Kiko Campos

A Empiricus — plataforma digital de análises e investimentos — já pode pedir música no Fantástico, programa da TV Globo. Pela terceira vez realizou acordo financeiro por procedimento dúbio em sua linha editorial. Os três acertos foram firmados com a Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-SP), com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e com o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP).
Neste último trato, feito por meio do Foro Central Criminal da Barra Funda do TJSP, no dia 10 de maio de 2021, a Empiricus pagou uma multa de R$ 51 mil, embora tenha faturado com essa propaganda enganosa mais de R$ 18 milhões.
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A campanha "O dobro ou nada", orquestrada por Felipe Miranda, sócio-fundador e atual CIO da Empiricus, desafiava o investidor a uma aposta: “Não importa quanto você ganha por mês. Eu vou te dar o dobro”. Miranda foi ainda mais audacioso e intrépido em sua mensagem publicitária ao proferir: “Se você não dobrar a sua renda eu mesmo vou tirar o dinheiro do meu bolso e te pagar”.
Em sua defesa, no entanto, no Foro Criminal da Barra Funda, Miranda abusou das variações da nossa querida e complexa Flor do Lácio e afirmou que o conteúdo editorial da propaganda "O dobro ou nada" se referia ao dobro do valor gasto com a assinatura mensal, e não o dobro da renda mensal do consumidor. Não colou.
Miranda foi indiciado por crime contra a economia popular e propaganda enganosa pelo 15º Distrito Policial, do Itaim Bibi, zona sul de São Paulo. Na Justiça criminal da Barra Funda acabou fazendo o acordo e pagou a multa de R$ 51 mil.
Na verdade, a Empiricus não ficou famosa pelas suas dicas financeiras, mas pelo episódio ocorrido em 2019 com a redatora Bettina Rudolph, que afirmava ter acumulado — numa escalada financeira na qual apostou R$ 1.520 — um patrimônio de mais de R$ 1 milhão em apenas três anos.
A empresa foi multada pelo promotor Fernando Capez e teve que pagar R$ 58 mil ao Procon. Mas, como entende de negócios, a Empiricus pagou à vista com desconto, e a multa caiu para apenas R$ 40 mil. O anúncio de Bettina foi considerado abusivo e enganoso.
Esse mesmo caso levou a Empiricus a mais uma multa da agência que fiscaliza o mercado de capitais. A CVM obrigou a empresa a moderar o tom nas propagandas e a pagar uma multa de R$ 4,25 milhões.
Desta forma, acordos judiciais e administrativos passaram a ser uma excelente alternativa punitiva para uma empresa que fatura mais de R$ 300 milhões ao ano. Não é de hoje que desinformar passou a ser um bom negócio, assim como pirâmides financeiras, agiotagem, venda de ingressos por meio de cambistas, abuso da fé alheia e outras operações irregulares que são caracterizadas pela lei como crime contra a economia popular.

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JOTA

Empresa pagou multa de R$ 51 mil por propaganda enganosa com a qual faturou mais de R$ 18 milhões

A Empiricus e o bom negócio da desinformação

Empiricus pagou multa de R$ 51 mil por propaganda enganosa com a qual faturou mais de R$ 18 milhões