Mariana Belmont

<p>Quando me pergunto qual o ideal de cidade quero viver, consigo, com tranquilidade, fazer uma lista grande de possibilidades, que vão desde a oferta de segurança pública - inclusiva e humana - até respirar um ar de qualidade, tendo como trajeto casa-trabalho, a viabilidade da curta distância. Um sonho de cidade que tenha como foco a saúde, o bem viver, a tranquilidade que todos nós gostaríamos de usufruir.</p>
<p>Em 2020, elegemos diversos novos mandatos a vereança pelo país. Individuais ou coletivos, o que importa é que se mostrem dispostos a enfrentar o debate sobre o planejamento urbano a partir de outra lógica. Muitos deles ainda não sabem como fazer, buscam ajuda ou precisam lidar com a urgência da pandemia e do caos que se estabelece no país.</p>
<p><a href="https://www.jota.info/produtos/poder?utm_source=Banner%20site&amp;utm_medium=Artigos&amp;utm_campaign=CTA_Poder_materias"><img class="size-medium wp-image-292717 aligncenter" src="https://www.jota.info/wp-content/uploads/2021/01/jota-pro-poder.jpg" alt="" width="688" height="688" /></a>É por isso, que quando promovemos encontros de novos com antigos mandatos, uma mágica acontece: o desejo de rever os processos e as pressões provenientes de dificuldades históricas se estabelece e se coloca como prioridade. Como? A partir da troca.</p>
<p>Certa vez ouvi de um ex-chefe que o conteúdo não importa e que o como a gente planeja e atua quando está em lugar de decisão não interessa. A política sem conteúdo e sem debate público, assim como planos de ação - acadêmicos ou não - que não escutam as demandas concretas de quem vive a cidade, não funcionam. A política que não age para melhorar a vida das pessoas é vazia, não vinga.</p>
<p>São nas áreas de risco ambiental que o planejamento urbano acomodou os mais pobres, que vivem em condições subumanas, conforme designação da própria ONU, em favelas à beira de córregos ou localizadas em encostas íngremes. Outros, também pobres, estão em ambientes degradados, sem manutenção e com elevada concentração populacional, dividindo serviços de água, como se caracterizam os cortiços. Em pior situação estão aqueles que não têm teto. São milhares de pessoas em situação de rua que vivem em brechas do sistema viário ou ocupam praças durante a noite, dentre outros lugares, em busca de abrigo.</p>
<p>Os mandatos municipais têm a chance real de protagonizar mudanças fundamentais para a construção de cidades com maior capacidade de adaptação. A presença de planos municipais de habitação, políticas de saneamento básico e controle de poluição, políticas de mobilidade urbana e de incentivo ao uso de bicicletas, leis de proteção ambiental e da biodiversidade devem ser prioridade.</p>
<blockquote class="jota-article__eye"><p>Em tempos de desmonte ambiental e esvaziamento dos espaços de participação, a instalação de Frentes Parlamentares Ambientalistas pelas câmaras municipais é uma excelente e recomendada inovação. Criar espaços de participação, construção e transparência é um dos principais caminhos para o debate e para a conexão da sociedade civil com os mandatos.</p></blockquote>
<p>O papel dos governos locais é de se antecipar às ações climáticas que podem colocar em risco a população nas cidades. Portanto, é urgente a elaboração de políticas públicas capazes de diminuir os efeitos do aquecimento global, mas não só: a redução das desigualdades sociais deve ser o centro da atuação da municipalidade.</p>
<p>O debate é amplo e a mesa de decisão, de construção e de conversas precisa ser composta por mais representantes dos movimentos negros, periféricos e de mulheres. A política precisa extrapolar a retórica e entrar na casa das pessoas. Não há dúvida: as e os vereadores eleitos têm um papel fundamental nesse chamado para a ação.</p>
<p>Espaços seguros, com diálogo, gabinetes abertos à participação ativa da sociedade civil e a construção de propostas maduras são nosso sonho de cidade. E só é possível sonhar, se neste sonho projetarmos territórios antirracistas, feministas e com saúde. E não se engane: diminuir as emissões nas cidades é uma questão humanitária, é sobre salvar vidas.</p>
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meio ambiente

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JOTA

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O papel dos municípios para a redução das mudanças climáticas

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