Gabriela Fornells

<p>Apesar de ter pouco mais de 20 anos, o provimento 94/2000 da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que provê sobre regras de publicidade, propaganda e comunicação do mercado de advocacia, será substituído por um novo conjunto de regras, fruto de um debate intenso que durou mais de um ano e meio. Advogados do país todo puderam levar suas ideias para a avaliação de uma comissão competente na OAB Nacional, capitaneada pelo advogado Ary Raghiant Neto. As seccionais também debateram, por meio de conselhos de ética das OABs estaduais e da jovem advocacia. O resultado é a minuta do provimento apresentado ao público em março deste ano.</p>
<p>Também chegou ao público uma carta com a exposição de motivos para alteração do provimento. O avanço tecnológico é citado como uma das molas propulsoras das mudanças. É evidente que as regras traçadas em 2020-2021 precisam assumir o aumento exponencial do poder da comunicação online. O mercado jurídico na pandemia gerou excluídos digitais, advogados que não tinham condições mínimas de participar de audiências online, muito menos de captar clientes online.<br />
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<p>E por que deste distanciamento das ferramentas digitais? Muito se explica pelas regras que até então impedem uma divulgação clara e direta das especialidades e características do advogado. Para muitos deles é simplesmente inviável travar um debate com clientes pelas redes sociais, isso nunca ocorreu. E o que não se pratica, não se domina. Simples assim.</p>
<p>A demora na renovação das regras da publicidade acaba por afastar o advogado da sociedade, o que distancia o cidadão médio, do acesso à justiça. O acesso aos direitos exige uma advocacia presente e aberta. As novas regras podem propiciar a aproximação de clientes e advogados.</p>
<p>Mais do que nunca, é preciso olhar para o cenário como um todo, o advogado ainda precisará aprender como, na prática, irá trazer o cliente para dentro do seu escritório. Faltam produtos, faltam argumentos de venda, falta uma estrutura de atendimento capaz de gerenciar esse potencial cliente. Muitos advogados não conseguem escrever uma proposta de serviços que contenha menos <em>juridiquês</em> e mais motivos para uma possível contratação. Outros ainda fazem tudo sozinhos, ou simplesmente não querem delegar.</p>
<blockquote class="jota-article__eye"><p>O Brasil é o segundo país com mais advogados por milhão de habitantes e a competição exige profissionalismo, principalmente em marketing. Precisaremos combater a falta de disciplinas de gestão no curso de Direito e a falta de desenvolvimento do perfil empreendedor do advogado.</p></blockquote>
<p>O cliente está ansioso por saber mais sobre seus direitos, compreender as diferenças entre os escritórios e perceber uma advocacia próxima, como já expusemos.</p>
<p>Será um enorme avanço compreender que o <em>Marketing Jurídico</em> é uma especialização do marketing destinada a profissionais da área jurídica, consistente na utilização de estratégias planejadas para alcançar objetivos de negócio no ramo da advocacia <em>(novo provimento Artigo 2º - parágrafo I)</em> e que <em>Publicidade Profissional</em> é a divulgação destinada a tornar público os dados do perfil da pessoa física ou jurídica inscrita na ordem dos Advogados do Brasil e as informações atinentes ao exercício profissional  (novo provimento Artigo 2º - parágrafo IV),</p>
<p>Quem sente os efeitos da desconexão do advogado para com os clientes é o próprio cliente.  Mesmo que o impulsionamento de postagens de rico conteúdo seja autorizado, o cliente pode chegar à porta do advogado, mas provavelmente não vai entrar.</p>
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JOTA

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