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Intraempreendedorismo. Uma palavra<a href="#_ftn1" name="_ftnref1">[1]</a> que deveria ser mais utilizada no meio corporativo pode ser a solução para aqueles que querem unir propósitos pessoais, agenda estratégica da organização, criatividade e inovação. Fórmula mágica ou secreta? Não, de forma alguma. Basta unir pessoas que possuem atitude de fazer diferente, com uma boa dose de proatividade, pitadas generosas de liberdade de pensamento e vontade genuína de alcançar resultados impactantes.
Com esse espírito intraempreendedor, mais de 60 profissionais de 50 diferentes organizações se reuniram na sede da Mondelēz International, em São Paulo, para discutir como poderiam, dentro de suas atuais funções, fomentar a simplificação, aceleração e facilitação na contratação de startups. O encontro foi promovido pela Liga Ventures e pelo Desembala, programa de inovação aberta da Mondelēz Brasil.
De acordo com a Bloomberg Professional Services<a href="#_ftn2" name="_ftnref2">[2]</a>, os investimentos de responsabilidade social em todos os tipos de organização superam a casa dos US$ 30 trilhões mundialmente. É importante destacar que desde 2004, no relatório Who cares, wins<a href="#_ftn3" name="_ftnref3">[3]</a>, a ONU defende a urgência em unir governança robusta e responsabilização social nas ações corporativas. E uma excelente forma de emplacar iniciativas nesse sentido é por meio da contratação de startups.
Ter startups no pool de fornecedores oxigena um ambiente que se preocupa em ser criativo e que entende que a inovação é uma consequência direta do comportamento, do clima organizacional estimulado pelas lideranças. O investimento financeiro em uma contratação com startup é muitas vezes mais bem estruturado e justificado internamente. O atendimento é personalizável e as entregas, mais ágeis. Ainda, contratá-las preserva empregos em um momento economicamente<a href="#_ftn4" name="_ftnref4">[4]</a> ruim conhecido como “a era dos camelos<a href="#_ftn5" name="_ftnref5">[5]</a>”.
A expressão “era dos camelos” é fácil de explicar. Com a seca dos investimentos de Venture Capital, as startups tiveram que usar suas reservas financeiras (como as águas das corcovas dos camelos) para atravessar o momento de crise “no deserto”. Mais do que nunca, hoje elas precisam demonstrar que o conceito de seus negócios estão provados e são reais, mostrando assim que possuem capacidade de se sustentar em um cenário de investimentos totalmente escasso e desértico.
E como ajudar as startups nesse momento difícil e unir os propósitos corporativos das grandes organizações? Intraempreendedorismo é a resposta. Para se promover como sustentável e socialmente responsável, uma grande organização precisa atender os 10 princípios promovidos pelo Pacto Global<a href="#_ftn6" name="_ftnref6">[6]</a>. Ainda, deve estar de acordo com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU<a href="#_ftn7" name="_ftnref7">[7]</a>, ao assumir práticas de responsabilidade social em seus projetos fomentando a inovação, reduzindo desigualdades e viabilizando o crescimento econômico de sua comunidade. Agindo assim, é win-win. Todos ganham.
Com a visão de profissionais de diferentes realidades – multinacionais, startups (early stage, já maduras e unicórnios) e grandes empresas brasileiras –, nasce o Manifesto do Intraempreendedorismo. A roda de conversa no encontro resultou em 20 ações (ou compromissos) que deveriam ser objeto de reflexão de todo profissional interessado em mudar a realidade de entraves na contratação de pequenas e jovens empresas:
<ol>
<li>Sair da inércia, destravando uma mentalidade voltada à mudança;</li>
<li>Realizar o engajamento interno, perdendo o medo (que é a 1ª barreira para começar);</li>
<li>Usar o Legal Design, seja pelo apoio da linguagem simples ou de recursos em Visual Law, acaba virando uma grande iniciativa para simplificar as contratações;</li>
<li>Criar perguntas específicas para agilizar o fluxo de contratação via automação;</li>
<li>Automatizar fluxos operacionais e flexibilizar padrões corporativos, sobretudo aqueles ligados ao processo de pagamento, pois as startups podem ter dificuldades no fluxo de caixa;</li>
