Mariana Monte Alegre de Paiva

Pedro Javier Martins Uzeda Leon

Diferentemente de diversos setores que lidam com grande volume de dinheiro, o mundo da previdência complementar costuma ser menos receptivo a novidades e inovações tecnológicas.
Contudo, enganam-se aqueles que imaginam que esse fator indica que o setor de previdência complementar não seja competitivo ou que tenha ficado para trás em comparação com a previdência pública. Na verdade, o cenário é bem o oposto, já que, em razão de diversos fatores econômicos, e inclusive após a reforma da previdência social em 2019, cada vez mais brasileiros estão optando por ingressar em planos de previdência privada.
A título exemplificativo, em 2020, o patrimônio registrado do setor foi de R$ 1,01 trilhão, <a href="https://blog.abrapp.org.br/blog/reportagem-do-uol-mostra-recuperacao-e-crescimento-da-previdencia-complementar-fechada/">representando um crescimento de 6,4% em relação a 2019</a>, o que, por si só, representa um claro indicativo que a população brasileira de modo geral está se sentindo cada vez mais atraída por esse setor.
Com isso, chegamos à rápida conclusão de que, mesmo sem apresentar grandes inovações, a previdência privada se encontra em franca ascensão – especialmente por representar um modelo de investimento mais atrativo do que a previdência social.
No entanto, apesar do relativo sucesso do setor, fica no ar uma impressão de que a previdência privada poderia desempenhar um papel ainda mais importante na sociedade e atingir uma parcela significativamente maior da população. Mas o que falta para que o setor atinja esse nível e alcance seu potencial?
A resposta não é simples e passa por diversas camadas, como, o amadurecimento da população em como lidar com recursos financeiros e com a perspectiva da aposentadoria, com a diminuição da barreira invisível (mas não inexistente) daqueles que desconhecem o setor e que o consideram muito complicado, entre inúmeras outras razões. Mas um fator que pode facilitar esse crescimento e que depende exclusivamente do setor reside justamente em proporcionar soluções mais arrojadas a potenciais novos clientes.
Não é absurdo imaginar que, no olhar de muitos indivíduos, a escolha entre ingressar, ou não, em um plano diga respeito principalmente a quais taxas são cobradas. Nesse cenário, soluções inovadoras podem representar um grande diferencial.
Um exemplo é a iniciativa da Fundação de Previdência Complementar do Estado de São Paulo (Prevcom) ao adotar um programa de cashback, que reverte parte do valor de diversas compras online feitas pelos participantes diretamente para suas contas individuais. As devoluções variam entre 1% e 25%.
Outra iniciativa que se destaca diz respeito a uma fintech – ou melhor, prevtech – fundada com a proposta de oferecer planos até 40% mais baratos para clientes e empresas, abrindo margem, assim, para que não apenas grandes empresas ofereçam previdência privada como benefício a seus funcionários, mas permitindo também que as pequenas empresas possam oferecer esse benefício.
Ademais, essa fintech permite que cada participante possua um aplicativo próprio por meio do qual receba recomendações personalizadas de produtos e possa solicitar assessoria financeira individual para eventuais ajustes que entenda serem necessários quanto às suas finanças.
Apesar de diferentes, as ideias por trás dessas novidades possuem uma forte ligação – ambas representam importantes e necessárias inovações no setor de previdência privada. A expectativa é que tenhamos muitas outras novidades nos próximos anos para um desenvolvimento cada vez mais arrojado desse setor.

previdência complementar

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JOTA

Mesmo sem apresentar grandes inovações nos últimos anos, ramo está em franca ascensão

Por um setor de previdência privada mais arrojado e inclusivo

Mesmo sem apresentar grandes inovações, a previdência privada se encontra em franca ascensão por ser mais atrativa que a previdência social