Cynthia Catlett

Pode parecer óbvio, mas o meio ambiente, social e governança (ESG) já é conjugado e implementado nas grandes companhias, principalmente, nas multinacionais. Além de áreas inteiras dedicadas a pensar nas três letras, temos especialistas e, também, consultorias dedicadas a ensinar e dar mentoria para que a trajetória seja bem-sucedida e todos consigam fugir do já notório “greenwashing”.
Mas para quem trabalha diariamente com gerenciamento de risco uma pergunta tem ecoado nos últimos anos: é possível fazer uma integração dinâmica do ESG à gestão de risco? Ou, como disse logo no título: estamos falando de um casamento ou de uma separação?
Para contextualizar um pouco, precisamos pensar que há dez anos e num mundo que não sonhava com pandemia e home office, os principais riscos globais não incluíam questões sociais ou de sustentabilidade. Hoje, com uma pandemia que dizimou milhões e um cenário que inclui <a href="https://www.jota.info/tudo-sobre/brexit">Brexit</a> e Guerra da Rússia contra a Ucrânia, três dos cinco riscos identificados pelo Fórum Econômico Mundial estão diretamente ligados à questão climática.
O mundo mudou. #MeToo, Black Lives Matter, preservação da Amazônia e outros temas e campanhas ganharam não só as redes, mas também a atenção das empresas e de seus conselhos. Nenhuma companhia quer perder o seu valor na Bolsa por causa de escândalos de assédio sexual e moral ou por serem denunciadas por financiarem ou mesmo causarem impacto ao meio ambiente.
Neste mundo conectado, as mídias sociais passaram a ser um espaço para derrubar e alavancar reputações em questão de minutos. Ainda sobre isso, precisamos entender que as questões sensíveis que as companhias enfrentam hoje são bem diferentes de 20 ou 30 anos atrás. Inclusive, a questão da escassez de recursos do planeta precisa fazer parte das preocupações dos CEOs e do board.
As companhias já perceberam que o desenvolvimento da companhia, do planeta e das pessoas é algo que precisa ser buscado e entendido como essencial.
Além da questão ambiental, as companhias agora olham para a questão da equidade, da disparidade salariais e de outros assuntos ligados ao capital humano. Desde o início da pandemia, nunca se falou tanto sobre doenças mentais. O burnout entrou na pauta das empresas e dos jornais como algo a ser tratado. E não podemos esquecer do G da sigla. Estamos falando de governança corporativa e de como unir todas essas questões para gerar desenvolvimento sustentável.
Há uma década, a gestão de riscos corporativos era percebida como algo para minimização de fatores negativos. Hoje, com o ESG, mais que minimizar, estamos falando de geração de valor agregado. O propósito ocupou o lugar da missão, da visão e dos valores da companhia. Uma empresa agora quer ter propósito.
Com isso, ESG precisa ser integrado ao gerenciamento de risco corporativo para ser entendido como algo perene.

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JOTA

Hoje, mais do que minimizar fatores negativos, estamos falando de gerar valor agregado

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Com o ESG, mais do que minimizar fatores negativos, estamos falando atualmente de gerar valor agregado; uma empresa hoje quer ter propósito