Etienne Jacintho

Iuri Dantas

A espera foi longa. Como ficar longe de Francis Underwood tanto tempo? Sorte do público que a Netflix, neste intervalo, colocou no ar séries como “Making a Murderer”. 
Na sexta-feira (04/03), finalmente,  os fãs puderam conferir a quarta temporada de “House of Cards”. Os mais ansiosos certamente passaram o dia assistindo aos 13 episódios de uma só vez. Provavelmente, nem mesmo o escândalo da 24ª fase da Operação Lava-Jato, com o depoimento do ex-presidente Lula, foi suficiente para que esses fãs desgrudassem os olhos do computador. Afinal, Frank quer ser reeleito, mas antes terá de enfrentar alguns fantasmas em seu caminho. 
Frank Underwood (Kevin Spacey) voltou e o que o público viu foi um primeiro capítulo que deixou dúvidas sobre o que viria na sequência. Mas logo a série recuperou o fôlego, com uma batalha entre Francis e Claire (Robin Wright) – e, mais tarde, a chegada de inimigos à altura deles. Quem é o pior dos dois Underwood? O melhor é que já dá para vislumbrar o que está por vir: a ascensão de outra cobra na Casa Branca – por meio de chantagens, vantagens e até sangue.  Novamente, os roteiristas e produtores da série provaram que não têm medo de descartar personagens. Logo nos primeiros capítulos, dois homens morrem em um tiroteio e o circo está armado.
Ah, Kevin Spacey, que saudades sentimos de você! Que incrível foi ouvir sua primeira fala para a câmera, sua linha direta com o telespectador. Que história boa você tinha para nos contar! Foi fácil imaginar o menino Francis em sua humilde casinha com sonhos de grandeza. Pobre vizinho que chorou e até fez xixi nas calças por causa das atitudes impulsivas do pequeno Francis...  Essa história da infância do presidente americano nos fez entender um pouco melhor a cabeça deste político – além da possível psicopatia.                                                                                                                                                       
Robin também arrasa. A atriz está ótima nesta nova temporada com uma Claire ainda mais loira, fria, cínica e ambiciosa. Ela chega para provar de uma vez que primeira-dama não precisa só sorrir, acenar e estar ao lado do marido. Apesar de que é uma delícia vê-la acenando para os eleitores no melhor estilo miss. Nada mais sarcástico! Aliás, Claire deixa o marido desacompanhado numa situação crítica de saúde para fazer uma jogada política de âmbito internacional. Ponto para Claire, que nunca se dá por vencida! E pobre Francis que demorou para perceber isso...
“House of Cards” tem, além desta bela dupla de atores, outros nomes excelentes e participações brilhantes. É este elenco de apoio que não deixa a série cair, mesmo quando seu protagonista aparece, durante alguns episódios, deitado em uma cama e respirando por aparelhos. Robin brilhou, claro, mas o staff é tão bom que o castelo de cartas não desmoronou. Doug Stampler (Michaek Kelly) mostrou toda sua lealdade ao presidente Francis Underwood com um festival de chantagens, ameaças e violência. Catherine Durant (Jayne Atkinson) e Heather Dunbar (Elizabeth Marvel) jogaram duro para saírem ilesas da força dos Underwood, mas a causa é perdida, claro. Até personagens que aparecem pouco fazem bonito. É o caso, por exemplo, do presidente russo Viktor Petrov (Lars Mikkelsen) e do lobista Remy Danton (Mahershala Ali). 
A atriz Neve Campbell reforça o elenco da temporada como LeAnn Harvey, a chefe de campanha dos Underwood, e Paul Sparks, o escritor Tom Yates, retorna para uma maior participação. Quem arrasa, porém, é a atriz Ellen Burstyn, na pele da mãe de Claire Underwood, que detesta o genro e usa seu dinheiro para tentar controlar as eleições primárias do partido democrata. Bom mesmo, porém,  é ver a senhora Hale ácida nos diálogos com Claire, afinal, uma mãe sempre conhece os filhos. E Claire usa a debilitada saúde da mãe como desculpa quando precisa se isolar para deixar a poeira política baixar.
Essa é a Claire que conhecemos e que está na tela desde o primeiro episódio desta 4ª temporada. Já Francis volta a dar medo mesmo no fim da temporada. A cena em que ele ameaça Cathy Durant é de dar calafrios. Lá, lembramo-nos de quem ele realmente é e do que é capaz para conseguir mais poder.  Sim, ele volta a ser Francis Underwood e o público volta a vibrar! 
Com a quarta temporada, percebemos que “House of Cards” cresceu, deu a Frank cabelos brancos e aos personagens secundários um espaço ao sol. Frank perdeu o ar de gângster, mas ganhou ar de estrategista. Afinal, um presidente não pode ter as mãos sujas de sangue. Agora, os outros que sujem as mãos por ele.

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JOTA

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