Claudio Miyake

O Brasil é o país com o maior número de cirurgiões-dentistas em todo o mundo, com um total de 426 mil inscritos junto ao Conselho Federal de Odontologia. Em 2014, eles eram 265.206, o que significa um aumento de 60% em apenas uma década. O universo da odontologia brasileira completa-se ainda com outros 228.690 profissionais, entre técnicos e auxiliares de saúde bucal.
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A robustez desses números coloca a odontologia do Brasil em posição de evidência em todo o globo. Somos destaque não apenas pela quantidade, mas também pela qualidade do setor odontológico nacional. Dentro desse cenário, porém, ainda há uma equação a ser resolvida. No país com maior número de cirurgiões-dentistas do mundo, precisamos avançar no acesso da população de baixa renda ao atendimento em saúde bucal. É uma incoerência.
A última Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada em 2019, mostrou que 8,9% dos brasileiros a partir de 18 anos já perderam todos os dentes. Há uma melhora em relação aos 11% registrados em 2013, no entanto, esse percentual ainda equivale ao total assustador de 14,1 milhões de pessoas desdentadas.
Além disso, um estudo recente realizado pela Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos (ABIMO), em parceria com o CFO, e executado pela consultoria italiana Key-Stone, revelou que apenas 23% dos brasileiros procuraram atendimento odontológico pelo SUS nos últimos 12 meses. A pesquisa inédita será detalhada durante a 42ª edição do Congresso Internacional de Odontologia de São Paulo (CIOSP), a ser realizado em São Paulo a partir do dia 22 de janeiro.
Felizmente há boas perspectivas de que, gradativamente, tenhamos melhores resultados em futuros levantamentos e pesquisas. A Política Nacional de Saúde Bucal, instituída pela Lei Federal 14.572 de 2023, medida essencial para crescimento dos investimentos em serviços odontológico na rede pública do Sistema Único de Saúde (SUS).
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A ampliação do acesso aos tratamentos dentários garantirá aos brasileiros a proteção necessária para que lhes seja assegurado o direito básico à saúde bucal. E é justamente em favor da proteção da população que o Conselho Federal de Odontologia direciona seus esforços.
A implantação do Exame Nacional de Proficiência em Odontologia é mais um passo importante nesse sentido. Realizada de forma inédita em 2024, a prova, ainda de participação voluntária, tem o objetivo de avaliar as competências dos profissionais recém-formados no atendimento clínico. A expectativa é de que em breve o exame se torne obrigatório, por meio do Projeto de Lei 3000/2024, que já recebeu aprovação da Comissão de Educação do Senado.
E não é só isso. O CFO também regulamentou, em 2019, a especialização em harmonização orofacial, para assegurar as melhores condições técnicas e de segurança na realização de procedimentos estéticos dentro dos consultórios odontológicos. Da mesma forma, em janeiro de 2024, o conselho oficializou a habilitação em odontologia hospitalar, que pode levar tratamento odontológico a pacientes internados de forma a eliminar focos de infecção bucal e, portanto, salvar vidas.
A cada nova conquista, a odontologia brasileira se fortalece ao passo em que a população se beneficia do atendimento em saúde bucal, considerado fator fundamental para o bem-estar e a qualidade de vida dos cidadãos. Nossos empenhos são para que a odontologia do Brasil seja não apenas a melhor do mundo, mas que se torne, de fato, a odontologia de todos os brasileiros.

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JOTA

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