Fernanda Bardi

<p>Os departamentos jurídicos estão passando por uma revolução tecnológica. Com a constante pressão por eficiência e redução de custos, o uso de tecnologia deixou de ser uma opção e passou a ser uma necessidade. Nesse contexto, a automação e a <a href="https://www.jota.info/tudo-sobre/inteligencia-artificial">inteligência artificial</a> (IA) surgem como soluções para modernizar o trabalho jurídico, tornando-o mais ágil e estratégico.</p>
<p>Porém, o sucesso de um projeto de automação depende de um fator que poucos mencionam: a catalogação de dados. Isto porque, sem uma base sólida de dados, a IA simplesmente não funciona.</p>
<h3>A importância da catalogação de dados</h3>
<p>Catalogar dados é o processo de organizar, classificar e armazenar informações de forma acessível e utilizável. Em um departamento jurídico que busca automatizar processos e adotar IA, essa prática é essencial. A IA depende de dados para aprender, identificar padrões e tomar decisões. Quanto mais organizados e precisos forem esses dados, melhor será o desempenho da tecnologia, pois poderá ser customizada para um setor específico ou para as necessidades e temas frequentes de uma determinada empresa.</p>
<h3>IA sem dados não funciona</h3>
<p>A inteligência artificial se alimenta de dados. Ela utiliza essas informações para identificar padrões, fazer correlações e gerar insights que seriam impossíveis de descobrir manualmente. Se os dados não estiverem bem estruturados e organizados, qualquer tentativa de usar IA será frustrante e ineficaz. E, acreditem, pode ser bastante frustrante investir tempo em uma ferramenta que não gera a eficiência esperada. Portanto, o primeiro passo para qualquer departamento jurídico que deseja entrar na era da automação é garantir que todos os dados estejam em ordem.</p>
<p>Alguns exemplos práticos que já podem começar a ser implementados por qualquer departamento jurídico:</p>
<ul>
<li><strong>Perguntas frequentes (FAQ):</strong> Criar uma base de dados com as perguntas mais comuns recebidas no departamento jurídico e suas respostas permitirá um bom treinamento para a IA e liberará a equipe jurídica para se concentrar em problemas mais complexos. Alguns exemplos incluem dúvidas frequentes sobre o Código de Conduta e Políticas Corporativas, questões trabalhistas diversas como período de licença, compensação de jornada, entre outras.</li>
<li><strong>Análises de riscos:</strong> Catalogar os tipos de riscos identificados no negócio e as recomendações ou soluções implementadas ajudará a treinar a IA para identificar e mitigar riscos em novos casos de forma mais eficiente.</li>
<li><strong>Revisão de contratos:</strong> Catalogar as mudanças mais frequentes solicitadas pela outra parte e a solução encontrada permitirá que a IA sugira automaticamente essas alterações durante a revisão de novos contratos, acelerando o processo e minimizando erros.</li>
</ul>
<h3>Vantagens da automação no departamento jurídico</h3>
<p>Se você ainda não se convenceu e começou uma transformação digital, aqui estão alguns dos benefícios que a automação, integrada com IA, oferece:</p>
<ul>
<li><strong>Redução de tarefas repetitivas:</strong> A automação elimina tarefas administrativas, permitindo que os advogados dediquem mais tempo a atividades estratégicas e de maior valor agregado.</li>
<li><strong>Aumento da eficiência:</strong> Processos automatizados são mais rápidos e menos sujeitos a erros, resultando em maior eficiência operacional.</li>
<li><strong>Decisões mais informadas:</strong> A IA permite a tomada de decisões fundamentadas em dados.</li>
<li><strong>Prevenção de riscos:</strong> Com a IA auxiliando na identificação de riscos, a empresa pode se antecipar a potenciais problemas, reduzindo a exposição a litígios.</li>
</ul>
<h3>Superando desafios e considerações importantes</h3>
