados federais apontarão projetos de âmbito nacional, consideradas as especificidades da unidade federativa pela qual poderão ser eleitos; senadores da República tratarão de temas para o Brasil e do equilíbrio do federalismo; estes três, futuros integrantes do Poder Legislativo. Na seara do Poder Executivo, postulantes a governadores trarão propostas voltadas à execução das questões de seus estados ou do Distrito Federal, e os candidatos à Presidência da República indicarão proposições para o encaminhamento de questões nacionais e de representação do Estado brasileiro perante o mundo.</p>
<p>É sobre estes últimos que é direcionada maior atenção, já que a escolha do(a) presidente da República afeta diretamente o cotidiano de todos os brasileiros nos temas que são mais caros aos cidadãos. Neste contexto, conhecer as propostas dos presidenciáveis sobre saúde, educação, segurança, economia, relações exteriores, condução de políticas internas e externas e programas de assistência social, entre outras importantes questões, é de suma importância para que a escolha do voto seja feita de forma consciente e equilibrada, visando o desenvolvimento do país e o encaminhamento dos principais problemas e inquietações que afetam a vida dos brasileiros. O foco aqui serão as propostas em relação ao agronegócio.</p>
<p>No pleito de outubro, <a href="https://www.jota.info/eleicoes/candidatos-a-presidencia-em-2022-quem-sao-23082022">concorrem à Presidência da República 13 candidatos</a>, de acordo com informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Apesar da pluralidade de candidatos ser uma característica sadia de uma democracia sólida e vibrante, os fatos, a estrutura político-partidária e as pesquisas de intenção de voto indicam que apenas alguns dos pleiteantes ao Palácio do Planalto possuem reais chances de eleição ao cargo máximo da nação. Neste sentido, serão aqui abrangidas as propostas em relação ao agronegócio dos seis candidatos mais bem posicionados na média das pesquisas eleitorais registradas no TSE, apontados em ordem alfabética, quais sejam: Ciro Gomes (PDT), Felipe D’Avila (Novo), Jair Bolsonaro (PL), Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil).</p>
<h3>Ciro Gomes</h3>
<p>No que concerne às propostas de governo registradas no TSE quanto ao agronegócio nacional e sua ampla cadeia produtiva, comercial e exportadora, o candidato <a href="https://www.jota.info/eleicoes/ciro-gomes-o-candidato-sem-papas-na-lingua-que-tenta-pela-4a-vez-chegar-a-presidencia-23052022">Ciro Gomes</a> endereçou poucos temas especificamente sobre o assunto, porém propôs maior segurança fundiária e a conciliação entre lavoura, pecuária e floresta através de crescimento econômico sustentável e envolvimento das populações locais, especialmente na região amazônica, em atividades econômicas rentáveis e sustentáveis. Cita-se o fomento à produção de combustíveis verdes, contudo, sem um claro endereçamento ao setor sucroalcooleiro, em maior evidência nos tempos atuais.</p>
<h3>Felipe D'Avila</h3>
<p>O candidato do Novo, em seu plano de governo, indica o apoio à agricultura de precisão e o fomento à produção com maior valor agregado, que beneficiaria as exportações e, por consequência, a balança comercial do país. Aponta para a criação de um programa de reflorestamento nativo e desmatamento zero, que geraria renda e oportunidades no interior do Brasil, assim como destaca a produção do etanol, de biomassa e de fertilizantes orgânicos como fontes de energia e produção limpas que devem ser estimuladas. Áreas degradadas poderiam ser objeto de plantio de espécies vegetais e fixação de carbono, nos termos das propostas. Há especial menção à pecuária, com estímulo à integração da atividade com a floresta. No mais, Felipe D’Avila aponta que o agronegócio brasileiro é competitivo na arena global, e novos acordos comerciais fundamentados em bases sustentáveis e de carbono neutro devem ser firmados para fomentar a produção no setor e gerar divisas ao país.</p>
<h3>Jair Bolsonaro</h3>
<p><a href="https://www.jota.info/eleicoes/jair-bolsonaro-a-trajetoria-militar-e-politica-do-presidente-que-busca-a-reeleicao-13052022">Jair Bolsonaro</a>, candidato que tenta a reeleição, aponta o setor agropecuário como um dos mais importantes da economia brasileira, destacando estímulos às empresas beneficiadoras, às cooperativas rurais e aos pequenos e médios produtores. Há menção às soluções sustentáveis do setor, com equilíbrio entre economia, sociedade e meio ambiente, que devem ser fomentadas visando à substituição de equipamentos, máquinas e implementos poluentes e das fontes fósseis e não renováveis de energia e produção. Estimula-se o desenvolvimento e incorporação de soluções biotecnológicas, visando o crescimento vertical do agronegócio e a promoção da competitividade e a transformação do setor.</p>
