Etienne Jacintho

Iuri Dantas

É fácil enriquecer quando se consegue informações privilegiadas. E, quanto mais dinheiro tiver, mais facilmente essas informações chegam até você. Perder-se nesse universo também é simples, afinal, dizem que quanto mais bens, mais vai querer.
No mercado de ações e fundos de hedge, ser influente e ter boas fontes são quesitos imprescindíveis para ser bem sucedido. Por isso, há quem vá além dos limites éticos para viver do lucro deste tipo de negociação. Mas qual é esse limite?
Por outro lado, há aqueles que fiscalizam essas negociações e combatem os tais crimes do colarinho branco que geram enriquecimento indevido. Para ir atrás desses cidadãos bilionários e acima de qualquer suspeita, a Justiça tem de se fazer presente de forma bem efetiva. Afinal, fácil é condenar pessoas sem dinheiro e sem influência. Difícil é mandar e, principalmente, manter na cadeia gente da alta sociedade, com amigos importantes e advogados de primeira linha.
Como driblar tudo isso e fazer valer a lei? Neste caso, os fins justificam os meios?
Billions, a série com Damian Lewis e Paul Giamatti, discute essas questões de forma interessante, embora, às vezes, piegas. Confesso que o que chamou minha atenção para a série foram seus protagonistas. Paul Giamatti e Damian Lewis juntos é impossível resistir. O primeiro participou de longas-metragens bem simpáticos como Sideways – Entre Umas e Outras; já o segundo foi o responsável pelo meu vício em Homeland, cujas três primeiras temporadas são incríveis.
Mas vamos falar de Billions. Sabe aquelas séries que começam fracas e vão ganhando força à medida que a temporada avança? Esse é fortemente o caso de Billions. Você assiste ao piloto e acha bacana, pois o enredo é promissor. Vê o segundo, o terceiro, o quarto capítulos e começa a achar tudo exagerado, meio irreal. É como ver uma versão tabajara de House of Cards. Com o passar dos episódios, no entanto, o enredo vai entrando nos trilhos. E, lá pelo oitavo capítulo, a série ganha força e você tem vontade de ver tudinho até o fim, sem saber direito ainda para quem torcer.
Na série, ambos os lados – homens de negócios e homens da lei – ultrapassam limites éticos para conquistar seus objetivos: sejam eles enriquecer ou combater o enriquecimento indevido.
Como o conceito de corrupção é abstrato dentro de cada um de nós, resta ao espectador decidir o que é aceitável, seja nas ações dos empresários, seja nas ações dos promotores de Justiça. Chantagens, traições, mentiras, vaidades... Qual é o valor do dinheiro? Qual é o valor da notoriedade?
Em Billions, Damian Lewis é Bobby Axelrod, um empresário que construiu o seu império, a Axe Capital, imediatamente após o primeiro avião bater contra as Torres Gêmeas no atentado de 11 de Setembro de 2001, em Nova York. Axelrod perdeu seus colegas de trabalho naquele dia e só não morreu porque estava fora do escritório. Visto como um herói pela população por causa das generosas doações aos bombeiros e à ajuda financeira aos familiares dos colegas mortos, Axelrod é alvo de uma investigação do promotor público Chuck Rhoades, papel de Paul Giamatti.
Rhoades tenta provar o enriquecimento indevido de Axe, mas a missão não é fácil. Seu trabalho, muitas vezes, é questionado pela imprensa e pelo departamento, que alega conflito de interesses nas investigações. Isso porque a mulher de Chuck, Wendy (Maggie Siff, ex-Mad Men), trabalha para a Axe Capital desde sua formação, tendo um papel importante na empresa. Ela é a psicóloga que atende os funcionários e o próprio Axelrod, sendo uma espécie de guru do bilionário. Wendy fica numa posição complicada quando o marido decide iniciar sua cruzada contra Axelrod.
A perseguição do promotor ao bilionário é tanta que até mesmo o restaurante de Lara (Malin Akerman), a mulher de Axe, está na mira do FBI. Lara é uma mulher ambiciosa, que cuida da família. Em um dos episódios lá no comecinho da série – aquele início meio forçado, sem muita emoção -, Lara lembra Claire Underwood, a primeira-dama de House of Cards, mas sem a maestria de sua intérprete Robin Wright.
Com o passar dos episódios, a atriz e ex-modelo Malin Akerman acerta mais o tom, assim como os outros atores coadjuvantes da série.  A trama também vai ficando mais complexa, deixando a série mais interessante. A primeira temporada de Billions, série da Showtime, está disponível na Netflix e a segunda temporada deve ir ao ar em 2017, nos EUA.

BILLIONS

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JOTA

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