Leonardo Barém Leite

Uma das maneiras mais fáceis e eficazes de se explicar ou exemplificar algo é utilizar conceitos do “dia a dia”, da vida comum, para que as pessoas entendam com base em suas próprias experiências o que se pretendem “passar” a elas.
No mundo corporativo a situação é semelhante, e com frequência se recorre a metáforas, situações e exemplos de “outras realidades” com bastante sucesso.
Comparar o jogo corporativo ao esporte pode ser uma boa ideia, em especial quando se pretende demonstrar algo ligado a equipe, trabalho em equipe, apoio recíproco, objetivos comuns, necessidade de parceria e conceitos similares.
Tem sido comum (<a style="color: #ff0000;" href="https://jota.info/colunas/departamentos-juridicos-2/o-departamento-juridico-e-o-rafting-08022017" target="_blank" rel="noopener noreferrer">e esta coluna já o fez</a>) comparar o chamado trabalho em equipe à atuação de um time, como por exemplo na analogia que se faz com o remo, ou mais modernamente com o “rafting” (dada a realidade que vivemos com o cenário sendo alterado a todo segundo). Comparação essa que acreditamos ser “perfeita”, ao contemplar objetivo comum, assim como direção, velocidade, ritmo, força etc.
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Essas comparações podem ser bastante utilizadas e com ótimos resultados, mas podem ser também adaptadas conforme se pretenda focar em um ou outro aspecto da vida corporativa que se assemelhe ao esporte com o qual se vê a similaridade. Como aqui fazemos com o Voleibol.
O chamado “esporte nacional”, o futebol, costuma ser bastante utilizado em palestras, livros, treinamentos, e de fato é fácil usar como exemplo, pois é algo que todo brasileiro conhece (e a maioria gosta). Para o conceito de integração efetiva de equipes, ou de times, como aqui se pretende, entendemos, entretanto, que o futebol, não seja o melhor exemplo.
Constatamos na “famigerada” Copa do Mundo Fifa de 2014, disputada no Brasil, que muito pouca coisa positiva nos deixou na vida, e mesmo na memória, que grandes estrelas podem vencer jogos (até mesmo decidir um resultado numa “bola”), mas não vencem (sozinhas) um campeonato. Galáticos como Messi, Cristiano Ronaldo e Neymar são “perfeitos” individualmente e desestruturam qualquer adversário, sendo extremamente importantes para os seus times e seleções, mas, sozinhos, não vencem campeonatos. A Copa de 2014 provou isso.
O vexame que o Brasil viveu naquela Copa, em especial no Jogo dos 7 x 1 (que só não foi pior em função da pena que os alemães sentiram de nós), demonstrou que não havia um time real, apenas um certo punhado de estrelas, e na verdade apenas 1 (apenas O Neymar). Foi um fiasco....
De outro lado, a seleção campeã (a temida Alemanha), especialmente na Copa em questão, não tinha estrelas do mesmo porte e seus jogadores não eram tão conhecidos pelo potencial individual. Mas venceram!!
A vitória na competição, demonstrou mais uma vez a força e a necessidade de se ter uma equipe, um time efetivo, equilibrado e nivelado “por cima”, com excelentes jogadores, mas também técnica, tática, garra e tantos outros atributos.
O futebol serve, portanto, para ajudar a todos nós com o conceito e a noção de equipe, mas para o mundo corporativo, e ainda mais quando se alia ao departamento jurídico, questões que precisam ser terceirizadas (e nesse momento entram em campo os escritórios de advocacia), acreditamos que o exemplo do Voleibol seja muito mais adequado.
Um dos “problemas” do futebol para o efetivo conceito de time/equipe é que os onze melhores costumam ser “escalados” para jogar, e o time “reserva” e de “segunda categoria” fica no banco. Esse “detalhe” faz total diferença no mundo corporativo, pois a qualidade da equipe e dos resultados que conseguirá são medidos não apenas pelo time em casa (ou em campo, como primeira opção do treinador), mas também pelos colegas externos (ou no banco). Todos precisam ser excelentes!
Superado o aprendizado de que o departamento jurídico não terceiriza responsabilidade, mas apenas tarefas, e que os resultados obtidos por advogados (internos ou externos, e positivos ou negativos) são sim atribuídos ao “time” inteiro, nasce a necessidade de que todos sejam excelentes (no padrão que a empresa determine e consiga pagar).
No futebol, os onze melhores são os chamados escalados para jogar, que treinam juntos, desenvolvem uma parceria maior, conhecem muito o estilo e as características uns dos outros, e são o que de melhor se consegue naquele jogo. Alguns jogadores, que obviamente não são os titulares, e que em função disso já não são os melhores (técnica ou fisicamente no momento), que não treinam juntos, que não são (naquele jogo) a melhor opção, ficam no banco.
Se de um lado os jogadores “do banco” também treinam e em principio também estão prontos a entrar em campo, de outro naturalmente não estão aquecidos, não treinaram como nem com os titulares, não estão no ritmo do jogo etc.
