Etienne Jacintho

O ator James Spader sempre foi meu herói dos anos 1980. Novíssimo, ao lado de Tom Cruise e Brooke Shields, estreou em “Amor sem Fim” (“Endless Love” – 1981). Quem, com mais de 30 anos, não dançou bailinho ao som da canção de Lionel Richie?  Spader também estava lá na tela, enquanto eu torcia muito para um final feliz na vida de Molly Ringwald, a Garota de Rosa Choque (“Pretty in Pink” – 1986). Mas foi com “Tuff Turf” (1985) que eu me rendi aos encantos daquele desconhecido, sonhando em frisar meus cabelos para parecer a mocinha do filme e ganhar o coração do garoto rebelde. Já com “Sexo, Mentiras e Videotape” (Sex, Lies and Videotape” – 1989), Spader conquistou o título de ator de verdade, por assim dizer.
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Passada minha adolescência – e, na verdade, muitos e muitos anos depois – Spader ressurgiu na minha vida, quando participou da série “The Practice” e, logo depois, seu personagem, o advogado Alan Shore, ganhou sua própria série, a divertida “Boston Legal” (2004). Nada se compara a “Boston Legal” e será muito difícil alguma série apresentar uma dupla tão afinada quanto James Spader e William Shatner. Alan Shore e Danny Crane são personagens que terão vida longa na lembrança dos fãs de seriados e “Boston Legal” certamente figurará sempre nas listas das melhores séries de todos os tempos.
[caption id="attachment_28767" align="aligncenter" width="300"]<a href="/wp-content/uploads/2016/01/Tuff-Turf.jpg"><img class="wp-image-28767 size-medium" src="/wp-content/uploads/2016/01/Tuff-Turf-300x225.jpg" alt="Tuff-Turf" width="300" height="225" /></a> Spader em "Tuff-Turf", em 1985[/caption]
Então, quando “The Blacklist” estreou, não sabia o que esperar. Como Spader se comportaria na telinha sem a graça de Alan Shore? E assim, meio cismada, assisti ao episódio piloto de “The Blacklist” para ser apresentada ao criminoso perigoso e homem misterioso, Raymond Red Reddington. A primeira temporada da série, confesso, não me agradou. Achei meio óbvia, sem graça, um pouco maçante. Mas então veio o segundo ano (que já foi ao ar no canal Sony, mas o AXN estreou somente recentemente) e minha opinião mudou completamente. Geralmente as séries começam bem e, nos anos seguintes, perdem o fôlego.  Com “The Blacklist”, o oposto aconteceu.
A segunda temporada de “The Blacklist” é eletrizante e segura o telespectador pelo suspense e pela graça. Sim, a série é de ação, mas tem sua graça. Afinal, quem acreditaria na realidade de um enredo tão absurdo? Reddington é um super-heroi às avessas. Um justiceiro que age em seu próprio benefício e com a permissão de sérios homens da lei. Reddington sabe tudo e engana todos. Tudo gira em torno dele e não há como resistir ao seu cinismo.
[caption id="attachment_28768" align="aligncenter" width="300"]<a href="/wp-content/uploads/2016/01/spader-boston-legal.jpg"><img class="wp-image-28768 size-medium" src="/wp-content/uploads/2016/01/spader-boston-legal-300x164.jpg" alt="spader boston legal" width="300" height="164" /></a> "Boston Legal", de 2004 a 2008[/caption]
Por mais violento que ele seja, as más intenções de Reddington se diluem em seu chapéu Panamá e em seu olhar paternalista quando encara a agente Elizabeth Keen (Megan Boone), que também começou o segundo ano melhor do que na temporada de estreia. Outros trunfos da segunda temporada são as participações mais assíduas de Ryan Eggold (Tom Keen, o ex-marido da agente do FBI) e de Hisham Tawfiq (Dembe, o fiel escudeiro de Reddington). Claro que, como não poderia faltar, essa é a temporada em que Reddington e Keen são encurralados. A agente Keen descobre mais detalhes sobre seu passado – quem era a verdadeira mãe, seu pai e o que aconteceu na noite do incêndio – ao mesmo tempo em que é acusada de traição.
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Nos EUA, a série está em seu terceiro ano, já com a quarta temporada confirmada pela NBC.  No Brasil, o AXN exibe a segunda temporada de “The Blacklist” às quintas-feiras, às 22 horas. No Netflix, o segundo ano da série também já está disponível.
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O cinismo de James Spader e seu chapéu panamá

De herói rebelde nos anos 1980 a advogado nos anos 2000, ator vive o criminoso Raymond 'Red' Reddington em “The Blacklist”