Pedro Flach

Se pensarmos no contexto atual, seja ele político, econômico ou empresarial, muitas são as variáveis envolvidas nas mais corriqueiras situações. A variabilidade de condições e a incerteza acerca do impacto de qualquer decisão (por mais planejada e estruturada que ela seja) é a tônica por trás de toda e qualquer prática empresarial de gestão.
Neste contexto, de variabilidade e incerteza, o gestor (de qualquer área, e não apenas uma área jurídica) deve focar seus esforços de maneira a otimizar seu desempenho e trazer o resultado que lhe é esperado. 
Neste contexto, sendo novidade ou não, a realidade é dar valor e importância cada vez mais a este ambiente multifacetado e multidisciplinar, em que diversas áreas em um mesmo negócio devem trabalhar em suas rotinas especializadas buscando um objetivo em comum, a excelência profissional, prosperidade e sustentabilidade nos resultados. Neste sentido, o executivo/profissional deve ser um artista, manejando ou buscando equilíbrio entre interesses complementares e, por vezes, conflitantes; devendo, portanto, ser capaz de inovar de verdade, sendo ainda consistente e mantendo-se atualizado, mesmo que a rapidez das mudanças normativas e comportamentais sejam desafiadoras ao extremo. Deve este profissional conhecer as zonas de conforto e ser habilidoso em achar alternativas para sair delas; compartilhando e cooperando na construção de soluções tangíveis e inteligentes. 
Em síntese:  ser gestor é um desafio. E constante.
Gerir é de fato uma arte e, dada sua natureza artística, está em constante evolução e transformação.
Não obstante está o Direito. Também composto por variáveis e incertezas, o vasto universo em que um profissional do mundo jurídico transita propicia, em larga escala, experiências que exigem flexibilidade, inovação, sagacidade e ponderação de seus operadores, conferindo-lhes a mesma condição de artistas.
Deixando a abstração de lado, é no casamento destas duas experiências que se observa um campo profissional com importância estratégica e fundamental para qualquer empreendimento: a gestão jurídica.
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Absolutamente todo e qualquer empreendimento precisa de gestão. Ainda, todo e qualquer empreendimento tem necessidades e implicações legais, de forma que todo gestor, em qualquer nível e área, deveria ter conhecimento sobre Direito, e todo advogado (in-house ou externo) deve conhecer gestão. Simples assim. Novidade ou não, despretensiosa realidade. 
Contudo, cada vez mais se torna notório o “gap” comportamental existente entre alguns líderes - que não conhecem ou não se preocupam com o Direito - e advogados que focam exclusivamente nos impactos jurídicos, sem entender o negócio de seus clientes. 
Existem inúmeros conceitos, práticas e cases sobre gestão. Há uma vasta gama de material sobre o que um gestor deve adotar como práticas para garantir o sucesso na condução dos seus negócios. Práticas de liderança no seu departamento e protagonismo na sua empresa: são práticas verdadeiras ou simples sonoras ao vento? 
Em que pese a quase infinita fonte destes materiais, poucos são os gestores (jurídicos ou não) que entendem que gestão é feita com base em três pilares fundamentais: Pessoas, Processos Organizados e Resultados.
Não importa. Pessoas engajadas e com clara visão de propósito, processos bem definidos e resultados devidamente mensurados para adoção de melhorias são a base para uma gestão bem sucedida.
Empresas e departamentos são feitos de pessoas, e cada gestor deve compreender cada uma delas, suas individualidades, aspirações, motivações, anseios e expectativas. Compreender, que os executivos, profissionais, empreendedores, humanos em sua natureza, devem ser respeitados e motivados para permanecer engajados, alcançado seu pleno desenvolvimento pessoal e profissional e, por consequência, a entrega dos resultados que deles são esperados.  
Cabe aos líderes e gestores compreender tais propósitos e buscar o melhor de cada profissional, independentemente de sua área. 
Processos no mundo empresarial não significam disputa, e sim uma forma de condução. Por processos devemos compreender os fluxos e ritos que o gestor deve ter sob sua responsabilidade, diminuindo incertezas na busca de uma padronização mínima necessária. Nem toda empresa tem processos claros e definidos, mas toda empresa tem processos. Saber mapear os processos, desenhar os fluxos e controlar sua efetividade (ou não), tendo a habilidade de propor melhorias é primordial para uma gestão eficaz.  
Resultados (mais do que simplesmente satisfatórios) é o que se almeja. É entender o anseio do cliente, buscar alternativas e construir a entrega que atende o esperado. Foco em Resultado é um mantra: é aquilo que as pessoas devem compreender e focar o seu trabalho e aquilo que faz com que os processos sejam construídos para atingir.
Pessoas, Processos (organizados); Organização e Resultados devem coexistir de maneira equilibrada, eis que um depende do outro e, também, colabora para a maximização dos efeitos do outro.
Direito e Administração são ciências distintas e complementares, como a tríade pessoas-processos organizados-resultados.
O Direito tende a lidar com os riscos e os impactos que uma ação específica tem, sob a ótica da segurança e legalidade de uma operação. A Administração precisa lidar com os limites e implicações legais de uma decisão. Em resumo, o advogado precisa saber administrar e o administrador precisa entender de riscos legais.
Compreender tais relações – Direito e Administração – , dentre outras multidisciplinariedades possíveis e imagináveis, é o que se espera de um profissional de excelência. 
Pessoas engajadas e respeitadas, processos mapeados e avaliados reiteradamente - com medições claras e concisas - e resultados tangíveis e de excelência a serem alcançados. Eis as práticas constantes de um Gestor (jurídico ou empresarial), que idealiza e executa com foco nos Resultados, mensurações precisas e respeito pelas Pessoas. 
Ainda há um grande campo a ser explorado nas relações entre Direito e Administração. Escolas de ambas as ciências precisam evoluir e estimular o estudo multidisciplinar, abrindo espaço para o crescimento de novas práticas, de técnicas, comportamentos e resultados mais eficazes e menos onerosos.
E, assim, iniciamos uma nova etapa em busca desse ideal.

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JOTA

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