Thiago Gomes Anastácio

<div>
<div>
<div>Existem duas verdades que os advogados criminais não conseguirão afastar. A primeira delas é que nosso adversário <i>constitucional</i>, o Estado, materializado nesses últimos dois anos por alguns de seus membros, estava mais preparado e motivado do que nunca para essa épica batalha político judicial a que se convencionou chamar Operação Lava Jato. Nunca profissionais prepararam-se por tanto tempo para agir planejada e friamente atrás de um único objetivo; que no caso se mostrou deveras válido, por tratar-se do desmantelamento de uma organização criminosa <u>ou</u> de uma cultura que organizou-se nas entranhadas das elites político sociais para estas se manterem sendo... elites político sociais. A história contará melhor o que aconteceu, com mais distanciamento e sem paixões políticas ou filosófica judiciais.</div>
<div></div>
<div></div>
<div><u></u><u></u>A segunda verdade é que, particularmente a advocacia criminal, tomou uma goleada. Os (os importadores e estudiosos das teorias e dos livros) alemães enfiaram de sete em nós (advogados) brasileiros. Vieram preparados, organizados taticamente, sendo gentis com o povo, usando comícios e data shows, prensando contra as paredes da opinião pública seus adversários imaginários (ministros e advogados), dando olé com cabeças que todos sempre quiseram ver sendo chutadas. Com quantas cabeças dessas Antonieta’s o povo não gostaria de fazer embaixadinhas?<u></u><u></u></div>
<div></div>
<div></div>
<div>E, meticulosamente, criaram um discurso salvacionista, lentamente sendo alavancado, passo por passo, situação depois de situação, adaptável de plano diante das variáveis e obstáculos que iam surgindo. <b>Política</b> (PT contra PSDB), <b>fé</b> (bem contra o mal) e <b>direito</b> (direitos individuais contra a impunidade) reunidos no mesmo caldeirão criaram esse clima de Vasco contra Flamengo. Até Sobrenatural de Almeida apareceu.<u></u><u></u></div>
<div></div>
<div></div>
<div>Prepararam-se e ponto final.<u></u><u></u></div>
<div></div>
<div></div>
<div>Agora que a Presidente está afastada, seu partido em frangalhos e com a festa olímpica porvir a “Operação” vai sendo esquecida, vai deixando lentamente as páginas mais pomposas dos jornais até a próxima delação premiada, que curiosamente revelará, assim como as anteriores, o que todos sabem acontecer ao menos desde as capitanias hereditárias. De novo revelará o “como” estava sendo feito.</div>
<div></div>
<div></div>
<div>Sim, veremos essa operação como um novo mensalão, com os novos outros heróis também sendo esquecidos. O mote o mesmo, qual seja, um sistema eleitoral da era do bronze e o fetiche populista da perpetuação no poder. Se ocorreram desvirtuamentos dos direitos constitucionais, abusos de poder estatal, presunções de culpabilidade, bom, isso logo será esquecido ou relativizado pela justificativa dos tempos. E referida justificativa será boa: a economia, numa sociedade capitalista, é quem reage às agruras da desorganização e motiva as cruzadas. Vivêssemos em um Estado menos interventista, o circo político não abalaria tão sobremaneira o mercado e talvez o povo não sofresse tanto pelo excesso dos prazeres de tão poucos.</div>
<div></div>
<div></div>
<div><u></u><u></u>É assim: <b>a)</b> por termos Estado demais, sofremos <b>b)</b> com isso elegemos como heróis para nos salvarem das garras do Estado, alguns homens do Estado <b>c)</b> que pelo bem de suas carreiras, querem mais Estado, com mais poderes.</div>
<div></div>
<div></div>
<div>Vejam que a muito bem paga Polícia Federal - de <i>agentes</i> com salário <u>inicial base</u> (sem benefícios) de mais de oito mil reais por mês e delegados com o mesmo salário <u>inicial base</u> (sem benefícios), de quase dezoito mil reais – ameaça fazer greve alguns dias antes das Olimpíadas, mesmo diante de ameaças terroristas pairando pelo mundo. Espero que não ousem isso. Procuradores da República agora querem recompensas para o MPF, um percentual pela recuperação de ativos produtos de crimes, indo para as contas do MPF o dinheiro público desviado. Dinheiro público, para além do orçamento estabelecido, como recompensa. Ilegalidade como recompensa pela descoberta da ilegalidade.</div>
<div></div>
<p>É o Estado avestruz. Sempre se inflando seja com críticas, seja com aplausos. Mas se inflando.</p>
</div>
</div>


PF-cumpre-mandado-de-prisao_Odebrecht8

https://images.jota.info/wp-content/uploads/2021/09/copy-of-jota-logo-high-cmyk.jpeg

JOTA

Na Lava Jato, servidores ganharam de goleada dos advogados

Contra o desvios de Estado, mais Estado

Na Lava Jato, servidores ganharam de goleada dos advogados