<p>Apesar das inúmeras vantagens, a automação jurídica enfrenta alguns desafios. Um dos principais é a segurança e privacidade dos dados. Qualquer sistema de IA precisa ter medidas robustas de segurança para proteger e, quando possível, anonimizar informações sensíveis, como os dados pessoais antes do treinamento.</p>
<p>Além disso, é crucial que a empresa publique uma Política de Uso de Inteligência Artificial Generativa, e que a equipe jurídica esteja bem treinada para utilizar essas novas tecnologias de forma eficaz.</p>
<p>Outro desafio é a resistência à mudança e às novas tecnologias. Para superar essa resistência, é fundamental implementar uma comunicação clara com a equipe sobre os benefícios da automação e elaborar um plano de transição bem definido.</p>
<h3>Construindo um departamento jurídico mais estratégico</h3>
<p>A implementação de IA não é apenas uma questão de modernização; é uma oportunidade para transformar o papel do departamento jurídico dentro da empresa. Ao liberar os advogados das tarefas repetitivas, eles poderão se concentrar em questões mais estratégicas. Isso não só aumenta a eficiência do departamento, mas também melhora sua relevância e impacto dentro da organização.</p>
<h3>A importância da liderança e da cultura organizacional</h3>
<p>Para que a transformação tecnológica seja bem-sucedida, é essencial o engajamento da liderança do departamento jurídico. A adoção de IA precisa ser vista como uma iniciativa estratégica, e não como uma melhoria operacional. Engajar a equipe para que todos dediquem tempo para tarefas como a catalogação de dados é crucial. Caso contrário, as iniciativas podem ser “boicotadas”, tendo como desculpa a quantidade de tarefas operacionais do dia a dia, que no final poderiam ser substituídas pela própria IA. Um verdadeiro paradoxo!</p>
<h3>A importância da educação e do treinamento</h3>
<p>A falta de conhecimento em tecnologia ou análise de dados pode dificultar a integração de novas ferramentas no dia a dia de um departamento jurídico. Para superar esse desafio, é importante investir em programas de treinamento que capacitem a equipe jurídica a entender e utilizar essas novas tecnologias de maneira eficaz.</p>
<h3>Conclusão: preparando-se para o futuro</h3>
<p>A automação e a IA têm o potencial de transformar os departamentos jurídicos, tornando-os mais eficientes, estratégicos e proativos. Contudo, para que essa transformação ocorra, é fundamental que os dados estejam bem organizados. Começar a catalogar e organizar as informações desde já é o que vai permitir aproveitar ao máximo as oportunidades que a automação e a IA podem oferecer, garantindo uma vantagem competitiva no mercado atual. A transformação não é apenas uma tendência; é uma necessidade para qualquer departamento jurídico que deseja permanecer relevante e eficiente em um mundo cada vez mais digital.</p>
<p>Afinal, o que todos já ouvimos, e é a mais pura verdade: a IA não vai substituir o trabalho de um advogado. Mas um advogado que usa IA, sim.</p>
<p>Se quiser saber mais sobre os conceitos de catalogação de dados, governança e qualidade, este <a href="https://saxon.ai/blogs/data-cataloging-data-governance-and-data-quality-all-you-need-to-know">site</a> pode te ajudar.</p>
<p style="text-align: center;">*</p>
<p><em>Para facilitar a leitura, foi utilizado o termo “advogado” no masculino ao longo deste texto. No entanto, é importante ressaltar que a expressão “advogado” se refere igualmente a “advogadas” e todos os profissionais que atuam na área jurídica, independentemente de gênero. Esta escolha não tem a intenção de exclusão ou discriminação.</em></p>


anpd dados

https://images.jota.info/wp-content/uploads/2021/09/copy-of-jota-logo-high-cmyk.jpeg

JOTA

Por que a catalogação de dados é essencial para automatizar e usar inteligência artificial

Transformando o departamento jurídico

Como a automação e a inteligência artificial podem revolucionar o trabalho jurídico — mas só se os dados estiverem bem organizados