Ricardo Freitas

Yun Ki Lee

Kristian Lee

Falar de inteligência artificial implica em discorrer sobre seu protagonismo disruptivo e elencar a infinidade de conquistas, benefícios e descobertas, que estão a revolucionar a existência humana, mas, também, debater os riscos, ameaças e preocupações éticas.
Se, dentre tantas tecnologias exponenciais, a inteligência artificial toma um grande destaque, indaga-se o que aconteceria se fosse ela conectada a um outro tema tão relevante quanto. O outro tópico que tem ganhado cada vez mais relevância global nos últimos anos é a sustentabilidade e os critérios ESG.  Mas, afinal, onde está a conexão entre eles?
<a href="https://www.jota.info/produtos/poder?utm_source=Banner%20site&amp;utm_medium=Artigos&amp;utm_campaign=CTA_Poder_materias"><img class="size-medium wp-image-292717 aligncenter" src="https://www.jota.info/wp-content/uploads/2021/01/jota-pro-poder.jpg" alt="" width="688" height="688" /></a>
De plano, têm-se a inteligência artificial e os seus “entregáveis” a auxiliar as corporações na melhoria de sua própria performance pelos critérios ESG. A saber, tomem-se alguns exemplos já em execução: redução do desperdício de recursos naturais e o uso consciente (Environment); monitoramento de boas práticas laborais, inclusive de terceiros (Social); e até a realização de compliance fiscal (Governance).
Mergulhando ainda mais na conexão entre esses trending topics, naquela parte ainda não perceptível assim à primeira vista, chegam-se às sugestões de métricas publicadas pelo Fórum Econômico Mundial<a href="applewebdata://34BA4B89-4056-4095-B766-6E2AA937D2B4#_edn1" name="_ednref1">[1]</a>, como resultado do trabalho realizado pela International Business Council, comunidade que reúne mais de 120 CEOs pela mundo afora, cuja proposta é de métricas ESG fundadas em 4 pilares: governança, planeta, pessoas e prosperidade.
Desses, destaquemos os pilares de pessoas e de prosperidade para se depurar a conexão entre inteligência artificial, sustentabilidade e critérios ESG.
O pilar referente às pessoas, no que tange às habilidades para o futuro, carrega como métrica o providenciar treinamento, interno e externo, indicando, inclusive, o respectivo volume por categoria funcional e gênero. Há orientação específica quanto ao dever das corporações de contribuírem para requalificação de profissionais conforme requisitos do mercado. E diante de tantas novas demandas, não há como dispensar conteúdo ligado à inteligência artificial.
Já no pilar relativo à prosperidade, quanto ao emprego e às gerações futuras, a métrica diz respeito ao número de novas contratações e às movimentações de profissionais (entrada e saída). Plausível afirmar que uma corporação que se valha de inteligência artificial que resulte em diminuição de seu quadro de profissionais em uma ou mais áreas, mas sem um incremento proporcional em outras, encarará um déficit quanto às métricas ESG, especialmente no que diz respeito ao Social, pelo impacto negativo na geração, manutenção e aumento de empregos.
Muito além de benefícios e riscos, a inteligência artificial, por si, gera efeitos na sociedade. Se o conceito de sustentabilidade está associado ao legado positivo da geração atual para as seguintes, exsurge a seguinte a reflexão: o que está a ser feito, hoje, em prol dos profissionais (empregados ou não) e dos empregos do amanhã face aos impactos da inteligência artificial?
Inúmeras são as emergentes oportunidades educacionais e de trabalho decorrentes das recentes tecnologias, mas igualmente incontáveis são as atividades e profissões a perecerem. Em palavras ainda mais diretas, sem a alocação de profissionais para as novas e mais tecnológicas atividades, o acentuar do déficit de emprego é inevitável mediante adoção e uso massivo de inteligência artificial.
<blockquote class="jota-article__eye">Sem dispensar quaisquer normativos trabalhistas, os critérios ESG dispostos às corporações trazem uma oportunidade singular de bom impacto social, além de minorar custosas judicializações.</blockquote>
O Governo Federal, através da Estratégia Brasileira de Inteligência Artificial (EBIA)<a href="applewebdata://34BA4B89-4056-4095-B766-6E2AA937D2B4#_edn2" name="_ednref2">[2]</a>, em razão da alta relevância da questão em debate, traz a qualificação para um futuro digital como um dos principais eixos de atuação. Propostas para “desenvolver programa de literacia digital em todas as áreas de ensino e em todos os níveis de educação” e “ampliar oferta de cursos de graduação e pós-graduação ligados à Inteligência Artificial” encontram-se destacadas no documento publicado no primeiro quadrimestre de 2021.
Diversas corporações e pessoas têm exercido importante papel de compartilhar conhecimentos. Cursos e treinamentos abertos ao público são disponibilizados nas redes e vasto material de apoio de boa qualidade também pode ser buscado na internet. Mas é preciso mais, muito mais. A sustentabilidade clama por um novo modelo de gestão, cuja governança há de ser voltada à escorreita e incansável persecução das métricas ESG. Daí, a necessidade de se estruturar um programa completo de aplicação dos critérios ESG, donde também a inteligência artificial deve se guiar pelos pilares de governança, planeta, pessoas e prosperidade, como grande aliada e catalisadora, e não como risco ou ameaça.
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<a href="applewebdata://34BA4B89-4056-4095-B766-6E2AA937D2B4#_ednref1" name="_edn1">[1]</a>     Disponível: <a href="https://www.weforum.org/reports/measuring-stakeholder-capitalism-towards-common-metrics-and-consistent-reporting-of-sustainable-value-creation" target="_blank" rel="noopener noreferrer">https://www.weforum.org/reports/measuring-stakeholder-capitalism-towards-common-metrics-and-consistent-reporting-of-sustainable-value-creation</a>, p. 10.
<a href="applewebdata://34BA4B89-4056-4095-B766-6E2AA937D2B4#_ednref2" name="_edn2">[2]</a>     Disponível <a href="https://www.gov.br/mcti/pt-br/acompanhe-o-mcti/transformacaodigital/arquivosinteligenciaartificial/ia_estrategia_doc_referencia.pdf" target="_blank" rel="noopener noreferrer">https://www.gov.br/mcti/pt-br/acompanhe-o-mcti/transformacaodigital/arquivosinteligenciaartificial/ia_estrategia_doc_referencia.pdf</a>.

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JOTA

Inteligência artificial também deve se guiar pelos pilares ESG: governança, planeta, pessoas e prosperidade

Inteligência Artificial, Sustentabilidade e Critérios ESG

Inteligência artificial também deve se guiar pelos pilares ESG: governança, planeta, pessoas e prosperidade