Daniel Rizzotti

País continental, o Brasil ainda depende de grandes obras de infraestrutura para enfrentar os desafios e demandas de uma população carente de projetos que propiciem trabalho, renda e saúde pública. Para tal, é preciso estimular cada vez mais pesados investimentos, sejam eles privados ou públicos, de forma a tornar o país celeiro de inovação e integração regional. Grandes projetos geram renda para enormes contingentes de trabalhadores que resultam, no momento posterior à conclusão das obras, em desenvolvimento socioeconômico. Uma economia sustentável tem como base o tripé: boa infraestrutura de transporte de pessoas e cargas, educação e saneamento (saúde pública).  
Ser inserido no exclusivo grupo de nações da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (<a href="https://www.jota.info/tudo-sobre/ocde">OCDE</a>) requer estratégias cada vez mais arrojadas por parte do Brasil. Mas o país perdeu posições no ranking das economias globais, não apenas impactado pela pandemia Covid-19, mas também porque houve paralisação de grandes obras, muitas delas hoje privatizadas, que começam a ganhar impulso e são a resposta às demandas crescentes por melhor infraestrutura como transporte e energia, por exemplo.  
Um dos grandes projetos nacionais que exige atenção especial está relacionado ao saneamento básico: o <a href="https://www.jota.info/tudo-sobre/novo-marco-legal-do-saneamento">Marco do Saneamento</a>. Levantamento feito pelo Instituto Trata Brasil nas 100 maiores cidades do país, revela que há quase 35 milhões de pessoas sem acesso à água tratada. A pesquisa realizada em 2019 foi feita com base nos dados do Ministério do Desenvolvimento Regional.  
Outros indicadores do estudo apontam que 100 milhões de brasileiros desconhecem a coleta de esgoto e somente 46% do esgoto produzido no país são tratados. São desafios a serem assumidos para evitar o colapso da rede pública e privada de saúde, por exemplo. Por sorte, das 100 maiores cidades brasileiras, 90 apresentam mais de 80% da população com água tratada. Com relação ao tratamento do esgoto, os dados são piores: apenas 22 municípios tratam mais de 80% do volume gerado. 
Em paralelo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou também que, no atual cenário em que nos encontramos, o investimento público perdeu espaço para o setor privado na indústria da construção no Brasil. As empresas ampliaram a sua participação, o que demonstra interesse de empresas dispostas em investir. Ao governo, basta delinear as políticas que incentivem o desenvolvimento dos projetos, uma vez que, como em todo o mundo, o estado não dispõe de recursos para arcar com a execução e manutenção da infraestrutura como em décadas atrás. Por isso, o capital privado é vital.  
Dados da Associação Brasileira da Infraestrutura de Base (ABDIB) apontam, inclusive, que esses investimentos, para que o país seja mais competitivo e sustentável nas próximas duas décadas, teriam de ser superiores a R$ 280 bilhões até 2031 por ano, sobretudo para facilitar a logística e o escoamento da nossa produção.  
A indústria da construção é vital para o progresso social e econômico do Brasil e essa agenda precisa ser olhada com atenção e celeridade.

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JOTA

Indústria da construção é vital para o progresso social e econômico do Brasil

Infraestrutura é a premissa para a inserção do país na economia global

Infraestrutura: a indústria da construção é vital para o progresso social e econômico do Brasil e essa agenda precisa ser olhada com atenção