Anna Dolores Barros de Oliveira Sá Malta

Maria Raquel de Vasconcelos Gomes Soares

Do inglês Environmental, Social and Governance, a agenda <a href="https://www.jota.info/tudo-sobre/esg">ESG</a> trata- se de uma diretriz para implementação de boas práticas nas áreas ambiental, social e de governança, além de prezar pela responsabilidade social e transparência na gestão das empresas.
Se já não adotaram, as empresas privadas devem estar se preparando para ajustar suas atividades de modo a impactar positivamente o meio no qual está inserido. Minimizando os impactos negativos, os positivos, naturalmente, devem ser potencializados, pois essas ações refletem nas negociações comerciais.
Na nova realidade do comércio marítimo, da economia globalizada, a competitividade nacional permanece atrelada à eficiência dos seus portos. Tecnológica e estrategicamente, novos arranjos operacionais com estrutura e a possibilidade da inteligência artificial para produtividade promovem sinergia em rede global. Entretanto, no tocante aos parâmetros ESG, os programas das empresas não estão totalmente integrados às exigências do seu negócio.
Em verdade, as medidas ESG já estão sendo cobradas pelo mercado através de ações e projetos voltados, por exemplo, para conservação e uso sustentável dos recursos naturais nacionais. Oriundas, essencialmente, do mercado externo e seus investidores, as diversas regulamentações internacionais que impõem às empresas comprovação de metas e seus resultados a serem fornecidos através de relatórios empresariais de sustentabilidade, que prezem pela transparência e fidedignidade das informações fornecidas. Parafraseando grandes gestores da BlackRock e a Aware Super, “se você quer que os investidores tornem o mundo um lugar melhor, forneça dados melhores”1.
Empresas que estiverem alinhadas com os princípios ESG ganham vantagens na captação de investimentos internacionais e aumenta as chances de fechar novos negócios, uma vez que há um mercado dinâmico e um ESG que é um horizonte relevante para investidores e executivos mundiais, atrelados ao capital para promover as mudanças e entregas imperativas.
Ainda que os portos brasileiros não estejam dando a importância ao tema ESG, se comparados ao nível já atingido nos principais complexos portuários do mundo, é certo que o processo de adesão às suas práticas vem acontecendo, inclusive, até 2025, os projetos que priorizam esses conceitos deverão atingir um terço do mercado internacional.
No novo tempo, inovação e competitividade dos portos são desenvolvimentos tecnológicos dependentes de investimentos de capital intensivo, globais e exigentes de práticas sustentáveis. O então diretor da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Eduardo Nery Filho, já se posicionou no sentido de que a adequação dos portos à agenda ESG não é só uma questão ideológica, mas uma questão de sobrevivência para as empresas. Para ele, o mundo corporativo e os fundos de investimentos deixaram uma mensagem clara de que não querem associar seus recursos a empresas que não tenham comprometimento com regras de inclusão social, causas ambientais e de compliance2.
Se pensarmos em logística brasileira como um todo, é de se ressaltar que boa parte das nossas mercadorias são escoadas por rodovias e, apesar do caminhão ter um papel fundamental na capilaridade da distribuição do agronegócio e mineração, o Brasil possui mais de 42 mil quilômetros de rios navegáveis e 7.400 quilômetros de litoral. E o fato é um só: A hidrovia é um modal mais limpo e ambientalmente responsável.
O <a href="https://www.jota.info/tudo-sobre/bndes">BNDES</a>3, por exemplo, com foco em integrar a agenda econômica, social e ambiental, para que o país possa atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unida, realizando a transição justa para uma economia neutra em carbono criou o ‘crédito ASG’ que condiciona o custo mais baixo do empréstimo ao desenvolvimento sustentável para companhias exportadoras de bens de fabricação nacional, incluindo trading companies e empresas comerciais exportadoras, além de financiamentos à exportação de aeronaves e motores aeronáuticos civis que cumpram a agenda ESG.
Ademais, gerir as companhias tendo no horizonte um cenário de baixo carbono aumenta a qualidade do desempenho financeiro, desde que as ações estejam integradas à estratégia da companhia4, conforme conclusões do estudo da Universidade de Nova York, em parceria com a Rockefeller Asset Management, divulgado em 2021.
O relatório da análise de emissões brasileiras de gases do efeito estufa mostra que o aumento das emissões brutas de gases de efeito estufa no Brasil foi de 9,5% em 2020. No ano em que a pandemia da Covid-19 parou a economia mundial e causou uma inédita redução de quase 7% nas emissões globais, o Brasil foi na contramão, tornando-se possivelmente o único grande emissor do planeta a verificar alta. O total de emissões brutas atingiu 2,16 bilhões de toneladas de CO2 equivalente (GtCO2 e) no ano passado, contra 1,97 bilhão de toneladas em 2019. O nível de emissões verificado em 2020 é o maior desde o ano de 20065.
Em contrapartida, o trabalho desenvolvido pela Hidrovias do Brasil6, mesmo já desenvolvendo atividade com transporte mais limpo, foi além: ao realizar o primeiro inventário de gases de efeito estufa, considerando mudanças climáticas e desenvolvimentos humano e local para todas as operações na América Latina, criou parceria com a WEG, para criação de um empurrador elétrico (híbrido), comprando energia renovável para as operações através do SIN e a implantação de projetos solares para abastecer as operações do Arconorte, além de ter mapeamento e plano de ação dos riscos socioambientais, que entre outras questões, busca endereçar temas relacionados à biodiversidade, gestão dos resíduos e efluentes, relacionamento com comunidades tradicionais e que convergem para restauração de ecossistemas e contribuem para manutenção do clima. Nos parece, então, que temos aqui um excelente método para aplicar ESG e obter um real aumento de desempenho financeiro.
A otimização da cadeia logística, que envolve soluções como roteirização, manutenção de frotas e implementação de pontos de retirada e coleta, auxiliam na redução da pegada de carbono, contribuindo para a desaceleração de problemas ambientais. Afinal, ‘Who cares wins’7...
1 https://exame.com/esg/blackrock-lidera-investidores-esg-pedindo-mais-e-melhores-dados/
2 ESG avança no setor portuário. Disponível em: &lt; https://<a href="http://www.portosenavios.com.br/noticias/portos-e-">www.portosenavios.com.br/noticias/portos-e-</a> logistica/esg-avanca-no-setor-portuario&gt;
3 https://<a href="http://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/financiamento">www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/financiamento</a>
4 New Meta-Analysis From NYU Stern Center for Sustainable Business and Rockefeller Asset Management Finds      ESG                               Drives      Better     Financial   Performance.                  Disponível            em
5 &lt;https://<a href="http://www.stern.nyu.edu/experience-stern/faculty-research/new-meta-analysis-nyu-stern-center-">www.stern.nyu.edu/experience-stern/faculty-research/new-meta-analysis-nyu-stern-center-</a> sustainable-business-and-rockefeller-asset-management-finds-esg&gt;
6 https://ri.hbsa.com.br/sobre-a-hidrovias-do-brasil/sustentabilidade/
7 a sigla ESG surgiu num relatório de 2004 intitulado Who Cares Wins, ou seja, “Ganha quem se importa”, em tradução livre.

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JOTA

Integrando as políticas sustentáveis no setor da logística

ESG e transporte intermodal

Integrando as políticas sustentáveis do ESG no setor da logística na tentativa de diminuir a emissão de gases de efeito estufa