<li>Trabalhar de forma intensa a experiência do usuário em todos os seus aspectos;</li>
<li>Fomentar a criação de um ISO entre organizações, com diretrizes específicas para viabilizar a contratação;</li>
<li>Divulgar o trabalho das contratações já realizadas nas redes sociais, tanto de forma institucional (quando possível), quanto pelos colaboradores envolvidos nos projetos;</li>
<li>Contratar as startups por nicho, pois existem muitas especializadas em setores específicos<a href="#_ftn8" name="_ftnref8">[8]</a>;</li>
<li>Estabelecer um fluxo entrosado entre Jurídico e Procurement para não travar o processo;</li>
<li>Implementar um processo que oriente as partes a levantar red flags para construir um contrato definitivo de forma transparente, com expectativas e obrigações exequíveis, evitando notificações e rescisões contratuais futuras;</li>
<li>Eleger quem são os decisores, aqueles que tomam a decisão para participar do projeto e acelerar todo o processo;</li>
<li>Criar guias de documentos divididos por necessidades, como um nice to have/should have/must have, pois nem toda startup early stage possui um arcabouço robusto de políticas e procedimentos;</li>
<li>Estabelecer um diálogo confiável, demonstrando o que vai ser necessário na execução do contrato, como uma subcontratação, por exemplo, para evitar surpresas;</li>
<li>Trabalhar desde o início com o apoio da TI, para não desacelerar o processo de contratação ao solicitar requerimentos técnicos não previstos;</li>
<li>Garantir as diretrizes básicas na RFP/RFI caso o processo seja conduzido por Procurement;</li>
<li>Garantir a criação de um canal de comunicação único com todos os atores envolvidos;</li>
<li>Reforçar que o erro faz parte do processo de construção de um programa de inovação, estabelecendo provas de conceito como um ambiente de teste propício para isso, para tomada de decisão com base no empirismo;</li>
<li>Criar modelos de contratos e documentos como se fosse um playbook, para fomentar o ecossistema de inovação de uma forma ágil, simples, fácil, eficiente e efetiva;</li>
<li>Fazer benchmarking estruturado após o contrato firmado, abrindo canais para troca com futuros clientes em potencial das startups.</li>
</ol>
Todas as ideias e ações elencadas acima podem ser objeto de discussão já no fechamento do semestre, que ocorrerá em algumas semanas. Exercitar o debate sobre como encaixar alguma dessas ideias ainda este ano, em tempo de ajustes de orçamento para o segundo semestre – fazendo uma realocação responsável de recursos financeiros, de pessoas e de tempo – certamente gerará frutos não só para a sua organização, como também para toda a sociedade.
Assinam este artigo, nominalmente, os profissionais destacados abaixo. Conecte-se com eles em redes sociais profissionais, busque o que eles estão fazendo para mudar a realidade do empreendedorismo (e do intraempreendedorismo) no Brasil. É por meio de bons debates que nascem iniciativas disruptivas e que efetivamente transformam o ambiente de negócios no país, gerando boas oportunidades não só para a iniciativa privada, mas também direta e indiretamente para toda a sociedade.
A autoria deste artigo bem como o Manifesto e as ideias aqui dispostas são atribuídas aos seguintes profissionais que querem fomentar a criatividade, a inovação e um ambiente de negócios mais impactante:
Adriana Elizabeth Dominguez Melatto Paulino 
Adriano Lopes 
Alana Fernandes 
Alina Hassem 
Ana Paula Munhoz Correa Securato 
Ariádiny Albuquerque de Joani 
Bárbara Teruel 
Beatriz Ferreira 
Camila Carnevale Couto Costantino 
Caroline Rampaso de Souza 
Danilo Limoeiro 
Dannielle Mattosinho 
Débora Nogueira 
Ednalva Lima 
Eduardo Fiorucci Vieira 
Eduardo Gil 
Evandro Mattos 
Eduardo Segismundo Oliveira 
Emili Lima de Freitas 
Everaldo Alves de Oliveira Junior 
Fabiane Shizue Kobayashi 
Fabio Floh 
Felipe Fioratti Coffone 
Fernanda Amador Pacheco 
Fernando de Camargo Prado 
Gabriel Augusto Smanio Farran 
Gabriel de Deus Rocha 
Gabriela Santana Sales Soares de Almeida 
Giovanna Negretti 
Guilherme Leonel 
Guilherme Massa 
Gleydson Pereira 
Guilherme Tocci 
Ivan Geraldo Rocha da Palma 
Kauan Wiese 
Jaqueline Túlio 
João Vitor Burato 
Juliana Strohl 
Laura Cristina dos Santos Mota 