No Voleibol todos os jogadores em quadra são “titulares” e todos são chamados a jogar o tempo todo. Muitas vezes apenas para uma jogada, um saque, uma recepção, um bloqueio, mas estão sempre prontos.
Esse conceito faz total e absoluta diferença, e é com esse conceito de equipe, em que todos são titulares e todos estão preparados, o tempo todo, que defendemos que a advocacia corporativa se deva comparar. O “técnico da equipe”, que no contexto dos departamentos jurídicos das empresas é o gestor (que pode ser denominado coordenador jurídico, supervisor jurídico, gerente, diretor, VP ou a nomenclatura que a empresa e o organograma definirem), precisa ser comparável ao “Bernardinho”, há muitos anos o melhor técnico do mundo na modalidade.
O “Bernardinho” em questão precisa ter a “seu dispor” a melhor equipe possível, que precisa ser totalmente titular, estar sempre alinhada, preparada, treinando junta, ter a maior qualidade técnica e física possível, controle emocional, ritmo etc.
Nesse paralelo, o gestor da área jurídica na empresa terá, na prática, sua equipe interna (com o numero de pessoas e funções que considerar melhor - e que a estrutura permitir) e também a equipe externa (de um ou mais escritórios de advocacia).
O seu “time” é na prática, e como tal precisa ser composto, a somatória das equipes interna e externa, que idealmente devem ser todos titulares. Como no jogo de vôlei, o gestor (técnico) precisa conhecer tanto os jogadores e ter tanta afinidade com todos, e saber no detalhe qual é o melhor (com base em varias questões), para cada jogada, cada ponto, ou seja, cada pesquisa, cada assunto, cada questão, cada projeto, cada contrato, cada processo... A questão de saber se o profissional alocado ser interno ou externo, sabendo-se que é o melhor para “aquele assunto”, deveria ser secundária.
Idealmente, o alinhamento entre as equipes interna e externa deve ter tão grande, e todos devem estar tão inteirados das questões da empresa e com tanto ritmo, que em situações normais, tanto internos quando externos se devem sentir como membros da mesma equipe. E o fato de ser interno ou externo deveria ser quase circunstancial, como o fato de estar em quadra ou no banco.
Esse alinhamento é complexo, e exige mentalidade, trabalho, organização e várias outras questões (a critério do gestor), sendo algo que precisa ser construído. Advogados externos que sejam tão bem treinados e preparados quanto os internos, alinhados com a equipe, conhecedores da empresa, sabedores de todos os assuntos em pauta, e prontos para entrar em “quadra”, certamente produzem mais e melhores resultados do que os que são “apenas” externos e “apenas” terceirizados.
A escolha de um escritório parceiro (no mais perfeito conceito da palavra, e de forma integral – fugindo do conceito simplista de parceria que signifique, apenas, barato) é extramente complexa, e passa por varias questões, mas defendemos que deva haver sempre “aquele” que seja o seu real e efetivo parceiro; que esteja pronto para entrar em campo/quadra, que conhece de fato todos os desafios e todas as questões (independentemente de estar efetivamente jogando ou não, ou seja, de estar cuidado daqueles casos ou não).
O escritório externo efetivamente parceiro, e pronto para entrar em qualquer jogada, não precisa estar diretamente a frente de todas as questões (isso nem existe). Mas precisa estar ciente e de certa forma acompanhando “tudo”, num grau bastante semelhante à equipe interna, justamente para que se consiga aplicar o conceito de volei, ao invés do futebol.
Equipes organizadas dessa forma não apenas são muito mais e melhor preparadas e organizadas como produzem muito mais, e no computo geral custam menos. E são muito mais rápidas, pois estão prontas para entrar em quadra em qualquer emergência.
“Times de vôlei”, no departamento jurídico corporativo, conseguem cobrir faltas, férias, licenças, perda de profissionais, picos de trabalho etc., muito (mas muito!!) mais rápida e eficazmente, além de custar menos, do que “jogadores/advogados” que somente são recrutados na hora do aperto.
Feitos esses paralelos e analogias, como seria o seu time, na sua empresa? Há esse alinhamento? Seu time se equipara à seleção de voleibol e está totalmente integrado, para entrar em quadra quando necessário?
Esse é um dos vários tópicos que a moderna e estratégica gestão jurídica nas empresas vem estudando, e que tem evoluído bastante. Procure conhecer mais sobre a advocacia corporativa, seus desafios, as melhores práticas, e o que se tem feito de mais moderno no Brasil.

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JOTA

Trabalho em equipe, apoio recíproco, objetivos comuns e necessidade de parceria

O departamento jurídico e o voleibol

Trabalho em equipe, apoio recíproco, objetivos comuns e necessidade de parceria