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<p>Na <a href="https://www.jota.info/30-anos-de-seguranca-imaginaria">coluna passada</a>, vimos que pouco adianta você se ater às verdades universais que não têm qualquer embasamento técnico ou científico. Uma delas é que seus computadores estariam seguros se ficassem offline, ou seja, sem conexão à rede interna ou à internet.</p>
<p>Outra interpretação equivocada e normalmente desconsiderada por gestores públicos e privados é achar que segurança implica somente em proteção contra hackers, roubo de senhas, vazamento de documentos e outras adversidades técnicas.</p>
<p>Além da falta de uma cultura de segurança corporativa, com critérios técnicos e objetivos, a ausência de controle de qualidade também coloca muita gente em risco.</p>
<p>Risco de ver sua empresa processada, risco de ver a reputação do seu escritório sendo questionada, risco de prejudicar fornecedores e colaboradores.</p>
<p>O caso envolvendo a marca do <a href="http://www.humanizaredes.gov.br">Humaniza Redes</a> é um exemplo notório e que merece ser analisado.</p>
<p>De acordo com informações públicas disponíveis no Portal da Transparência, o Governo Federal do Brasil pagou 300 mil reais a uma agência chamada Leo Burnett Publicidade Ltda, cujo nome fantasia é Leo Burnett Tailor Made, sendo responsável pela conta da Secretaria de Comunicação (Secom).</p>
<p>Entre as atividades a desenvolver, consta a criação da marca para esse controverso projeto chamado Humaniza Redes – Compartilhe o Respeito.</p>
<p>O resultado é que a agência pegou um logotipo 'gratuito' (royalties­free) do Getty Images, assinou, encaminhou e a peça passou por todas as etapas de aprovação até se transformar no logotipo oficial do Humaniza Redes.</p>
<p>Questionados pela sociedade nas redes sociais, os responsáveis pelo Humaniza Redes publicaram uma <a href="http://www.humanizaredes.gov.br/?destaque=humaniza-redes-responde-aos-usuarios-sobre-criacao-de-logomarca">nota oficial </a>cujo teor ainda é mais amador do que a própria peça em si:</p>
<p>A logomarca do Humaniza Redes – Compartilhe o Respeito foi desenvolvida pela agência Leo Burnett Tailor Made, responsável pela conta da Secom, conforme apontado no Portal da Transparência. O Humaniza Redes esclarece que não há plágio, visto que a imagem é encontrada como royalties free, no banco público Getty Images  (conforme o <a href="http://www.gettyimages.pt/detail/foto/thumbprint-heart-imagem-royalty-free/164848730">link</a>)</p>
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<p>A questão do controle de qualidade – e da segurança – vai muito além. Mesmo que não fosse plágio, mas apenas uma notória demonstração de preguiça, o uso do logotipo em um projeto desta natureza viola os termos de uso da peça original do Getty Images.</p>
<p>Toda a agência é prejudicada e todos os colaboradores do Humaniza Redes também saem perdendo.</p>
<p>Não se apresse tanto em atirar pedras. Porque temos encontrado exatamente a mesma situação em outras áreas. De restaurantes que usam logotipos copiados a escritórios de advocacia que usam imagens e fotografias, em seus sites e peças de divulgação, sem conhecer (ou se interessar) pelos termos de uso ou pela autoria.</p>
<p><strong>Design padrão Hillary Clinton</strong></p>
<p>A falta de segurança ocasionada pela ausência de controle de qualidade não tem nada a ver com recursos financeiros. Tem a ver, sim, com posturas.</p>
<p>Na segunda-­feira (13 de abril), o mundo tomou conhecimento do anúncio oficial da candidatura de Hillary Clinton à Presidência da República dos Estados Unidos. Com o anúncio, veio mais uma peça cuja qualidade não é apenas <a href="http://www.adweek.com/adfreak/hillary-clintons-campaign-logo-bad-everyone-saying-164035">questionável em termos de design</a>, mas poderia ser o suficiente para afastar todos os envolvidos no processo de aprovação.</p>
<p>Apesar das piadinhas e montagens que pipocam na internet, o questionamento político nos comentários de sites e jornais é levado a sério: se um candidato não consegue escolher seus tomadores de decisões para uma marca, que segurança você teria ao pensar nos tomadores de decisões dentro de ministérios?</p>
<p>* Paulo Rebêlo (rebelo@gmail.com) é diretor da <a href="http://www.paradoxzero.com">Paradox Zero</a></p>
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jota-rebelo-n02-Humaniza-14abr2015

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JOTA

O caso envolvendo a marca do Humaniza Redes

Segurança também é comunicação e controle de qualidade

O caso envolvendo a marca do Humaniza Redes