Lethicia Benassi Migliorança 
Lívia Dias 
Lucas Magalhães 
Manoel Ignacio Torres Monteiro 
Marcelo Chaves 
Maria Eduarda Cabral Silva Maul de Oliveira 
Mariana Capela 
Marília Saint-Clair Teodósio de Araújo 
Mateus Civita Cavalcanti 
Mirella Mendes 
Natália Ramos 
Paula Cardoso 
Paula Cardoso de Figueiredo 
Paulo Samico 
Paulo Vasconcelos 
Raquel Medeiros 
Regina dos Santos Barros 
Roberta G C Guedes 
Roberta Vasconcelos Cheib 
Rogerio Tamassa 
Simone Minassian 
Simone Oliveira 
Tatiana Pires 
Thiago Luiz 
Thiago Rocha da Palma 
Timothe Isabelle Benoit Delbrouck 
Tiago Augusto da Silva Russo 
Vanderléia Aparecida Domingues Sato 
Victoria Maria Rosa Pinto
<hr />
<a href="#_ftnref1" name="_ftn1">[1]</a> Conceito cunhado por Gifford Pinchot III na década de 1980. Aqueles que transformam ideias em realidade dentro da organização são os próprios recursos internos que impulsionam a inovação dentro da empresa. Eles fazem acontecer, expressam sua gratidão, entendem que essa atividade não é individual e buscam sempre meios de compartilhar recursos. Orientamos ler dois artigos muito interessantes encontrados no site da Universidade Federal de Santa Catarina e no website Printwayy, respectivamente disponibilizados em &lt;https://repositorio.ufsc.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/182052/101_00045.pdf?sequence=1&amp;isAllowed=y&gt; e &lt;https://printwayy.com/blog/intraempreendedorismo-quando-o-espirito-empreendedor-do-colaborador-se-manifesta/&gt;. Ambos acessados em 07/05/2023.
<a href="#_ftnref2" name="_ftn2">[2]</a> De acordo com as informações divulgadas em seu site, o mercado global de investimentos ESG movimentou mais de US$ 30 trilhões. Disponível em &lt;https://www.bloomberg.com/professional/solution/sustainable-finance/&gt;. Acesso em 07/05/2023.
<a href="#_ftnref3" name="_ftn3">[3]</a> Who Cares Wins (em tradução literal “quem se importa, ganha”) é um relatório de autoria das Nações Unidas fruto de uma conferência que uniu a ONU, o Banco Mundial e inúmeros CEOs em 2004. Disponível em &lt;https://www.ifc.org/wps/wcm/connect/topics_ext_content/ifc_external_corporate_site/sustainability-at-ifc/publications/publications_report_whocareswins__wci__1319579355342&gt;. Acesso em 07/05/2023.
<a href="#_ftnref4" name="_ftn4">[4]</a> A crise financeira que acabou por culminar em uma série de demissões de pessoas e desinvestimentos tem algumas explicações, mas definitivamente incertezas como quebra de bancos de investimentos que atuam diretamente com startups são razões sérias para explicar a atual realidade. Para maiores informações, ler excelente artigo promovido pelo Meio e Mensagem, disponível em &lt; https://www.meioemensagem.com.br/marketing/o-que-esta-acontecendo-com-as-startups&gt;. Acesso em 07/05/2023.
<a href="#_ftnref5" name="_ftn5">[5]</a> Para maiores informações, recomendamos ler o artigo da Startups.com, disponível em &lt;https://startups.com.br/analise/2023-o-ano-das-startups-camelo-ou-unicornio/&gt;. Acesso em 07/05/2023.
<a href="#_ftnref6" name="_ftn6">[6]</a> Recomendamos buscar as referências no site do próprio Pacto Global, mas vale a leitura de uma matéria produzida pelo Pulse Hub, respectivamente disponibilizadas em &lt;https://www.pactoglobal.org.br/10-principios&gt; e &lt;https://pulsehub.com.br/esg-o-novo-papel-das-startups-na-sociedade/&gt;. Ambas acessadas em 07/05/2023.
<a href="#_ftnref7" name="_ftn7">[7]</a> Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável no Brasil são iniciativas para os quais as Nações Unidas estão contribuindo a fim de que possam atingir a Agenda 2030 no Brasil. Disponível em &lt;https://brasil.un.org/pt-br/sdgs&gt;. Acesso em 07/05/2023.
<a href="#_ftnref8" name="_ftn8">[8]</a> Para startups jurídicas, as lawtechs ou legaltechs, uma boa ideia pode ser a busca pelo Radar da AB2L – Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs, disponível em &lt;https://ab2l.org.br/ecossistema/radar-de-lawtechs-e-legaltechs/&gt;. Acesso em 11/05/2023.

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JOTA

Mais de 60 pessoas, de diferentes organizações, se unem para agilizar, facilitar e simplificar novas parcerias por meio de 20 ações


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