Malvine Zalcberg

Pesquisa após pesquisa, os dados confirmam: a maioria das pessoas acredita que mulheres são tão capazes quanto os homens de serem líderes eficientes; são dotadas dos mesmos predicados de inteligência e criatividade. Faz anos, que as jovens vêm cada vez mais superando os jovens nas faculdades - tanto em número quanto em nível de aproveitamento. Intriga o fato das conquistas acadêmicas e a boa formação profissional das mulheres não se traduzirem num aumento quantitativo de quadros de alto nível ocupados por elas.
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Sheryl Sandberg e Adam Grant apontaram em um dos quatro artigos a respeito desta questão, no New York Times (8 de fevereiro, 2015):  o mercado de trabalho está repleto de mulheres preparadas para ocuparem posições-chave em empresas púbicas e privadas em números correspondentes às suas qualificações. No entanto, são preferencialmente, os homens os escolhidos para os cargos de chefia, ainda em nossos dias.
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O que impede as mulheres de avançarem significativamente em pleno século 21? Após vencer a dificuldade às barreiras externas levantadas pela sociedade – principalmente a resistência dos homens - constatou-se que as mulheres também eram tolhidas por barreiras próprias: falta de confiança e de iniciativas pessoais.
Superadas estas, um fenômeno irrompia com força; muitas mulheres limitavam suas ambições profissionais para reservar lugar em suas existências, para outras realizações: casamento, maternidade, ou desenvolvimento pessoal em outras áreas. Não propriamente “falta de ambição”; ao contrário, “ambição mais ampla”. Fazer muitas coisas....e bem.
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Observa-se, ultimamente, muito entre as mulheres da nova geração - que, embora preparadas (com os níveis mais altos de instrução) para entrar e ficar no mercado de trabalho escolhem - se tiverem condição – nele não permanecerem. Esta opção de mulheres com educação superior para se entregarem a outras escolhas de vida é um fator importante na pequena presença delas nas lideranças empresariais e institucionais.
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Compreende- se estas escolhas mais como correspondendo às soluções que cada mulher busca para a sua realização pessoal. Cada mulher é “singular” – “singular” será sua escolha de vida.
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Um fator, entre outros, deve estar pesando nestas decisões. As mulheres devem fazer ainda mais paraprovar que são tão  – ou melhores – do que os homens; irem além dos padrões de desempenho dos homens.
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Um relatório de 2011 da McKinsey – empresa que tanto se empenha nas pesquisas sobre economia e negócios - destacou que os homens são promovidos com base em seu potencial, enquanto as mulheres são promovidas com base nos feitos já realizados.  Aumenta em muito a pressão sobre as mulheres no trabalho. Os esforços femininos para mudar este enraizado preconceito são, de forma geral, em vão.
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Na mesma série de artigos já mencionados de Sandberg e Grant sobre a discriminação no ambiente de trabalho publicada pelo New York Times (6 de Dezembro, 2014), os autores mostraram que as opiniões de executivos-homens têm um peso maior do que as de suas colegas mulheres. Além do que, eles mais facilmente encontram quem os orientem e os recomendem – apoio inestimável para o avanço profissional.
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Mulheres enfrentam ainda as discriminações no trabalho em função de sua condição materna. Em seu livro Overwhelmed (2014) - com sugestivo subtítulo “Trabalho, Amor e Prazer quando ninguém tem tempo” -, a escritora Brigid Schulte descreve alguns dos duplos padrões exigidos das mulheres-mães profissionais. Segundo a autora, mulheres grávidas são percebidas como destituídas de autoridade e mais propensas a comportamentos irracionais, independente da eficiência que demonstram no âmbito do trabalho. Mães são consideradas menos comprometidas com a profissão daquelas que não abraçaram a maternidade. Os homens-pais, enquanto isto, são vistos não só igualmente competentes quanto pais sem filhos, como ainda mais comprometidos com o trabalho – ainda mais “responsáveis”.
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Segundo recente artigo do The Economist (23 de Janeiro, 2015), pesquisas descrevem estas condições de diferença de percepção de mulheres e homens com filhos como as “de penalização materna” e “de bônus paterno”.
São preconceitos tão arraigados não permitindo que a visão mais esclarecida, a respeito da igualdade entre os sexos no trabalho prevaleça.
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Esta é uma condição que representa uma perda para as mulheres. Mas não só para elas. Para a sociedade como um todo também. As empresas lucram em criatividade e inovação quando o poder está nas mãos tanto dos homens quanto no das mulheres.
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Falta desenvolver uma ideia clara de quais seriam os modelos adequados para o poder feminino. Isto deverá mudar à medida que mais mulheres consigam atingir o topo das carreiras.
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Um número maior de mulheres em posições de liderança (e poder) é um dos mais importantes fatores para se alcançar a verdadeira igualdade.  O que parece um movimento inevitável na história das mulheres no campo profissional.
* Psicóloga, psicanalista e doutora em psicanálise. Seus livros ‘A relação mãe e filha’ e ‘Amor Paixão Feminina’ são “long-sellers”, adotados pelo público e por profissionais da área. Malvine, que também escreve artigos para a mídia brasileira e francesa, dedica-se a desenrolar os delicados fios das relações tecidas ao longo da infância – que determinam a vida adulta de homens e mulheres. Malvine foi professora adjunta da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), da qual se afastou após 26 anos de atividades acadêmicas. <a href="http://www.malvinezalcberg.com.br">Conheça o site</a>.

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