<p>São apontadas as intenções de universalização da rede 5G e a implementação de práticas que aumentem a produtividade e produção sem exploração predatória do ecossistema e de acordo com as mudanças climáticas. Neste contexto, haveria aumento das oportunidades de emprego e renda no campo, especialmente aos pequenos e médios produtores rurais e aos agricultores familiares, estes também pela manutenção do Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf). Por fim, aponta-se o fortalecimento da segurança no meio rural, a continuidade de políticas de regularização fundiária e o investimento nos modais ferroviário e hidroviário para escoamento da produção.</p>
<h3>Lula</h3>
<p>Sobre o agronegócio, o candidato <a href="https://www.jota.info/eleicoes/lula-trajetoria-sindical-e-politica-ex-presidente-busca-derrotar-bolsonaro-eleicoes-2022-16052022">Luiz Inácio Lula da Silva</a> indica estar comprometido com um novo modelo de ocupação e uso da terra urbana e rural, através da reforma agrária e agroecológica (estímulo à produção e ao consumo de alimentos saudáveis), com especial atenção aos pequenos e médios produtores ruais, especialmente no âmbito da agricultura familiar. Busca-se fortalecer a produção agrícola (tripé agricultura familiar, agricultura tradicional e agronegócio sustentável) através da redução de custos de produção e do preço de comercialização de alimentos saudáveis, por meio da avaliação do padrão de produção e consumo e da matriz produtiva nacional.</p>
<p>Há proposta de implementação de compras públicas de alimentos saudáveis, bem como do fortalecimento da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), para fins de modernização e geração de competitividade e estímulos tecnológicos em produtores rurais de todos os portes. Destacando a produção agrícola e pecuária como decisiva para a segurança alimentar e para a economia brasileira, aponta-se a necessidade de comprometimento com a sustentabilidade ambiental e social, para que a agroindústria nacional permaneça competitiva no cenário internacional, inclusive em relação à produção de insumos, máquinas e implementos agrícolas.</p>
<h3>Simone Tebet</h3>
<p>Já a candidata <a href="https://www.jota.info/eleicoes/simone-tebet-a-terceira-via-que-precisa-empolgar-eleitores-e-dirigentes-partidarios-01062022">Simone Tebet</a> destaca a possibilidade da produção sustentável aliando meio ambiente e desenvolvimento, ressaltando a sustentabilidade e responsabilidade do agro nacional em relação ao tema. Há proposta da implementação de um plano de safra plurianual, contendo diretrizes de médio e longo prazos a respeito de financiamento e crédito agrícola, seguro rural e armazenagem da produção, concomitantemente à transição para uma matriz de baixo carbono e à integração lavoura-pecuária-floresta. Indica-se apoio à agricultura familiar com crédito, extensão agrícola e cooperação técnica, bem como o fomento à indústria nacional de insumos e fertilizantes e à criação de polos agroindustriais que gerem maior valor agregado à produção nacional e estímulos a novas alternativas de escoamento da produção, como o modal ferroviário. Aponta-se, também, a modernização do sistema do Cadastro Ambiental Rural (CAR), o fortalecimento da Embrapa e o investimento em educação, saneamento e saúde no campo.</p>
<h3>Soraya Thronicke</h3>
<p>Por fim, as propostas formalizadas pela candidata do União Brasil indicam a criação de uma política de Estado voltada ao agronegócio, apontado como carro-chefe da economia nacional, através do investimento em tecnologia e infraestrutura em benefício do setor. Há endereçamento de demandas e a resolução de problemas agrários, bem como a conciliação do agronegócio com o desenvolvimento sustentável. Possivelmente o mais detalhado dos planos de governo em relação ao agronegócio, destaca ainda iniciativas de fomento à agricultura familiar, como o fortalecimento do Pronaf; gerenciamento estratégico de estoques reguladores através da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab); retomada dos programas de financiamento ao setor que foram congelados; estabelecimento de parcerias com universidades visando estudos e pesquisas em benefício do segmento; produção nacional de fertilizantes estimulada; produção de ração animal em escala; implementação do Plano Estratégico de Produção de Alimentos; abertura de novos mercados e estímulo ao aumento de novas patentes; e fortalecimento da Embrapa e do Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater).</p>
<p>Como se observa, os temas relacionados à cadeia do agronegócio são abordados nos planos de governo em diferentes intensidades, sendo uma constante, contudo, o destaque do setor como importante segmento da economia nacional e relevante indutor do desenvolvimento social no país. Destaca-se a importância da preservação do meio ambiente e a produção sustentável, traços já amplamente presentes na imensa maioria dos produtores rurais brasileiros. Espera-se responsabilidade do mandatário eleito em outubro em relação às mazelas, oportunidades e desafios de cada setor, inclusive o agronegócio, tão presente na história e no desenvolvimento do país.</p>


agronegócio

https://images.jota.info/wp-content/uploads/2021/09/copy-of-jota-logo-high-cmyk.jpeg

JOTA

Importância do tema é constante nos planos de governo

Propostas dos presidenciáveis para o agronegócio

Importância do agronegócio é constante nos planos de governo apresentados pelos presidenciáveis; conheça as propostas